Com um longo currículo voltado à área de mídia, a publicitária Rosângela Rios conta como ainda hoje concilia a rotina profissional à vida familiar
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02/08/2013 00:00
Por Karine Viana São 31 anos de atuação em Publicidade e Propaganda, que, embora em grande parte voltada à área de mídia, inclui também docência e marketing político. Mas ao se verificar as atividades desenvolvidas pela publicitária Rosângela Jonhansson Rios ao longo de sua carreira, não é difícil diferenciar o que se caracterizou como desafio profissional daquilo que foi conduzido por suas habilidades. Nascida em 13 de dezembro, Rosângela tem 51 anos, sendo mais da metade dedicada à profissão. Existe uma demonstração de pleno comprometimento não só com a carreira, mas também com a família. A publicitária mora com o filho Nicholas, 25 anos e graduando de Psicologia, cujo feito mais recente expande um largo sorriso no rosto de Rosângela: tirou nota máxima no Trabalho de Conclusão de Curso. Rosângela e o filho residem no bairro Auxiliadora, na Capital, o que a faz percorrer diariamente um longo caminho até a Cucchiarelli Mídias, na Zona Sul de Porto Alegre, onde atua como coordenadora de Planejamento. No entanto, nem o cansaço do dia a dia, preenchido com muito trabalho e horas no trânsito, nem o status de família pequena inviabilizam a valorização de pequenos detalhes familiares.
Valores de família De classe média baixa, em que o pai, Luiz Adolfo Johansson, mantinha uma oficina onde trabalhava na fabricação de peças, e a mãe, Neida Ramos Johansson, foi na maior parte do tempo dona de casa, Rosângela é a terceira de quatro irmãs. A educação sempre foi uma das maiores preocupações dos pais. Assim, a mais velha formou-se em Publicidade e Psicologia, a segunda é advogada. Já Rosângela concluiu a graduação em 1983, pela PUC. A irmã mais nova faleceu aos 18 anos. Da época, a publicitária lembra do ensino público de qualidade, da localização do colégio próximo à residência e do encontro de amigos e vizinhos na mesma escola. "Tenho boas recordações da minha infância", afirma, enquanto descreve entre risos uma cena comum durante o trajeto entre a casa e o ponto de ônibus: o cãozinho da família costumava acompanhá-los até o ônibus. As brincadeiras de rua e a boa convivência com os primos também ganham um ar saudosista nos relatos de Rosângela. "Sempre tinha uma brincadeira. Aquela coisa de ficar até tarde da noite brincando de se esconder", conta. Para ela, era uma troca e uma unidade familiar muito forte. E é esta unidade que, mesmo sob as pressões diárias, a publicitária procura preservar. Rosângela, que mantém atividades manuais e de lazer, como tricô, crochê, colares e pinturas, aos quais chama de brinquedos, também não abre mão de arrumar a mesa, mesmo que apenas para ela e o filho, na última refeição do dia, salvo quando os afazeres de Nicholas não permitem. "Nem sempre a gente consegue conciliar de jantar juntos, mas no mínimo durante a refeição da noite, sentamos juntos à mesa. Tentamos fazer aquela coisa de arrumar a mesa, mesmo que seja para um lanche. É o momento família". O mesmo acontece quando recebe amigos em casa: "Tento fazer alguma coisa que dê um pouco de conforto, que mostre que é uma situação especial, tentando transmitir um pouquinho de carinho e de atenção", afirma.
Filme repetido Testes vocacionais, populares na época, indicavam que Rosângela tinha aptidão para a área de humanas. Embora hoje precise lidar com números, as exatas não eram a predileção da publicitária, que teve os primeiros contatos com a profissão ainda durante os estudos. Por cerca de quatro anos atuou como assistente de publicidade na Editora Abril. Pouco tempo após concluir a faculdade, Rosângela foi convidada a trabalhar na Signo Comunicação Empresarial, agência que estava sendo fundada por dois irmãos que se formavam em publicidade. A experiência, segundo denomina, foi bárbara, repleta de gás e expectativas, típico de profissionais em início de carreira, o que também significava muito trabalho. Na tentativa de novas possibilidades, foi ser Assistente de Mídia na Expressão Brasileira de Propaganda, empresa do Grupo Varig e responsável pela conta de importantes clientes. Foram oito anos de trabalho como coordenadora de Mídia, até a agência ser adquirida por uma nova empresa. Os diretores, no entanto, abriram uma nova organização, levando junto todos os funcionários demitidos. Formava-se a Pubblicitá Sul Propaganda e Marketing, onde Rosângela foi, por três anos, supervisora de Mídia. Com o fechamento da Pubblicitá, uma das principais contas da agência foi assumida pela Mccan Erickson, empresa paulista que abria um escritório em Porto Alegre. Com isso, parte da equipe foi novamente aproveitada pela empresa. "Pensei: Já vi este filme antes", brinca. Além de mais uma vez migrarem de agência, Rosângela e os colegas acreditavam em mais um curto período no novo local. E foi o que aconteceu. Aos poucos, a equipe foi sendo trocada.
