Dulce Ribeiro: Um jeito de viver com prazer

Para quem ambicionava ser psicóloga, a escolha pelo Jornalismo veio por acaso. Nascida em Porto Alegre, a 24 de junho de 1954, Dulce Maria …

Para quem ambicionava ser psicóloga, a escolha pelo Jornalismo veio por acaso. Nascida em Porto Alegre, a 24 de junho de 1954, Dulce Maria Feijó Ribeiro tinha 18 anos quando ou oito meses aguardando o resultado do exame de aptidão para Psicologia, que na época era exigido pela PUC. Às vésperas do vestibular, recebeu a notícia de que não ara no teste. Sem saber qual curso seguir, resolveu ouvir a sugestão do pai. Ele propôs à filha que cursasse Jornalismo, já que gostava de escrever e era muito irada por suas crônicas. "Fiz e não poderia hoje nem imaginar não ter feito." Com um desejo de autonomia e de se relacionar bem com muitas pessoas, Dulce sabia bem o que queria quando se formou na Famecos: ter uma empresa. Suas únicas experiências em veículos foram alguns estágios que fez durante a faculdade, como na Rádio Guaíba. Então, em 1977 e recém-formada, abriu com a sócia Miriam Englert a MD Divulgação e Organização. Miriam era secretária executiva e a proposta das duas era oferecer a seus clientes as vantagens de ambas as profissões: organizar a vida de empresários e realizar a parte de assessoria de imprensa. Esta última foi a que mais rendeu frutos. Dez anos depois, a empresa ainda existia, mas tinha crescido e contava com uma equipe de repórteres e grandes clientes, entre eles as Lojas Renner e Lojas Alfred. Antes, a jornalista ainda teve outra profissão. Ela deu aulas de inglês no Yázigi da Vila Assunção, escola da qual chegou a ser diretora. Incomodando o RH Em 1987, César Iguatemi Pfeifer, que era superintendente de marketing da Alfred, foi chamado para exercer a mesma função no Banco Meridional. Pfeifer convidou então Dulce para assumir a assessoria de comunicação do banco. "Ele disse que eu poderia trabalhar só meio turno e, assim, manter a empresa." Mas ela logo viu que seria impossível, pois o novo trabalho consumia cerca de 12 horas de seu dia. ou todos seus clientes a amigos jornalistas, dando fim às atividades da MD. Valeu a pena, pois logo foi promovida a gerente de marketing. E foi no banco que Dulce descobriu a importância de pensar no marketing e na gestão de pessoas como uma coisa só, integrada. "Foi difícil, o setor de RH achava que estava me metendo na área dele. Mas eu via a assessoria como uma empresa de comunicação que funcionava dentro do banco e sentia a obrigação de suprir todas as agências de informação e treinar seu pessoal, pois elas seriam nossos clientes. Não via o assessor de imprensa como o cara que fica só puxando o saco da empresa." Com o fim da área de marketing do Meridional, em 1990, Dulce, como muitos outros profissionais, foi demitida. À procura de um novo emprego, encontrou-se com Madruga Duarte, então diretor-comercial do jornal Zero Hora, que lhe contou que a família Sirotsky procurava alguém para fazer o marketing e atendimento a clientes do SPA que estava abrindo em Belém Novo, o Doutor Minuzzi. Para compensar os três meses que ficou sem trabalho, Dulce assumiu o SPA e, ao mesmo tempo, a elaboração de uma área de eventos para a rede de hotéis Continental. Chutar o balde e cuidar da vida Terminada sua missão nesses locais, foi convidada pela Escala para ser gerente de contas corporativas. "Oferta irrecusável", conta Dulce, que já havia sido cliente da agência quando trabalhava no Banco Meridional e a irava muito. Após quatro anos na Escala, resolveu "chutar o balde e cuidar da própria vida". Foi aí, em 1994, que surgiu a Equipe Dulce Ribeiro - Gestão para Atendimento. Para isso, ela foi atrás de ex-clientes e alguns contatos que mantinha no varejo e fez sociedade com a pedagoga empresarial Kátia Szczepaniak. Então foi desenvolvido o método, "que nem sabia que era um método", Jeito de Atender, que visa à gestão do atendimento ao cliente interno e externo e que deve começar no planejamento estratégico das empresas. O programa conta com inúmeros clientes, como Carris, Procempa, Paquetá e os shoppings Praia de Belas, Iguatemi de Campinas, São Paulo, Rio de Janeiro e São Carlos, Market Place (de São Paulo) e Curitiba, e virou a tese "Ainda Temos Jeito! - Uma nova atitude para o atendimento", escrita pela própria Dulce. Ela cursou pós-graduação em Gestão de Pessoas, na Ufrgs, e sua orientadora sugeriu que o trabalho de conclusão fosse sobre essa metodologia da empresa. Mas a vida acadêmica ainda não parou por aí. Desde o ano ado, dá aulas na ESPM, para os cursos de MBA e intensivos em Gestão de Pessoas. Ela também faz palestras em empresas e universidades. Destas, não cobra nada e brinca: "Temos uma ONG funcionando na empresa." Como uma casinha em Ibiraquera Dulce é divorciada e tem três filhos: Roberta, 22 anos, estudante de Design, Marta, 20, que se prepara para o vestibular de Medicina, e Fernando, 17, aluno de Publicidade e Propaganda. "Eles são meus parceiros, de fé mesmo", conta. As garotas moram com ela e o caçula acabou de sair de casa para morar com o pai. "Eu chorei muito, mas vai ser uma boa experiência para ele." Quando está em casa, a jornalista gosta de ouvir uma boa música (como a coletânea de Vinícius de Moraes, que ganhou recentemente), beber um vinho e cozinhar, "mas só com receita", porque começou a aprender há pouco tempo. Exercícios físicos também não podem faltar. Ela nunca marca nenhum compromisso para o início da manhã. Essa é a hora sagrada de fazer musculação ou caminhar: "Isso é fundamental para manter o equilíbrio ecológico do corpo." Outros prazeres são ir ao cinema e namorar. O felizardo se chama Pedro e eles estão juntos há um ano e meio. A sua grande qualidade, segundo a jornalista, é circular por todos os níveis da sociedade sem fazer distinção. "Eu falo com o presidente da empresa - e me relaciono bem - e depois com a pessoa da limpeza - e me relaciono tão bem quanto. Esse é o meu trabalho e é como eu sou de verdade. Mas ainda quero explorar mais essa simplicidade na relação com os outros e exercitar o chamado amor incondicional pelo próximo." Já o defeito é a ansiedade, Dulce não consegue esperar para ver realizados seus projetos. Que aliás são muitos. Nos seus planos para o futuro estão um DVD, com um programa de auditório sobre gestão, abordando os mesmos assuntos de suas palestras, um novo livro, sobre o amor nas relações de trabalho (tema pelo qual anda muito interessada), e a mudança para sua casa de Ibiraquera (SC), este apenas para daqui uns anos. Dulce atribui seu sucesso ao autoconhecimento e à boa relação consigo mesma e com os outros; ela acredita que esses são os diferenciais necessários para atingir o que prefere chamar de realização pessoal, o resto seria obrigação profissional. "Não gosto da palavra 'sucesso', parece uma satisfação para os outros, é um estereótipo, mas gosto de me sentir auto-realizada." Sua filosofia de vida é a simplicidade e isso ela exercita no seu dia-a-dia e com todos com quem se relaciona.

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