Ivonete Pinto: Entre o cinema e as viagens
A jornalista, crítica de cinema e professora universitária também é uma aventureira: adora conhecer diferentes culturas.
O incentivo para o cinema acompanhou Ivonete Pinto desde muito cedo. Natural de Canela, na infância freqüentava, acompanhada pelo pai, o Festival de Cinema de Gramado que, nos anos 70, acontecia no verão. "Tinha toda uma história que os artistas ficavam tomando banho de piscina. Então, eu já tinha, desde criança, uma ligação com o cinema. Claro que depois, fazendo cinema e escrevendo sobre, na faculdade, isso me encaminhou de uma maneira bem definitiva", considera.
A jornalista é crítica de cinema e, desde 2006, é docente do curso de Produção Audiovisual da Ulbra. Atualmente, leciona as disciplinas de Cinema Brasileiro, Cinema Documental e Cinema Internacional, além de Oficina de Crítica. Também é editora e uma das idealizadoras da revista Teorema, produzida pelo Núcleo de Estudos de Cinema de Porto Alegre. "É uma revista eminentemente crítica", define Ivonete sobre a publicação semestral, que já chega ao sétimo ano. Ainda é presidente da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (Accirs), fundada em março deste ano e que reúne 31 associados. A entidade é a primeira a ser criada no Estado e a segunda no Brasil - só o Rio de Janeiro possui uma associação específica.
Freqüentemente, é convidada a participar de comissões de seleção e júris de mostras e festivais de cinema. Há cinco anos, faz curadoria - seleciona os filmes que são exibidos - para o RodaCine RGE, e escreve um guia, com resenhas comentadas, que é distribuído ao público do projeto.
Teatro, jornalismo e cinema
Ivonete Medianeira Pinto nasceu em 13 de setembro de 1961. Muito jovem, foi morar
Quando se formou, em 1985, parou de atuar como atriz. "Eu me dei conta que o meu negócio era falar a respeito e não atuar", avalia. Nos anos 90, fazia crítica de cinema para a Gazeta Mercantil duas vezes por semana. Na mesma época, durante cinco anos, fez comentários sobre cinema para a rádio Universidade, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Também foi repórter de rede da TV Manchete. Desde então, e até bem pouco tempo atrás, trabalhou com assessoria de imprensa para clientes da área da cultura. Em 1998, concluiu mestrado em Comunicação pela PUC e, em 2007, doutorado em Comunicação pela USP.
Outra paixão: viagens
A paixão pelo cinema levou Ivonete a conhecer mais de 30 países, em todos os continentes. Em 1991, ganhou uma bolsa para ficar três meses estudando arte na Índia. "Foi muito legal, pois me despertou duas coisas de que eu gosto muito: cinema e viagem", conta. Depois, também destaca Bósnia, Croácia, Armênia e Irã como países que gostou de conhecer, ora a trabalho, ora a eio. "Se eu vou num lugar que é diferente, certamente eu vou tentar ver filmes daquele lugar, que não são disponíveis aqui", explica. Além do cinema, o aspecto da religião, nestes lugares, é algo que também lhe chama atenção, apesar de ser atéia.
O livro "Descobrindo o Irã", escrito em 1999, é resultado das três vezes que foi ao país. A obra mescla ensaios e crônicas com aventura e os aspectos mais importantes do Irã, levando o leitor a desvendar o universo religioso do país. Também escreveu o livro de ensaios "A Mediocridade - Interpretação Mais ou Menos Séria" (1989) e "Samovar nos Trópicos" (2003), sobre os judeus no Brasil.
Na viagem à Bósnia, em 1997, foi detida ao fotografar uma base militar. "Em nenhum momento eu disse que era jornalista, senão as coisas iam complicar. Então, eu me fiz de turista. Quando viram que eu era brasileira, começamos a falar de futebol e foi aí que eu me salvei", conta. O único prejuízo foi a retirada do filme da câmera fotográfica.
Dia-a-dia recheado de cultura
"A minha mãe acha que eu estou sempre me divertindo, porque eu estou sempre indo ao cinema. Mas pra mim, ir ao cinema é orgânico", explica. Séria e dedicada, nas horas vagas vai sempre ao cinema. "O que acaba não sendo uma folga", brinca. Ivonete aprecia, diariamente, um bom vinho, não abre mão de uma boa leitura e, para música, é bastante eclética. "Eu descobri, tardiamente, o Bob Dylan", conta. Sempre que possível, também gosta de fazer caminhadas.
Por influência do marido, o professor universitário Armando Gauland, com quem vive há 13 anos, desde que se conheceram na Índia,.gastronomia é uma atividade que, de vez em quando, lhe prende a atenção. Ele tem uma cozinha superequipada e gosta de preparar pratos rápidos e práticos, como risotos, para receber os amigos.
No cinema, tem preferência por filmes que mostrem culturas diferentes. "Eu gosto de filmes com esta inclinação mais pro Oriente. E aí entram vários países, desde Coréia, Japão, Israel e, claro, o cinema indiano", destaca. A crítica de cinema garante que, se não fosse jornalista, gostaria de ser escritora - o que é um auto-rigorismo, já que poderia se considerar, depois de ter escrito três livros.
Ivonete avalia que ainda existe muita coisa a ser feita e muitos lugares a serem conhecidos. "Viagem sempre é uma prioridade, assim como o cinema", elucida. Os planos para o futuro também incluem a publicação da sua tese de doutorado, intitulada "Close-up - A invenção do real
