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Comportamento de consumo do público está cada vez mais rápido, personalizado e altamente engajado. Para acompanhar, é preciso investir em dados


A pesquisa 'Video Marketing Statistics 2025', realizada pela produtora Wyzowl, chegou ao resultado de que 84% das pessoas são convencidas a comprar um produto ou serviço após assistirem a um vídeo publicitário. É sabido, no entanto, que o público não consome mais o formato apenas na televisão. Pelo contrário, smartphones, smartwatches, computadores, tablets, óculos de realidade aumentada e, por que não, geladeiras, bicicletas e tudo mais que você conseguir imaginar.
Na Mobile World Congress 2025, a maior feira de tecnologia para aparelhos móveis do mundo, especialistas apontaram que, ainda este ano, o mundo terá 15 bilhões de dispositivos IoT, conhecida como internet das coisas. A fragmentação que as novas plataformas de vídeo provocaram colocou a

TV tradicional em um novo desafio, de acordo com Claudio Knupp, head de Mídia da agência Brivia. Como alcançar os telespectadores, especialmente os mais jovens, mediante um comportamento de consumo pulverizado, rápido, personalizado e altamente engajado?
"O consumo sob demanda tem impactado diretamente o alcance massivo característico da televisão. Aquela lembrança de reunir os moradores de uma casa em volta do aparelho para assistir a um programa que está ando na grade aberta, geralmente escolhido por um morador, já praticamente não existe", pondera Knupp.
TV 4.0
E se, para alguns, o conceito de TV 3.0 (novo padrão de equipamentos com sistema mais inteligente e personalizado, e com imagem e som de qualidade superior) ainda é novidade, para outros o futuro já está batendo à porta. Para Bruno Pacheco, CEO da Zedia, empresa de CTV especialista em mídia contextual e publicidade programática, a TV do futuro entende preferências, adapta-se a comportamentos e abre espaço para a participação ativa do público.
"Chamamos este momento de TV 4.0, a televisão como um hub de conteúdo, as emissoras como produtoras de seus próprios, mas especialmente curadores de conteúdos de terceiros e o telespectador ativo e dono da própria jornada de consumo", explica ele.
O objetivo vai ao encontro a um dos grandes lemas do marketing, o customer centric (consumidor no centro de tudo, em tradução livre). Não se trata apenas de ter uma tela maior, mas também de um ecossistema conectado onde TV, streaming, redes sociais e até dispositivos móveis se integram para entregar experiências mais personalizadas, relevantes e envolventes.
Parte desta revolução depende, também, da capacidade da rede de internet sem fio. Operadoras já estão testando o 5G Advanced, tecnologia que prepara o território para a chegada do 6G, previsto para ser lançado comercialmente em 2030.
Vivíssimo
Surgiram e se foram diversos sites de mídia social e ele segue vivíssimo. Sim, o YouTube é a plataforma com maior audiência mensal no Brasil, conforme a pesquisa 'Video Metrix Media Trend', feita pela Comscore e compartilhada no final de 2024. E foi justamente o crescimento do mercado das chamadas smart TVs que impulsionou o aumento de usuários. Somente em 2023, 75 milhões de brasileiros assistiram ao YouTube por meio da televisão conectada.
E em tempos de botão avançar ou pular, as marcas precisam se mexer para não perder a audiência. "Um vídeo atrativo começa com um gancho forte nos primeiros segundos, conta uma história relevante com ritmo ágil e entrega valor, seja em forma de emoção, utilidade ou identificação", destaca Knupp. E ele ainda deixa dicas de elementos para guiar uma estratégia consistente de audiovisual:
Narrativa bem pensada
Linguagem nativa da plataforma
Mensagem clara
Estética visual alinhada ao público-alvo
"Esta união revela criatividade com propósito, não só para impressionar, mas para conectar", enfatiza.
Oportunidade
A experiência dos streamings já vem com a premissa de certa segmentação. Os algoritmos de plataformas como Netflix, Globoplay, Max, Disney+, entre outras, são programados para 'ler nas entrelinhas' a partir dos registros de visualização. Quanto mais filmes de comédia você assiste, mais títulos do mesmo gênero aparecerão na sua tela como sugestão para a próxima noite de cinema em casa.
É o terreno ideal para coletar dados, autorizados pelo usuário, e aprimorar a entrega de produtos e serviços. A transformação digital pela qual o mundo está ando levanta como tendência o marketing cada vez mais sob medida. Afinal, há das mais variadas demandas pelo público e, se a sua empresa souber como e para quem oferecê-las, a partir de rastros deixados pelos próprios consumidores, terá uma excelente oportunidade para alavancar o negócio.
A sexta edição do 'Culture Next', relatório anual do Spotify com tendências globais para o mercado da Comunicação, apresentou um número interessante: nos primeiros cinco meses de 2024, foram visualizados 2,9 bilhões de minutos de videocasts, o que representa um aumento de 58% em relação ao mesmo período do ano anterior. Acrescentar o visual ao áudio que já fazia sucesso tornou a experimentação do conteúdo ainda mais profunda e próxima.
O YouTube não perdeu tempo e está apostando em vídeos longos e imersivos, com respostas surpreendentes. O modelo de negócios, que exige um investimento menor comparado ao de uma produção cinematográfica profissional, também chamou atenção da Netflix, que já deu alguns os nesse sentido, com a inclusão de transmissões ao vivo e jogos mobile.
"Quando adicionamos uma camada de interação aos formatos de vídeos, duas situações positivas podem acontecer: imersão total do telespectador, que se vê como parte direta das narrativas, podendo decidir desfechos, e a amplificação das conversões, com modelos shoppable, que possibilitam a compra de produtos ou serviços usando o próprio controle remoto ou em sincronia com o celular", ressalta Pacheco.
Observando o desenvolvimento e diversificação expressivos da oferta de serviços audiovisuais no Brasil, gigantes do streaming se juntaram para a criação e investimento em políticas públicas voltadas ao setor. Juntas, Disney+, Globoplay, Max, Netflix e Prime Video formam a Strima, associação que defende os interesses das mesmas no País.
"Trabalhamos para que o setor continue a crescer de forma inovadora, promovendo uma experiência plural e relevante para os criadores e consumidores de conteúdo no Brasil", salienta o diretor executivo da Strima, Luizio Felipe Rocha.
Por meio de um diálogo institucional, aberto e construtivo, a associação se coloca como elo da indústria com os vários atores do setor e do poder público. A valorização da produção brasileira é um dos objetivos da Strima, que advoga em favor de investimentos contínuos em filmes, séries, novelas e programas de alto valor agregado, com potencial não apenas para atrair o público local, mas projetar a cultura globalmente.
"O Brasil é um dos maiores mercados de streaming e, por isso, é importante que existam políticas públicas que ajudem a garantir aportes e gerem oportunidades para criadores, produtores e outros profissionais do audiovisual no Brasil, gerando empregos, fomentando a cultura no País e ampliando as potenciais audiências", considera Rocha.
Em concordância com a missão da entidade, o Ministério da Cultura (MinC) planeja lançar no segundo semestre de 2025 a plataforma de streaming brasileira gratuita 'Tela Brasil'. Desenvolvido pela Secretaria do Audiovisual, em um projeto com parceria do Núcleo de Excelência em Tecnologias sociais da Universidade Federal de Alagoas, o serviço contará com um catálogo exclusivamente nacional que, inicialmente, terá 447 produções entre curtas, médias e longas-metragens.