Desde muito cedo, ela se identificou com o mundo dos negócios. Com apenas 30 anos, Fernanda Vier dirige a Doxxa - Inteligência em Conteúdo, empresa que criou no final de 2005, e para a qual, diariamente, procura dar o melhor de si - tudo para que seu trabalho seja reconhecido e valorizado. Ser alguém na vida sempre foi prioridade, como ela relembra: "Meus pais sempre disseram: vocês vão fazer faculdade, vão se formar, vão ser profissionais, vão ser alguém na vida". 535k4
Fernanda Vier Azevedo nasceu em Guaíba em 14 de outubro de 1977. De família simples, sempre estudou em escola pública. Filha de professores da rede pública estadual, cresceu em meio a muitos livros. "Na minha casa a educação sempre esteve em primeiro lugar", lembra. Aos 19 anos, já cursando o segundo semestre do curso de Relações Públicas da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico) da Ufrgs, veio com a família morar em Porto Alegre. "Carregamos muito os valores que recebemos na criação, e nisso eu tenho meus pais como modelo", assegura. As metas estabelecidas na infância jamais foram deixadas de lado. Em 2005, Fernanda concluiu pós-graduação em Marketing, também pela Ufrgs.
Um lugar ao sol
Foi ainda na universidade que Fernanda começou a interessar-se por ter sua própria empresa, ao conhecer a Associação de Jovens Empresários de Porto Alegre (AJE-POA), instituição da qual foi presidente durante o ano de 2007.
Antes, estagiou em locais como a Rádio Ipanema, da Band-RS, e a Já Editores. "Foram experiências em empresas de segmentos bem diversificados, o que foi bom por um lado, mas por outro talvez nem tanto, pois eu saí da faculdade sem saber exatamente o que eu queria fazer, porque eu havia tido muitas experiências diferentes", resume Fernanda.
Ela se define como determinada, corajosa e persistente, e tem o ano de 2000 como um marco: quando se formou, começou a pensar sobre a possibilidade de investir na antiga idéia de ter seu próprio negócio. "Então eu fiquei um tempo desempregada e procurando emprego. Paralelo a isso, comecei a concretizar um plano que eu tinha? ou um sonho, dá pra dizer assim, uma vontade que eu tinha desde a época da faculdade de ter a minha própria empresa, o meu próprio negócio", descreve.
Em 2001, na tentativa de conquistar o seu espaço no mercado de trabalho, Fernanda Vier resolveu apostar todas as fichas em seu "instinto empreendedor". Enquanto aguardava para analisar as propostas que estavam surgindo, a jovem foi idealizando e estudando como partir do zero para dar início a esta nova etapa de vida. "O empreender acabou acontecendo primeiro e se tornou uma alternativa mais interessante pra mim naquele momento", registra ela.
Sempre atenta
Foi quando surgiu a Atenta Oficina de Relações Públicas, empresa criada em sociedade com Sílvia Miebach. "Apesar da imensa força de vontade, a empresa foi aberta sem termos conhecimento algum, pois éramos completamente inexperientes neste aspecto. Nenhuma de nós duas tinha família empreendedora ou pai empresário. Tudo era muito novo", avalia.
Assim, aos 23 anos, duas jovens empresárias iniciaram o trabalho com alguns clientes, como a Associação Leopoldina Juvenil. Para isso, usaram muito seus contatos e relacionamentos. "O pouco que tínhamos, fizemos render", disse Fernanda. "Mas o fato é que a gente bateu muito a cabeça, cometemos vários erros, algo completamente normal nesse momento, pois éramos superjovens".
A Atenta durou em torno de dois anos, pois em 2003 a sociedade se desfez. "Percebemos que tínhamos objetivos profissionais e de vida diferentes, então achamos melhor não levar adiante a sociedade. A opção foi eu permanecer com a empresa e a Sílvia permaneceu no Juvenil como prestadora de serviço", explica. "Continuei na minha vida de empreendedora. Conquistei outros clientes, fiz vários trabalhos diferentes. E daí eu comecei a descobrir o meu gosto por trabalhar com conteúdo, o que algum tempo depois fez com que surgisse a Doxxa", reflete Fernanda.
O gosto pelo conteúdo
Depois que começou a tocar a Atenta sozinha, trabalhou muito com assessoria de imprensa. "Comecei a perceber a qualidade do meu texto. Eu tinha ali um talento, uma vocação pra escrever que nem eu mesma sabia", analisa hoje. Como a Atenta era uma assessoria de comunicação totalmente abrangente, sem um foco específico, aos poucos ela foi observando que tipos de atividades mais lhe traziam satisfação e ou a restringir as áreas de atuação.
