Fernanda Garcia: Sem botão de OFF
Fernanda Garcia abriu mão do status de apresentadora de TV para seguir uma carreira menos visada à frente da Giornale. A escolha vem rendendo bons frutos, como o recente destaque no Prêmio Aberje.
Desenvolta e dona de belos olhos azuis, Fernanda Carvalho Garcia, 35 anos, natural de Porto Alegre, abriu mão do status de apresentadora de TV para seguir uma carreira menos visada à frente da Giornale. A escolha vem rendendo bons resultados, a exemplo do Prêmio Aberje 2005, no qual foi eleita Personalidade do Ano em Comunicação Empresarial da Região Sul. Jornalista, relações públicas e a por vocação, a empresária considera que tamanho não é documento no que diz respeito a seus empreendimentos. "Eu já quis ser grande, hoje não quero mais. Prefiro dar um melhor atendimento aos meus clientes e ter maior rentabilidade", avalia.
O começo de sua trajetória está em uma vida acadêmica que iniciou de forma confusa, mas logo ganhou rumo certo. Em 1988, Fernanda ingressou na faculdade de istração na Ufrgs. "Sempre soube que queria ter o meu próprio negócio, desde pequena", explica, lembrando que mirava-se no exemplo do pai, de uma empresa de farmácias. Mas a timidez fez com que a adolescente iniciasse também um curso na área de comunicação, buscando vencer a "dificuldade de se relacionar socialmente". A graduação escolhida foi a de Relações Públicas, na PUCRS.
A istração Fernanda abandonou após dois anos, "era teórico demais e eu sempre fui muito prática, aquilo me incomodava", conta. Foi quando ela "se descobriu" em sua segunda faculdade. Mas o mercado de trabalho a desanimou. Os estágios de Relações Públicas na época resumiam-se à elaboração de jornais nas assessorias de comunicação das empresas. "Ainda existia uma visão de que o profissional de RP apenas promovia festas", lamenta. Por isso, deu início ao curso de Jornalismo, que tinha "mais credibilidade no mercado", formando-se em 1993 também pela PUCRS.
A vida profissional
O primeiro estágio em jornalismo aconteceu de forma inusitada. "Dei um peitaço", ela brinca. Mentindo fazer parte da equipe de um jornal da universidade, Fernanda ligou para a TVE pedindo uma entrevista com o presidente da emissora, cargo que na época era ocupado por Bibo Nunes. Sem esperanças de ser atendida, ela surpreendeu-se ao receber o telefonema da secretária de Bibo confirmando o encontro. "Em dez minutos eu cheguei lá", narra entusiasmada. Ao conversar com o então presidente, a estudante disse a verdade: "Olha, eu sou estudante de jornalismo e quero um estágio. Inventei essa história para chegar em quem decide e trouxe uma fita de um trabalho que já fiz na TV, em Caxias do Sul". Bibo gostou da atitude de Fernanda, tanto que, dois meses depois, ela estagiava na produção do programa TV da Educação.
Contando com a sorte, ela chegou à apresentação do programa em apenas um mês, devido à transferência para Curitiba de uma das profissionais da emissora. Dentro de pouco tempo ela já apresentava outras atrações na TVE. Foi então que recebeu um convite para trabalhar na RBS. Lá, permaneceu um ano "na geladeira", fazendo apenas rádio-escuta. Depois desse período, ou para a frente das câmeras. Apresentou programas da emissora como o Ecologia, o Garota Verão e o tradicional Jornal do Almoço. Chegou a ter um programa próprio voltado para a terceira idade, o Vida Ativa. Foram cinco anos na RBS TV em que atuou como produtora, editora, repórter e âncora.
Neste período, Fernanda também assumiu a elaboração de jornais de empresas e sindicatos, atuando como free lancer. Os dois primeiros - um para o Sindicato de Proprietários de Farmácias do Rio Grande do Sul e outro para o CDL - por intermédio de seu pai, os demais pelo seu bom desempenho junto aos clientes. "Toda segunda-feira tinha reunião de diretoria da CDL SPC com os diretores e presidentes das lojas de varejo falando sobre os problemas das empresas e era lá que eu pegava as pautas para o jornal. Aquilo foi uma grande escola! Abri minha empresa baseada naquelas informações", conta.
