Elto Luiz Basei : Otimismo e simplicidade

Presidente do Sindicato dos Radialistas, Elto Luiz Basei fala sobre a trajetória e a luta pela mobilização da categoria

Elto Luiz Basei é um cara de personalidade simples e alegre. Presidente do Sindicato dos Radialistas do Rio Grande do Sul, tem a definição de objetivos praticamente como um lema de vida e é a partir deles que vai traçando a trajetória e agarrando oportunidades. Na área sindical há cerca de oito anos, tem como principal desafio a mobilização da categoria. As assembleias, que, há alguns anos, reuniam cerca de 50 pessoas na sede da entidade, segundo ele, hoje não alcançam a metade do público. A situação o preocupa, porém não o desmotiva. "Tenho viajado bastante, procurando aumentar a interação com as empresas e a integração da categoria. Vou à busca", assegura.
Bastante exigente consigo e com todos, por vezes considera-se chato por tal característica. Apesar de radialista, e funcionário da TVE desde 1986, desenvolveu a carreira sempre na parte istrativa. Formado em istração de Empresas e Ciências Contábeis, pela Faculdade São Judas Tadeu, entrou para a Comunicação por um acaso, quando uma amiga lhe ofereceu uma oportunidade na emissora pública. Sempre atrás das câmeras, chegou a coordenar o setor de recursos humanos e a divisão de apoio istrativo. Participou da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) e, mais tarde, ou a se dedicar à Associação dos Funcionários da emissora pública, atividade que exerce até hoje.
Foi no trabalho com a TVE que começou o envolvimento com as prioridades da categoria. A aproximação com a área sindical começou em 2005, quando ou a atuar como delegado na emissora. O desempenho rendeu um convite para a direção do sindicato e, mais tarde, para a presidência da entidade. Há dois anos à frente do órgão representativo, acredita que já enfrentou alguns momentos turbulentos, como a possibilidade de transformação da TVE em Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), em 2007, e a ameaça de mudança de prédio da Fundação Piratini, um ano mais tarde. Também está ligado ao sindicato e à emissora pública o momento que considera o mais marcante da carreira: a mobilização contrária à instituição da Oscip. "Tínhamos um blog, fomos para a Redenção e conseguimos mais de 15 mil s. Foi bastante marcante para mim", relembra.
Gosto por construir
Elto é filho da dona de casa Arlinda e do construtor José Basei (ambos falecidos), em uma família que se completa com mais cinco irmãos. Dos pais, herdou a educação, os valores e muitos dos ensinamentos que carrega ainda hoje. "Meu pai foi uma pessoa muito guerreira. Ele sempre dizia: e fome, mas não deva na praça. Ou seja, preze seu nome. É um chavão que gosto muito de citar", afirma. Destaca também os conselhos da mãe, que geralmente valorizavam a união em família - o casamento dos pais durou 34 anos.
Talvez o orgulho e a iração pelo pai tenham servido de influência no gosto que nutre pela área de engenharia civil. O plano de seguir os os do pai foi interrompido por um problema de visão. "Nasci com uma doença chamada catarata congênita, não enxergava praticamente nada. Fiz a primeira cirurgia aos sete anos. Uso lente intraocular e cheguei a recuperar 70% de visão", conta, ao revelar que ou por um total de sete procedimentos cirúrgicos.
Na época em que decidiu pela graduação que faria, entendeu que a condição seria um empecilho para investir nos estudos da área. "Gostava muito de projetos em construção civil, que trabalhava muito com pranchetas. Achei que isso me prejudicaria muito, mas hoje talvez fosse diferente", relata. Atribui ao apreço pela área um dos motivos que o levou a realizar algumas reformas na sede do sindicato, como primeiras ações de sua gestão. "Acho que isso dá aos funcionários melhores condições de trabalho", explica, ao brincar que traz no DNA os genes da construção herdados do pai.
