Jaqueline Schmidt: Jornalista camaleoa

Jaqueline Schmidt já ou por jornal, TV, assessoria de shopping. Hoje, se dedica ao que mais gosta: a educação.

Por Juliana Freitas, em 27/06/2014
A escolha da carreira que se deseja seguir não é fácil. Ideais são colocados na balança e o desejo de fazer a diferença para o mundo acaba sendo o principal fator para a escolha de uma profissão. Para a porto-alegrense Jaqueline Schmidt não foi diferente. Com o objetivo social falando mais alto e uma simpatia pelas grandes causas, optou pelo jornalismo porque acreditava que, através dele, poderia fazer algo para melhorar o mundo.
"Tinha essa ideia romântica", lembra a jornalista, mestre em comunicação e educação que, seguindo o rumo natural da vida, encontrou um caminho onde seu objetivo inicial se fez presente. Focada em fazer do seu trabalho sempre um bem social, participou da produção de programas educativos e foi professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC), em disciplina inicial de jornalismo e projeto de impressos, durante dois anos.
Atuando na assessoria de imprensa da Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos (FDRH), Jaqueline também carrega no currículo agens pelos principais veículos do Estado, como Jornal do Comércio e Grupo RBS, além de se mostrar uma verdadeira camaleoa quando o assunto é atividades profissionais.
Encanto televisivo
O início da profissão aconteceu ainda na faculdade, quando foi estagiária na produção do programa Câmera Dois, da extinta TV2 Guaíba. "O programa mobilizava as principais personalidades da política, economia, sociedade e cultura. Na época, era tudo muito físico. É difícil imaginar isso agora, que tudo é digital", conta Jaqueline.
Após ter a primeira experiência com televisão, a jornalista viria descobrir uma grande iração pela área. Trabalhou no Câmera Dois e estagiou como produtora do principal concorrente do programa, o Sete no Ar, da TVE. "Comecei a atuar com medição e descobri aí uma paixão pela TV. Como se diz, é viciante e envolvente", revela.
Seguindo a linha das telas, Jaqueline ainda teria agens pela TV Bandeirantes e pelo Grupo RBS. Na primeira, continuou seguindo o caminho de produtora durante quatro anos. Já na segunda viu a possibilidade de fazer uma grande reportagem se realizar. "Que jornalista que não sonha em realizar uma grande reportagem?", questiona, afirmando que o desejo de produzir matérias de grande interesse era um dos seus objetivos como jornalista.
Mas não foi só nas telas que a profissional construiu sua carreira. Adepta aos desafios e sentindo que precisava de novas experiências, saiu da televisão e ou a integrar a redação do Jornal do Comércio. "Trabalhei na editoria de economia do JC quando ainda estava na faculdade e, quando saí da RBS, fui convidada para voltar e fazer parte de um caderno sobre contabilidade", conta.
Segundo Jaqueline, trabalhar com um tema que, até então, pouco conhecia, foi muito enriquecedor. "Era um caderno bem embasado, com a força dos profissionais impressa. Vi ali um desafio, algo que ainda não tinha feito", ressalta. A motivação de criar saídas e propor novas séries e temas também foram características da experiência em impresso.
Caminho renovado
Permanecendo um ano na reportagem do Jornal do Comércio, a oportunidade de trocar de área no jornalismo viria bater em sua porta novamente. Em 2004 recebeu um convite para integrar a equipe de comunicação do Shopping Total. Atraída por características peculiares que envolvem o segmento, Jaqueline decidiu encarar e assumir o desafio.
"É um setor que procura atingir uma variedade muita ampla de público. Foi muito rica a experiência", diz. A jornalista ressalta ainda que se encantou pelas inúmeras possibilidades de marketing para atingir um público nessa área. "O céu é o limite e podemos fazer muitas coisas. Em certo sentido, pode-se dizer que é como trabalhar em muitos lugares estando em um só. É estimulante."
Entre tantos momentos marcantes, como a descida do Papai Noel da chaminé e o prêmio Top de Marketing ADVB, em 2004, Jaqueline cita um que nunca esqueceu. Em 2007, quando o empreendimento ainda era para pequenos lojistas, um incêndio atingiu o local, provocando apenas perdas materiais. "Para mim, foi uma situação de superação", conta. A cautela foi um dos grandes aprendizados, bem como a prova de que o impossível não existe. "Foi gratificante ver a recuperação dos lojistas", lembra.