Desafio da docência Ao se observar o currículo de Rosângela, percebe-se que ela nunca parou. O conhecimento a conduziu não só por diversas agências, mas a levou a encarar novas e diferentes oportunidades. Ainda em 1999, foi convidada pela então coordenadora do curso de Publicidade da Famecos a ministrar as disciplinas de Mídia e Projeto Experimental. "Eu conhecia a coordenadora do curso de publicidade na PUC. Coincidiu que ela estava fazendo doutorado e precisava diminuir a carga horária. Então me convidou para substituir ela em algumas cadeiras", revela. Foram dois anos e meio como professora convidada e mais uma experiência que define, de novo, como bárbara. "Eu não tinha formação alguma nesta área, então me perguntei: Como faz para dar aula?". Aos poucos, com organização de aprendizado, foi se moldando um comportamento frente à turma. Para ela, a docência foi, sem dúvida, o maior desafio, mas não tem a intenção de repetir: "Gostei da experiência, mas não pretendo continuar. É muito desgastante." Durante determinado período, precisou conciliar a atividade de professora com a de publicitária. Sua rotina era dividida entre a Famecos e a Quality Comunicação, onde ficou por um ano e meio. Eventualmente, Rosângela ainda atua como ministrante em cursos e oficinas de mídia no sul do país, em universidades como Unisinos, Ulbra e Unisul.
Da compra à venda de mídia O trabalho no setor de mídia ainda foi desenvolvido nas agências e21, DCS, Competence e Vossa. Na DCS, foram pouco mais de cinco anos, período que define como proveitoso e enriquecedor, de um trabalho integrado em equipe e que lhe rendeu alguns prêmios, como Top de Marketing e Grand Prix. "Foram cinco vezes, eu acho", lembra. Pelo caminho, mais dois trabalhos distintos daqueles que Rosângela se mostrava acostumada. Em 2009 recebeu o convite para integrar a equipe de um veículo, o Imobi, onde executou, por quase um ano, a gestão de contas do grupo. Na sequência, o segundo desafio: aceitar o convite para trabalhar com marketing político. Foi um breve período pré-eleições 2010, na campanha do governador Tarso Genro. Ainda durante a campanha, Rosângela foi chamada por Rogério Cucchiarelli para integrar a equipe da Cucchiarelli Mídias, em processo de crescimento. Depois de algumas conversas, a publicitária topou a proposta de Rogério e ou a atuar na venda de mídia. O dia a dia profissional, obviamente, foi um pouco modificado, com mais trabalho interno. "Minha rotina é atender às demandas das agências e provocar ao mesmo tempo", diz. Para ela, a larga vivência em agências contribui para o bom desenvolvimento do trabalho atual.
O ambiente de trabalho Rosângela consegue com facilidade criar laços por onde a. E isso se dá pela constante busca pela troca de informações. Para ela, todos têm "um ponto bom que tu podes puxar". A questão, segundo diz, é conseguir identificar e extrair aquilo que considerar importante para si, numa forma de absorver o conhecimento. Rear a experiência também é praxe da profissional que, ao lidar com estagiários, se esforça para transmitir conhecimento e metodologia, atividades de que já trabalhou com docência. Tendo a organização com uma das suas maiores características, acredita que consegue pontuar as etapas de trabalho, o que auxilia na sua rotina. "Eu sempre consegui desempenhar bem e manter sob controle todo o processo de operação e sempre procurei rear para as pessoas que trabalhavam comigo, ajudando, montando os quebra cabeças de forma a ar segurança no trabalho a ser desenvolvido", afirma. A publicitária não concorda com a denominação de chefe. Quando assim a denominam, dispara: "Gente, eu não sou chefe. Sou igual. Talvez eu só saiba um pouco mais ou tenha mais experiência. E olhe lá, porque saber não é determinante". A voz mansa e o prazer que demonstra ter enquanto fala da sua rotina diária consolidam mais uma das suas características: "Sempre fui boa ouvinte também. E tenho certeza de que as pessoas com as quais eu tive oportunidade de conversar ou trabalhar pensam assim. Sempre procurei resolver as questões de forma afetiva, sem imposição", finaliza. Questão financeira e saúde mental são dois dos motivos citados pela publicitária para continuar trabalhando. Ela prefere não criar expectativas para um futuro distante: "Não tenho construído nada concreto, estou vivendo. Determino algumas metas, mas não tenho planos a longo prazo". Embora feliz com tudo que construiu até então, percebe que ainda existem boas coisas por vir.