Adquiriu gosto por trabalhar com conteúdo: "E eu deixei, cada vez mais, de ser aquela RP tradicional pra trabalhar com conteúdo, o que tem tudo a ver com RP, obviamente. Afinal de contas, um das formas de uma empresa se mostrar pro mercado é através do seu conteúdo". Foi quando, no final de 2005, Fernanda reencontrou uma ex-colega de faculdade, a jornalista Gabriela Escobar, e surgiu a idéia de criar uma empresa especializada em conteúdo.
"Os objetivos se identificaram e vimos que podíamos fazer um trabalho legal. Os meus últimos trabalhos já vinham sendo nessa área de conteúdo, então eu pensei que tinha uma demanda, um nicho interessante a ser explorado. Temos que ficar atentos pra esses sinais do mercado", alerta Fernanda. Segundo ela, na época não existia nenhuma empresa de conteúdo no Rio Grande do Sul: "Então decidimos: vamos ser a primeira empresa especializada em conteúdo do Rio Grande do Sul".
Em março de 2006 a Doxxa Inteligência em Conteúdo começou a operar. Sobre o nome, Fernanda explica que "Doxa", com apenas um X, é uma palavra grega que significa "opinião". "É uma palavra curta e forte que adotamos", conta. Os clientes que eram da Atenta foram pra Doxxa, assim como os trabalhos freelas que a Gabriela fazia.
O empreender e a juventude
"A possibilidade de o profissional ter que encontrar outras alternativas de trabalho quando se forma ou até antes é muito grande. Por isso é preciso estar atento, desde o início, pra essa possibilidade. E se preparar pra isso", considera Fernanda. Sem grandes pretensões, em 2002 ela ou a fazer parte da AJE-POA. "Me associei buscando estreitar relacionamentos e de certa forma expor o meu trabalho, a minha empresa. A AJE dá aquele empurrãozinho no momento em que tu está entrando neste mundo dos negócios", afirma a profissional.
Sua participação iniciou no Comitê de Eventos, do qual os associados participam voluntariamente. "Essa experiência em 2003 me fez gostar muito daquilo e eu criei um vínculo grande com a entidade", comenta. Em 2004, Fernanda assumiu a coordenação de Eventos, e em 2005 e 2006 foi vice-presidente. "Em 2007 foi o momento de eu encarar o desafio de ser presidente da AJE. Foi uma conquista muito importante pra mim. O fato de ter sido aclamada pelos associados e pelos colegas de diretoria, que me apoiaram e acreditaram que eu faria um bom trabalho, é um grande reconhecimento", destaca.
Dia-a-dia sem rotina
"Eu prezo muito pelo meu lazer. É claro que pelo fato de eu ser dona do meu próprio negócio, eu sei quando eu posso sair às seis da tarde, tranqüila, e só recomeçar a trabalhar no outro dia às oito da manhã ou não, o dia que eu tenho que ficar até mais tarde ou até levar trabalho pra casa", reconhece Fernanda, que há quatro anos é casada com o engenheiro José Alfredo Freitas. "Então não tem muita rotina. Faço ginástica três vezes por semana? eu não abro mão de cuidar do meu corpo e da minha saúde", enfatiza a profissional. Nas horas vagas Fernanda também gosta de ler, ouvir música, fazer aula de canto e assistir à TV. "Ver TV é uma forma de relaxar, e música é uma coisa que me entretém muito", explica.
Para 2008, a prioridade de Fernanda é melhor organizar o seu tempo. "É ter mais tempo pra mim, ter mais tempo pro ócio? quero poder fazer coisas em horários extras, quem sabe voltar a fazer aula de canto e aula de dança, essas coisas que a gente está sempre adiando", reconhece. Ela também pretende buscar um equilíbrio entre a realização profissional e pessoal. "Às vezes eu percebo que muitas pessoas acabam deixando a vida pessoal de lado? Eu tenho tentado ter isso como uma diretriz pra minha vida: nunca esqueça da sua vida pessoal, porque não vale a pena sacrificá-la, ao mesmo tempo em que é preciso trabalhar muito. Então o segredo do sucesso é encontrar o equilíbrio, o meio- termo, além de estar sempre buscando capacitação e qualificação", alerta.
Sobre realização profissional, Fernanda conclui: "Sou muito jovem ainda pra dizer que estou plenamente realizada. Mas acho que estou num momento ótimo, me sinto realizada, mas também tenho plena consciência de que tem muita coisa pra ser feita ainda".