Kenya Couto: Otimismo para a vida
Ligada na tomada, ela ite que ´’já acorda de pé’ e acha que comporta ‘umas 50 Kenyas’
Nem ela sabe muito bem, tantos trabalhos feitos, muitos anos de atuação para que, enfim, alcançasse o desejado sucesso. São mais de 30 anos de carreira, 20 anos na mesma agência. Aos 50 anos, Kenya Martins Couto é reconhecida no mercado como uma competente publicitária, graças especialmente a uma experiência invejável na área de pesquisas de marketing.
Conhecer os diversos públicos, saber o que eles desejam e criar tendências a partir disto. Esta é a filosofia de vida da publicitária, que pelo reconhecimento do seu trabalho já conquistou o título de Profissional do Ano, na categoria Pesquisa, da Revista Mercado Global, e foi premiada no 26º Salão da Propaganda, na categoria case de planejamento. Não por acaso, portanto, e "ligada na tomada", como ela mesma ressalta, a publicitária empolga-se ao contar sua trajetória profissional. E já vai desde logo avisando: "O negócio é o seguinte: eu saio falando tudo!"
Formada em Publicidade e Propaganda pela PUC, Kenya entrou para o mundo da propaganda fazendo alguns trabalhos de free-lancer de pesquisa de mercado para a empresa Habitasul, no início de sua experiência na área de pesquisa. A influência veio de seu professor de faculdade e publicitário Marino Boeira. Conforme ela, além de Boeira ter incentivado muito a sua carreira, a pesquisa abriu suas perspectivas de vida. O reconhecimento de sua atuação lhe rendeu o convite para assumir a chefia do setor de pesquisas mercadológicas da RBS, onde ficou durante três anos. Na emissora, Kenya trabalhou ao lado de Nelson Sirotsky e Marcos Dvoskin. "Trabalhei junto com o Nelsinho e o Dvoskin em um período muito interessante na minha vida", destaca ela.
Em empresas de pesquisa, atuou como supervisora da SDA Pesquisas Mercadológicas e como diretora da Resposta Assessoria de Pesquisa, onde desenvolveu pesquisas qualitativas e quantitativas para governos e iniciativa privada, ao longo de quase 10 anos. Na agência Escala sua trajetória iniciou no setor de pesquisa e planejamento. Depois ou para o núcleo institucional e atualmente atua como diretora de atendimento da agência. Entre os trabalhos que desenvolveu, Kenya destaca o planejamento e coordenação da pesquisa "Teens do Mercosul: O Futuro tem Dono". O trabalho foi destaque recebendo menções no livro Império das Marcas, de José Roberto Martins e Nelson Blecher, e também na obra "Adolescência: entre o ado e o Futuro", publicada pela Associação Psicanalítica de Porto Alegre. Segundo a publicitária, este foi o trabalho de maior gratificação em sua carreira e que lhe rendeu reconhecimento na mídia nacional e internacional: o estudo sobre comportamento e valores dos jovens mereceu reportagem no Jornal da Globo e no diário La Nacion (Argentina). Hoje, além de dirigir a equipe de atendimento da Escala, ela é ainda diretora de marketing da atual gestão da ADVB. Depois de tudo isso, ela ainda modestamente brinca: "Sou uma autodidata em pesquisa, certo?"
50 Kenyas
Casada com Bernardino, agrônomo aposentado, Kenya tem dois filhos adolescentes, Bernardo, de 16, e Felipe, de 15 anos. O marido cuida de uma fazenda da família em Rosário do Sul, enquanto Kenya divide-se entre o trabalho e os momentos de "babar" em volta dos seus filhos. "Eu tenho muitos eus, acho que uns 50", revela. Num agito só, ela mesmo ite que "já acorda de pé". Tem muita energia para o trabalho e essa disposição não diminui quando está em casa.