Uma vida Zona Sul
Natural de Rolante, no Vale do Paranhana, viveu a infância em Novo Hamburgo, chegando a Porto Alegre aos 13 anos. Dos tempos de criança, guarda com carinho a lembrança das idas à praia em família. Recorda que a empresa de um tio tinha casas no Litoral, por isso era comum que na temporada de calor os Basei se deslocassem para Tramandaí. "ávamos quase o verão inteiro na praia, por isso, costumo dizer que me criei indo para Tramandaí. Tive uma infância simples, sem grandes requintes, mas feliz e bem estruturada", avalia.
Há mais de duas décadas, é casado com Maria Carol Basei, contabilista e funcionária da Emater. São fruto do relacionamento, que teve origem ainda na faculdade, Pedro, de 18 anos, que cursa Sistema de Informação, e Guilherme, 22, formado em istração de Empresas, com ênfase em Marketing. Católico praticante, Elto confessa que tem andado afastado da religião - outra herança dos pais -, em razão do envolvimento com as atividades do sindicato. Conta que normalmente a família frequenta a igreja com regularidade e o casal até já participou do Encontro de Casais com Cristo (ECC).
Na capital gaúcha, experimentou a vida de morador da Zona Norte, do Centro e da Zona Sul, onde enfim se estabeleceu. Como muitos dos habitantes da região, ele também não dispensa uma caminhada no calçadão de Ipanema, acompanhado do tradicional chimarrão. Nos momentos de lazer, é bastante caseiro. A casa da praia, em Imbé, e o sítio da família, no município de Anta Gorda, são destinos certos nos períodos de descanso.
Aquilo que lhe cai bem
Aprecia bastante o teatro e assume que tem frequentado pouco o cinema. O que gosta mesmo é de curtir em casa aquele momento "nada para fazer", desbravar o mundo que se abre através da internet e apenas assistir televisão. Ter o aparelho ligado, aliás, é uma mania de Elto, reforçada ainda no início da manhã. É quando assiste aos primeiros telejornais do dia. E a TV permanece ligada, como se fosse parte essencial do ambiente.
A prática da leitura fica reservada aos jornais. O acompanhamento de livros e revistas tem espaço mais em seu dia a dia. O gosto musical hoje abrange basicamente o sertanejo universitário, preferência que compartilha com o filho mais velho. Embora o caçula prefira o funk, garante que em casa os diferentes estilos de música convivem lado a lado: "a gente se entende".
Intitula-se um gremista não praticante, uma vez que não costuma acompanhar as rodadas esportivas. "Quando mais novo, ainda eu jogava futebol. Agora, o máximo de tempo que o esporte ocupa em minha vida é quando faço algumas caminhadas", conta.
Sem desanimar
Elto garante ser alguém que dificilmente desanima. Seja qual for a situação enfrentada, busca não apenas se manter otimista, como também levantar o astral de quem está por perto. "Tento ver as coisas por um outro lado. Sempre digo que tu tens que pegar os problemas e jogá-los para fora de ti, tentar resolvê-los", explica. Acredita que foi essa característica que o manteve firme quando, em 2007, enfrentou um período bastante difícil na vida.
Em aproximadamente seis meses perdeu a mãe, o pai e o irmão mais velho; teve um carro roubado, em um assalto no qual o bandido disparou quatro tiros; e perdeu outro veículo, ao desviar de um senhor que atravessava a rua distraído. "Tenho muita fé e isso me ajuda. Não que nada me abale. Sinto saudade até hoje, mas penso que não posso deixar isso me prejudicar", avalia.
Nos planos para o futuro estão o término das obras e a mudança para uma nova casa. Fiel à Zona Sul de Porto Alegre, diz que convenceu a esposa a permanecer na região. "Chegamos ao consenso de que o bairro Assunção é uma espécie de meio-termo, com relação à "distância de tudo", que ela sempre criticou", conta, entusiasmado com a nova morada. Na vida profissional, pretende seguir ao lado dos colegas radialistas, buscando a mobilização e o melhor para a categoria e para o sindicato. "Quero estar à disposição, tentando atender a todos e resolver o que puder. Quero continuar lutando, sempre", conclui.
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