Experiência cultural
Apesar de gostar de trabalhar com a assessoria de shopping, Jaqueline viu mais uma vez que era preciso mudar. Com a vinda do Barrashopping Sul para Porto Alegre, teve a chance de trabalhar em um projeto que tinha um modelo de comunicação diferenciado dos demais. Foi selecionada para ser gerente de Comunicação da Fnac, onde teve uma experiência inovadora que lhe proporcionou uma ampla visão de mercado.
Como desafio, teve que apresentar uma marca ao público sem utilizar meios de massa como rádio e televisão. "Não é um grande anunciante. Achei interessante apresentar essa marca aos gaúchos", explica. Durante cinco anos, foi a responsável por coordenar eventos e fazer com que a loja ganhasse credibilidade e confiança entre o público, além da experiência direta com o setor de vendas. "Foi uma época de amadurecimento profissional e pessoal."
A empresa também lhe proporcionou a participação em projetos culturais que entrariam para a agenda dos gaúchos. Havia o Entrevero Cultural, que era voltado para o tradicionalismo, e projetos com a Câmera Viajante, como quatro edições do concurso de fotografia no aniversário de Porto Alegre.
Em março deste ano, decidiu que era a hora de seguir em frente e novamente a educação cruzou o seu caminho, levando-a para a Fundação de Desenvolvimento de Recursos Humanos (FDRH), do Governo do Estado, onde assumiria o projeto Rede Escola, que oportuniza aos servidores formação superior em diversos cursos.
Comunicação e Educação
A trajetória na educação começou muito antes, ainda na faculdade. Foi estagiária na produção da Televisão Educativa e, entre 1996 e 1997, estudou a área na Espanha, quando fez um Máster na Universidade Autônoma de Barcelona. "Fui a eio e descobri que tinha que ter uma experiência maior fora do Brasil. Decidi estudar no exterior e fiz meu mestrado em comunicação e educação lá", conta.
Quando voltou ao Brasil, realizou várias atividades ao mesmo tempo. Foi professora da PUC e da Ufrgs, e parceira na assessoria Viva Comunicação. "Também comecei a retornar para a tv como freela", conta. Ela editava um programa profissionalizante, produzido pela Alternativa Produtora para o Canal Futura, onde também era roteirista, além de realizar edição também para a RBS TV.
Hoje se vê mais uma vez envolvida com educação. Trabalhando com o projeto da FDRH, aposta na educação para a realização de um trabalho que valorize o outro como ser humano. "Tenho tido exemplos de que, tendo a oportunidade, as pessoas podem surpreender bastante", diz.
Estilo: camaleoa
Com 43 anos e com tantas experiências diferentes dentro da área jornalística, Jaqueline gosta de pensar que todas elas serviram para uma amplitude da sua empregabilidade. "Eu tenho essas inquietudes, de novas formas de trabalho. Estou atenta aos novos parâmetros da comunicação. Quem sabe eu não seja uma empreendedora também. É algo que eu gostaria", revela a jornalista.
Com uma facilidade em se relacionar e adaptar aos ambientes, a profissional acredita que manter bons relacionamentos é a base para ter uma carreira efetiva. Graças a essa habilidade, a jornalista já ouviu elogios. "Certa vez o diretor da Fnac me disse que, mesmo eu estando pouco tempo, parecia que já trabalhava há anos, devido à minha fácil adaptação", conta.
Mas essa característica não fica apenas na profissão. Casada há sete anos, conta que conheceu o esposo, Estevão Machado, em um barzinho. "Tem pessoas que acham que não acontece de conhecer alguém na noite e casar, mas acontece, viu?", diz, em meio a risos. O casal tem uma filha, Alice, de três anos. "Ela foi minha realização. Com ela, o desejo de ser uma pessoa melhor só aumentou", diz Jaqueline.
Alice também é a responsável pela prática preferida da mãe quando não está trabalhando. "Muito por conta dela, gosto de ear ao ar livre, levar ela para brincar em parques, fazer uma caminhada", conta. Adepta dos filmes de ação e terror, ite que é uma roqueira assumida. "Tenho uma flexibilidade para curtir músicas diversas. Gosto de música brasileira, mas o rock ainda é o que a minha preferência", diz, contando que uma de suas últimas leituras foi 'Rock e o Brasil dos Anos 80', de Ricardo Alexandre.
Mesmo se sentindo realizada e cursando a quarta faculdade - também é pós-graduada em Comunicação com o Mercado pela ESPM - no curso de licenciatura em Artes Visuais, na Ufrgs, ite que outra profissão também foi opção da jornalista, antes de escolher a comunicação "Tentei entrar em medicina, mas não deu. Fica para uma próxima", diz, rindo da escolha da possível profissão que revela o seu lado mais humano, percebido no olhar de quem trabalha visando a bem do próximo.
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