Cinco perguntas para Eloisa Beling
Comunicadora atua há quase 20 anos na interface da Comunicação com o Meio Ambiente

1 - Quem é você, de onde vem e o que faz?
Chamo-me Eloisa Beling Loose, nasci em Panambi, Região Noroeste do Rio Grande do Sul, e atuo há quase 20 anos na interface da Comunicação com o Meio Ambiente. Trabalho no âmbito do Ensino Superior, ministrando disciplinas com foco na cidadania e educação ambiental, orientando estudantes e realizando ações de extensão, como o Observatório de Jornalismo Ambiental, vinculado ao grupo de pesquisa homônimo.
Também coordeno o Laboratório de Comunicação Climática (CNPq/Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Ufrgs), que atualmente investiga as dimensões comunicacionais do desastre climático ocorrido no nosso Estado. Além disso, atuo na divulgação científica do Projeto Multirrisco (UFRN/UFABC/Cemaden).
2 - Como foi o seu início na profissão?
Minha trajetória inicia com o ingresso no curso de Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo na Universidade Federal de Santa Maria (UFMS), quando tive a oportunidade de integrar o Programa de Educação Tutorial (PET) da faculdade. E em razão disso, realizar atividades de ensino, pesquisa e extensão.
Esse período foi decisivo para conhecer melhor o papel da universidade pública e suas possibilidades de transformação social, além de fomentar trocas interdisciplinares que me aproximaram do campo ambiental. Durante a graduação pude me aproximar do Jornalismo Ambiental, mas foi no mestrado na Ufrgs, sob orientação da professora Dra. Ilza Girardi, que aprofundei os conhecimentos e expandi as perspectivas acerca da área.
Hoje falo com orgulho que sou professora e pesquisadora do Departamento de Comunicação da Ufrgs, e busco contribuir com a formação de comunicadores mais atentos ao debate ambiental.
3 - Recentemente, você escreveu um texto para o especial 'Jornalismo no Brasil em 2025'. Como foi a experiência?
Fiquei contente com o convite, pois entendo que a cobertura de eventos extremos deve ser cada vez mais frequente e precisa ser qualificada para auxiliar na adequada tomada de decisão da população. Acredito que faz parte das minhas atribuições, enquanto pesquisadora, comunicar os achados para diferentes públicos e esta foi mais uma oportunidade de apresentar reflexões oriundas do meu percurso.
O 'Especial Jornalismo no Brasil em 2025', produzido pelo Farol Jornalismo e pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, é uma publicação bastante reconhecida pelos profissionais e que pode despertar novos insights para avançarmos na cobertura jornalística dos desastres. Nessa mesma direção, lançamos no final do ano o 'Manual para a Cobertura Jornalística dos Desastres Climáticos', fruto de um esforço coletivo dos Grupos de Pesquisa Jornalismo Ambiental da Ufrgs e Estudos de Jornalismo da UFSM.
4 - Na sua opinião, quais são os principais desafios da profissão?
Desde meus primeiros dias na faculdade, entendi que a nossa profissão é cercada de muitos desafios. Enfrentamos o redimensionamento do que é factual com o avanço tecnológico; a sobreposição de funções e/ou atividades; a redução de confiança do público no trabalho da imprensa; a ampliação da desinformação; dentre vários outros aspectos - alguns mais visíveis que outros.
Entretanto, destacarei aqui um dos desafios associados diretamente aos meus estudos: a necessidade dos conhecimentos ambientais se transversalizarem rapidamente pelas redações. Pois o presente nos mostra que os efeitos da emergência climática irão se impor e demandam profissionais preparados, seja qual for sua especialidade.
Podemos observar, seja com a cheia de 2024, seja com as recentes ondas de calor, como o clima é capaz de desorganizar e atravessar qualquer assunto ou editoria. A alfabetização ecológica sempre se fez importante, mas, diante da aceleração dos impactos previstos pelos cientistas, a a ser mandatória.
5 - Quais são os seus planos para daqui a cinco anos?
Espero seguir trabalhando em prol do meio ambiente desde a perspectiva comunicacional. Gostaria que nos próximos anos as pautas fossem outras porque medidas concretas de enfrentamento às mudanças climáticas já teriam sido implementadas, porém sabemos que mesmo se as emissões de gases de efeito estufa cessassem hoje, o planeta continuaria a aquecer e teríamos que lidar com suas consequências. Logo, meus planos, no curto prazo, são orientados para a formação de jornalistas sensíveis ao tema e que possam ser multiplicadores em seus ambientes de trabalho.