Gabriela Frühauf: Entre sorrisos e determinação
Com personalidade forte e idealista, Gabriela Frühauf, dona da Dot., nunca desistiu do sonho do negócio próprio

Por Juliana Freitas, em 15/08/2014
De riso fácil ao olhar focado, Gabriela Vieira Frühauf demonstra nas expressões e nos gestos a sua personalidade inquieta. O tom animado na fala quando conta a história de sua empresa também dá a certeza de que é uma profissional realizada e que conquistou seu sonho depois de muitas batalhas.
Proprietária da agência Dot., empresa especializada em mídia, a publicitária tem agens por diversas agências e experiência de sobra na área, qualidades que a fizeram investir no seu maior sonho: um negócio próprio. Iniciando na área publicitária com apenas 16 anos, quando foi recepcionista da agência Blank, em Novo Hambrugo, viu na publicidade a sua profissão.
Formada pela Unisinos em Publicidade e Propaganda, ficou encantada com a rotina agitada e inquieta dos profissionais da área. "Adorei o agito e o contato com a imprensa. Foi pouco tempo, mas o suficiente para saber que era aquilo que eu queria", afirma. Apesar de voltar a trabalhar com informática após sair da agência, setor que estudava no ensino médio, sabia que a publicidade não sairia mais da sua vida.
Jovem na carreira
Não demorou para que o destino colocasse a publicidade em seu caminho novamente. Em um anúncio peculiar, que mostrava um canivete e oferecia vaga de assistente, a publicitária decidiu voltar a trabalhar na área. "Eu recém havia entrado na faculdade. Vi aquele canivete e pensei: "Eles precisam de um faz-tudo. Como eu não sei fazer nada está aí a minha chance", lembra, aos risos. A agência era a Nova Idéia, onde entrou como Mídia, já que a empresa não tinha processo de estágio.
O ano era 1996, e Gabriela teve que aprender os processos da área quase que sozinha. "Três meses depois que eu entrei, a sócia resolveu sair e fiquei sozinha. Aprendi meio que na "marra"", brinca. Com um gosto especial por desafios, Gabriela deixou a empresa depois de dois anos e aceitou o convite de trabalhar na agência e21. "Para entender melhor os clientes, eu estudava em casa. Foi muito bom, aprendi a fazer um processo e colocar ele na mídia", conta.
Em 2000, recebeu a proposta para trabalhar na agência McCann. Lá, viajou para São Paulo, onde teve contato com as pessoas da sede e também a oportunidade de poder explorar melhor o mundo dos mídias. "Eu uso muito as referências de processos que vi lá." Em um corte por contenção de custos, acabou sendo demitida e ou a realizar trabalhos em modelo freelancer.
Em 2002, assumiu a coordenadoria de mídia da RBA e iniciou sua experiência com a indústria calçadista, desejo este que vinha de muito tempo. Mais experiente e já conhecendo o sistema, o momento foi de reconhecimento pelo trabalho realizado até o momento. "Dei um salto", diz ela, se referindo ao cargo em que entrou na empresa. Em 2004, uma nova oportunidade surgiu na vida profissional da publicitária e mais um desafio estava por vir.
Novos desafios
Agora como uma profissional que coordenava equipe e com mente estratégica, Gabriela foi gerenciar o setor de mídia da agência Competence, em Porto Alegre. Dividindo a equipe com a publicitária Carla Azevedo, pôde trabalhar com um grupo maior de profissionais. "Era outro nível de contas, com clientes maiores de varejo e indústria", lembra. Ainda na agência, Gabriela recorda de uma conversa que teve com João Satt Filho, um dos sócios da agência, logo que entrou na empresa. "Ele perguntou o que eu queria para daqui a cinco anos. Eu respondi que gostaria de ter a minha empresa." A resposta surpreendeu o empresário, mas o fez se interessar pelos planos de Gabriela. Desde então, a vontade ter o próprio negócio apenas cresceu.
Para entender mais sobre o mundo empreendedor, Gabriela decidiu se qualificar e fez uma pós-graduação em Gestão Empresarial, na ESPM. Junto com o desejo de empreender, veio também a vontade de ter filhos. "Mas ter filhos naquela loucura não dava. Eu via exemplos próximos de que aquela rotina era muito louca para ter filhos", ressalta. Com a determinação de sempre e enfrentando a rotina corrida da agência, Gabriela conciliava o trabalho com pesquisas de mercado, levantamento de dados, leituras técnicas e planejamentos para o próximo o que daria em sua carreira. Aos poucos, Gabriela ia construindo o sonho da empresa própria. "Eu mirava este sonho."