Trabalha o dia inteiro na Escala, mas arruma um tempo para fazer uns "programas bem legais com os guris". A publicitária é quem comanda e faz o roteiro das viagens da família e dos eios pela capital. Confessa que atualmente, em virtude da adolescência, seus filhos resistem um pouco em participar de todas as atividades, mas não desiste e carrega-os junto sempre que pode. "Com a fase da adolescência, eles estão querendo me largar, portanto estou usufruindo do "restinho" dessa convivência", conta ela.
Depois de trabalhar o dia inteiro, Kenya revela que tudo que deseja é voltar para casa, ficar com sua família e assistir novela. Novela? "Isso mesmo, as tramas me desligam um pouco das minhas preocupações, se estou magra ou gorda, e do que eu tenho para fazer no outro dia". Por isto, ela diz que à noite, quando estão todos reunidos em casa, sua rotina é "totalmente igual à da tradicional família de classe média". "Sempre ficamos em casa, nunca saímos". A agenda é sempre lotada, e os fins de semana geralmente estão programados para fazer alguma coisa. "Eu sou incapaz de ar um fim de semana relaxando, eu não consigo parar quieta, sempre arrumo um sarna para me coçar" - o que justifica também sua ânsia de aproveitar todos os momentos da vida: "Para mim a palavra viver significa fazer e fazer coisas".
Assim, entre as atividades físicas encontra tempo para andar de bicicleta - de preferência na contramão da Carlos Gomes -, caminhar e praticar hidroginástica. Adora viajar, e se tivesse mais oportunidades viajaria o tempo todo. "Viagens são minha grande realização. Além de ser um aprendizado, elas proporcionam o conhecimento de outras culturas". Seu grande sonho de consumo é sair de férias, conhecer vários lugares. Entre os cenários já visitados, destaca os da Europa e Marrocos. "A Europa, além de ser história, é o conhecimento da própria trajetória da humanidade", salienta.
A publicitária declara-se tipicamente feminina. Adepta de vários estilos de moda, confessa gostar de cremes, de cuidar dos cabelos, de comprar (ite ser uma consumista ativa), de ir a bailes de gala, freqüentar clubes e, veja só, de ficar estendida na piscina. "Gosto de tudo, acho que não tenho nenhum estilo, o que me diverte é sair pelo mundo curtindo as coisas boas da vida", declara. Com uma disposição inigualável, ela vive o dia-a-dia intensamente e com muita alegria. Confessa que há dias que sua auto-estima fica baixa, mas garante que sabe encontrar um jeito de levantar o seu astral.
Aprender, aprender e aprender?
A preferência na leitura é muito eclética, e vai desde livros de romance até obras sobre culturas orientais e, talvez por causa disto, conhece todas as seitas do mundo. Durante um período de sua vida dedicou-se a aprofundar os conhecimentos lendo bastante sobre magias. O ecletismo vale também para os filmes. Adora ir ao cinema, porém reclama que ultimamente está sem parceiros para assistir filmes, mas mesmo assim "pego um cineminha sozinha".
Workaholic assumida, Kenya não se cansa em dizer que tem uma ansiedade natural de aprender, o que muitas vezes a encaminha para dois vetores: o "novo e o difícil". "Eu gosto de colocar a mão na massa. A vida e o trabalho são aprendizado, gosto muito de desafios, eles me renovam", comenta.
Hoje com quase 51 anos, não pretende parar de trabalhar e afirma que ainda tem disponibilidade para um aprendizado acelerado. "A minha ficha cai mais rápido, mas tenho consciência de que tenho muito a aprender". Sua preparação profissional foi encarada como prioridade entre os valores da vida, e seu lema é gostar das coisas que lhe tragam o mínimo de conhecimento - caso contrário, o assunto corre o risco de não lhe despertar nenhum interesse. "Desde o início eu exercitei aquilo em que eu era melhor. Isso traz frutos, até hoje, tanto para minha vida pessoal quanto profissional", garante.
