José Ernesto: Sobrevivendo ao fotojornalismo…

A fotografia sempre esteve presente na vida de José Ernesto Leal Carvalho, desde criança. Seu pai, Ernesto, era fotógrafo…

A fotografia sempre esteve presente na vida de José Ernesto Leal Carvalho, desde criança. Seu pai, Ernesto, era fotógrafo e a convivência com o meio e os aparatos da atividade influenciaram na escolha pela profissão. O simpático fotógrafo tem muitas histórias pra contar: são mais de 30 anos de carreira, tendo percorrido praticamente o mundo inteiro na cobertura de grandes fatos e acontecimentos. A primeira experiência na área de fotojornalismo ocorreu em 1972, na Empresa Jornalística Caldas Júnior, como auxiliar de laboratório, revelando filmes e fazendo cópias. Após quatro anos de aprendizado, José Ernesto foi contratado pela empresa de comunicação para atuar como fotógrafo para os jornais Correio do Povo, Folha da Manhã e Folha da Tarde. Em 1984, com o fechamento da Caldas Júnior, José Ernesto - assim como os demais jornalistas que ficaram desempregados também -, foi lutar por novas oportunidades no mercado. Neste período, realizou trabalhos de free-lancer para o departamento de comunicação da Trensurb e Prefeitura Municipal de Canoas. Após estes dois anos, final de 1986, José Ernesto retornou para a Caldas Júnior e assumiu a chefia de fotografia do Correio do Povo, função que exerce até hoje. "A minha relação com a Caldas Júnior é que nem cachaça", brinca o fotógrafo. Desde 2002, José Ernesto atua também como fotógrafo na assessoria de comunicação da Assembléia Legislativa. As atividades são conciliadas por divisão de turnos: durante o dia, ele atua no Palácio Farroupilha e, de noite, no Correio do Povo. Dessas mais de três décadas de trajetória profissional como fotógrafo, José Ernesto traz como bagagem experiências e histórias inusitadas, que segundo ele mesmo revela "foram sustos que contribuíram para o crescimento profissional e pessoal".
A fotografia por um triz
José Ernesto conta que um dos episódios mais marcantes da profissão ocorreu em julho de 1994, quando o criminoso Dilonei Melara liderou um motim na Penitenciária Estadual de Charqueadas e após a fuga acabou invadindo de carro o saguão do Hotel Plaza São Rafael. "Eu nunca mais vou me esquecer desse dia. Acompanhamos toda perseguição da polícia pelo Parque da Redenção e as 13 horas da negociação com o fugitivo, numa noite terrivelmente fria. Recordo de alguns flashes e do tiroteio até hoje", relata o fotógrafo. Seguidamente, as recordações daquele fatídico dia vêm à tona e são detalhadas minuciosamente, como nesta entrevista, por exemplo. Porém, ele não se importa, pelo contrário, está sempre ível quando procurado para conceder entrevistas sobre a cobertura do caso para estudantes de comunicação. Entre outras coberturas memoráveis destaca também a do motim no Presídio Estadual do Jacuí (1988), e da Copa Libertadores da América na Venezuela (1993), em que acompanhava a participação do time do Internacional e presenciou um terrível protesto da população venezuelana contra o governo. "Eu tenho as fotos até hoje, as ruas ficaram horríveis, eles queimaram veículos, invadiram supermercados e destruíram a cidade", relembra José Ernesto, itindo que já correu muitos riscos no exercício da profissão. Embora tenha ado por diversas situações de adrenalina, ele enfatiza que nunca deixou de registrar os principais fatos e de perseguir o grande objetivo: "Fazer a foto no momento certo". Flashes desconhecidos José Ernesto é casado há mais de 25 anos com Vani, com quem tem dois filhos: Vinícius, de 27 anos, estudante de Publicidade e Propaganda, e Marcos, 22, técnico em Radiologia. O fotógrafo revela que é muito caseiro, até pela rotina que cumpre de trabalho tanto no jornal como no Legislativo. "Sempre que tenho uma folga, prefiro ficar em casa. Nos finais de semana, como só tenho um dia de folga no jornal, sábado ou domingo, faço questão de ficar em casa no tempo livre curtindo a família", diz. Como lazer, revela que gosta de realizar atividades que envolvam a manutenção da casa. "Tenho a mania de consertar as coisas e também de mecânica de carros. Acho que sou um mecânico frustrado. Mexer com carros esfria minha cabeça", argumenta ele. Mesmo tendo estes hobbies como distração, José Ernesto confessa que às vezes não consegue se desligar da atividade jornalística. "Eu sou maníaco por rádio, estou sempre com ele ligado. Em qualquer lugar que esteja sempre haverá um aparelho. Até porque um fotojornalista deve saber o que está acontecendo no mundo. Imagina se tenho que fazer fotos para uma reportagem e não sei quem são as pessoas e os fatos", explica. A literatura também tem lugar garantido entre os programas de lazer do fotógrafo. As preferências de leitura são obras ligadas à história do Brasil e mundo, política e revoluções gaúchas. "Eu gosto de ler sobre esses assuntos, é uma forma de adquirir conhecimento com prazer", destaca. Já na hora de escutar música, José Ernesto prefere as composições clássicas da década de 70. Ser persistente é a principal característica de José Ernesto. Embora a qualidade seja também interpretada como teimosia em determinadas situações, o fotógrafo garante que sempre alcançou o êxito devido a esta obstinação. "Tem gente que acha que sou cabeça dura, mas sendo ou não, foi com ela que consegui alcançar todos os meus objetivos. Por isso, o ditado popular "pedra que rola muito não cria limo" serve como uma luva pra mim", diz José Ernesto com uma risada. Como filosofia de vida, ressalta que após ter cumprido dois terços da sua missão, aos 53 anos, agora prioriza a praticidade: "Não me importo com pequenas coisas, procuro valorizar e me preocupar com o que realmente é necessário", enfatiza o carismático fotógrafo.
Imagem

Comments