A opção pessoal
Desse convívio surgiram outras oportunidades. Boa parte das lojas reunidas nestes encontros tornara-se clientes de Fernanda na Giornale Comunicação Empresarial, fundada por ela em 1996. A começar pelo próprio CDL, que conta com os serviços de Fernanda há nove anos ininterruptos. Entre as empresas atendidas estão a Panvel, a Paquetá e as Lojas Renner. "A Giornale mantém uma relação de fidelidade com seus clientes", ressalta, falando da agência que possui, hoje, 20 profissionais entre jornalistas, publicitários, fotógrafos, revisores e coordenadores de produção.
Com tantos clientes, a jovem empreendedora teve de optar entre a carreira televisiva e a comunicação empresarial. Como ela mesma explica, "nem pensei duas vezes, meu sonho sempre foi ter a minha empresa". Embora a TV lhe trouxesse aparente poder e status, Fernanda manteve os pés no chão: "Isso não é verdadeiro. Quando você está na TV é o máximo, depois não é mais". Ela afirma que a RBS TV foi o caminho para que descobrisse seus talentos, mas sentia-se desafiada pelas novas possibilidades.
Casada há sete anos com o médico Jurandi Bettio, 43 anos, Fernanda não tem filhos. Pelo menos por enquanto, porque esse é um plano para este ano. "Protelei muito a idéia de ter filhos devido ao trabalho, mas chegou a hora", revela, classificando como boa a atual fase da Giornale. Ela associa o sucesso também às suas três sócias, Roberta Muradás, Denise Polidori e Camila Lustosa, com quem mantém pareceria há três anos e garante ter excelente relacionamento.
Reciclagem em Paris
Para ela, que ou os últimos oito meses dividida entre Porto Alegre e Paris, é impossível desligar do trabalho. "Eu até brinco que, às vezes, eu queria ter uma chave na minha cabeça para que eu pudesse chegar em casa e desligar", faz graça. Mesmo acompanhando o marido em uma viagem de negócios, manteve-se a par das atividades de sua empresa pelo computador. Aproveitou a oportunidade para fazer uma reciclagem geral, fez cursos de francês e de história e visitas a empresas de comunicação para comparar desempenhos estrangeiros e nacionais. De volta definitivamente, a jornalista está reorganizando seu tempo, não só para os compromissos profissionais, mas também em sua vida particular. Os jogos de tênis, por exemplo, grande hobbie e uma prática comum desde os seus oito anos, devem voltar a acontecer duas vezes na semana, assim como as caminhadas.
Ela revela que, com a viagem a Paris, deu-se ao direito de abrir mão de suas coisas para poder acompanhar o marido. De volta ao Brasil e ao ritmo normal de sua vida pessoal e profissional, não deixa, no entanto, de voar em pensamento. Até porque, gosta mesmo de viajar - e as viagens curtas, a eio, são sua marca registrada. Conhece a Europa, a América e parte da África. "Faltam agora a Oceania e a Ásia", contabiliza.
Embora suas maiores qualidades, segundo a própria Fernanda, sejam a determinação e obstinação - "Não considero nada impossível" - seus planos pessoais e profissionais para o futuro são moderados. Além de querer manter a Giornale com o sucesso conquistado, quer continuar tentando ser feliz. Quanto ao prêmio Aberje conquistado em âmbito regional, pelo qual concorrerá em nível nacional no mês de novembro, ela não cria grandes expectativas: "Vamos concorrer com trabalhos de empresas grandes, com muito mais verbas". E mostra-se satisfeita com a ótima colocação na categoria Jornal Interno, onde a Giornale empatou consigo mesma em primeiro, segundo e terceiro lugar.