Direcionando o trabalho para uma gestão de mídia, teve como grande referência e ajuda a publicitária Gagá Celente, da agência Quatrocom. "Foi nossa mãezona", diz, com carinho no olhar. Elas se conheceram no Grupo de Mídia, entidade da qual Gabriela faz parte desde que começou a trabalhar em agência. Em um almoço, apresentou o projeto para Gagá, que ficou encantada. "Perguntei para ela se tinha mercado para mim. Ela me disse que se tivesse a minha idade e as minhas ideias, ela tentaria. Foi o incentivo que precisava", diz. Convidou a colega Carla Stenersh para participar do projeto e, depois de três anos, se despediu da Competence para alçar voos maiores.
Por conta própria
O primeiro trabalho apareceu ainda na Competence, quando Gabriela comentou com amigos os seus planos. Os mesmos ofereceram um trabalho para a Pepsi e Allmap às duas publicitárias, e a empresa acabou nascendo antes mesmo do esperado. "Aceitamos o trabalho e até hoje ele é a nossa referência." Na época, ela teve que conciliar o trabalho com a organização do novo negócio. Nascia aí a Mi4, empresa que realizava consultoria de mídia.
Logo na primeira semana já viajaram para São Paulo para participar de reuniões com a Allmap. Quando lembra as viagens, Gabriela também recorda das "portas na cara" que ela e sua sócia levaram no início. "Cansamos de marcar e, quando chegávamos no local, a pessoa não estava", revela. Em três meses, o negócio estava pronto, com planejamento estratégico montado e com uma apresentação para o mercado.
Gabriela recorda ainda que o maior desafio foi justamente no período da apresentação da empresa, quando as pessoas não conheciam a consultoria. "Saíamos com nossa apresentação, mas faltavam os clientes. Foi bem difícil", garante. Com o tempo, trabalhos foram aparecendo no Estado e em São Paulo. Com a consolidação da empresa no mercado gaúcho, Gabriela foi convidada para mais uma atividade que exigiria dela um grande esforço.
Em 2008, começou a dar aulas na ESPM, onde ficou por quatro anos e apenas saiu por causa de um problema na coluna, que surgiu devido ao estresse e à tensão. "Eu tinha que fazer uma escolha", conta. Na instituição, também nasceu o que hoje é o treinamento de Processos da Dot.. "Ele era um curso de férias", explica a publicitária. Ainda na época de aulas, Gabriele teve um dos presentes de sua vida: seu filho Bernardo, hoje com quatro anos. "Daí decidi diminuir a carga de trabalho", revela.
Foi nesse período também que, mantendo sociedade desde 2007 com Carla Stenersh, tendo saído em 2008, e Romana de Oliveira, que foi assistente da publicitária na RBA e também deixou de ser sócia no negócio em 2011, Gabriela resolveu seguir sozinha. Atualmente, a empresa se chama Dot. Agência de Pontos de Contato e teve sua mudança de nome e conceito no ano ado, quando deixou o nome Mi4 de lado e começou a oferecer mais serviços.
Calmaria
Apaixonada pela profissão, ite que não se imagina fazendo outra coisa. "Talvez algo relacionado com criança", diz, revelando que está trabalhando em um projeto digital infantil e que investiria em uma casa de festas voltada para a alimentação mais natural. Aliás, essa é outra característica de Gabriela. Adepta da alimentação sem carne vermelha, apenas com frango e peixe, afirma que não é radical e que não proíbe o filho de comer doces. "Procuro ensinar ele a comer correto e a gostar de frutas e legumes. Mas se quiser comer uma bala ou chocolate, não tem problema", diz.
Casada há 12 anos com Marcio, seu "amor de carnaval", diz que ele se surpreende com a energia dela, que não consegue sentar nem para olhar televisão. "Estou sempre inventando", afirma, aos risos. A inquietude é um resquício da infância, onde brincadeiras na rua foram suas diversões. "Eu era como um "guri"", diz. Seguindo esse adjetivo, por vezes gosta de sair para dançar. Gosta ainda de praticar yoga e ler, mas ite que a segunda atividade deveria ter uma atenção maior de sua parte. "Gosto de ler biografias e histórias que me inspirem. Mas, ultimamente, tenho lido mais textos técnicos e envolvidos com a área."
Apesar da vida corrida que leva, encontra tempo para praticar yoga e tomar um chimarrão no parque com a família. "Estou em um período muito família, que gosto de curtir a minha casa, meu marido e filho." Determinada e batalhadora, lembra que veio de uma família que não tinha condições de vida elevada e que sempre teve que lutar pelo que queria. "Acredito que essa é minha virtude." A tolerância foi algo que aprendeu na vida. "Eu não era tolerante", ite, ressaltando que as pessoas também exaltam sua exigência profissional.
Para o futuro, a publicitária de sorriso fácil e olhar brilhante revela que não gosta de criar expectativas, mas, sim, de planejar. "Não gosto de coisas muito grandes, mas o que visualizo é uma parceria forte com uma agência de fora. E eu já estou estruturando para que isso aconteça", projeta Gabriela, que não deixa dúvidas de que seus planos se concretizarão.