Entidades repudiam falas de vereadores contra o Rio Grande Tem e jornalista

Episódio ocorreu na última segunda-feira, na 'Hora da Doutrina' da Câmara de Rio Grande

Fato aconteceu na Câmara Municipal de Rio Grande - Google Street View/Reprodução

A Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e sua Delegacia dos Jornalistas da Cidade do Rio Grande emitiram nota de repúdio a um episódio ocorrido na 'Hora da Doutrina' da Câmara de Vereadores do Rio Grande na última segunda-feira, 24. O espaço foi utilizado por alguns dos legisladores para proferir falas contra o veículo Rio Grande Tem e a jornalista responsável, Thuanny Cappellari.

Tudo começou com a proposta da Indicação 304/2023 pelo vereador Juquinha (PSB) que requereu um estudo de viabilidade da unificação dos agentes de trânsito à Guarda Municipal. Ele justificou que os guardas têm poder para exercer as mesmas funções dos agentes, enquanto o contrário não pode ser feito, o que auxiliaria o efetivo do município "em ações que julgarem pertinentes, tal como rondas escolares".

Contudo, na última quarta-feira, 19, a realização do estudo foi rejeitada, com seis votos favoráveis e sete contrários, o que levou à publicação da reportagem 'Vereadores rejeitam proposta de estudo para viabilizar segurança nas escolas de Rio Grande', assinada por Thuanny. Para as entidades, quando há uma possível inconformidade de informações, existem meios disponíveis para os devidos ajustes, "sem a necessidade de ataques pessoais". "O trabalho profissional jornalístico é pautado por uma série de práticas e guiadas por um Código de Ética que preza pela informação de qualidade", salientam, na nota.

O Rio Grande Tem também se defendeu por meio de comunicado: "Repudiamos as falas que tentam desfazer da matéria jornalística que foi elaborada com apuração e conduta responsável de profissional jornalista". Na publicação, que leva a da equipe do portal, é reiterada a "profunda indignação com representantes, ao que se esperaria o respeito do trabalho profissional e competente que desenvolvemos, à luz da informação da sociedade e das pautas pertinentes à comunidade rio-grandina e que a cerca".

'Hora da Doutrina'

O primeiro a subir no púlpito e se mostrar insatisfeito com a abordagem do Rio Grande Tem foi Paulo Roldão (Republicanos). "Votamos uma indicação que pedia a unificação da guarda municipal e agentes de trânsito. Nada além disso", justificou. O legislador, que revelou ter ficado surpreso com a manchete, chamou a matéria de "fake news" e disse que quem a escreveu "não merece ser chamado de cidadão". "Isso foi feito ou por má informação ou por não conhecer a Indicação ou por maldade e falta de caráter", pontuou.

Ele foi seguido por colegas como Giovani Morales (Patriota), Julio Lamim (União Brasil), Lary (Cidadania) e Sargento Rodrigues (PP). "Vender fake news é coisa de pessoa sem-vergonha, que se aproveita do pânico das pessoas", disse ainda Filipe Branco (MDB), que defendeu ainda a necessidade do público "ter um filtro" para identificar as notícias mentirosas. "O que nos chateia é a distorção dos fatos. Ninguém em sã consciência votaria contra a segurança para nossas crianças", esclareceu Luka (MDB).

Assista a íntegra da sessão:

Confira a nota das entidades:

A Delegacia dos Jornalistas da Cidade do Rio Grande, o Sindicato de Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul - Sindjors - e a Federação Nacional de Jornalistas - Fenaj - repudiam o uso da Hora da Doutrina da Câmara de Vereadores do Rio Grande para o ataque contra profissionais jornalistas que cumprem sua missão diária de informar a sociedade sobre os principais fatos da região.

Os ataques proferidos por parlamentares contra o portal Rio Grande Tem e sua jornalista responsável, Thuanny Cappellari, na segunda-feira, 24, ultraam, em diversos momentos, os limites republicanos que devem pautar as relações entre os agentes políticos e a imprensa. Vereadores são eleitos para representar a população e, mais do que isso, devem sempre estar dispostos a prestar os esclarecimentos necessários sobre qualquer tema. O respeito entre agentes políticos e profissionais da imprensa deve ser sempre mantido.

Quando há uma possível inconformidade de informações existem meios disponíveis para os devidos ajustes, sem a necessidade de ataques pessoais, como os proferidos. O trabalho profissional jornalístico é pautado por uma série de práticas e guiadas por um Código de Ética que preza pela informação de qualidade.

Por fim, o Sindjors, por meio da Delegacia dos Jornalistas da Cidade do Rio Grande, e a Fenaj repudiam o conteúdo das falas dos vereadores e reforçam que sem imprensa livre não há Democracia.

Confira a nota do Rio Grande Tem:

O Rio Grande Tem vem a público manifestar repúdio diante da fala de vereadores da Câmara Municipal de Rio Grande que tentaram desqualificar o trabalho de nosso portal de notícias.

Na tarde desta segunda-feira, 24, na tribuna, durante fala sobre a matéria que trata da indicação de estudo 304/2023, que foi rejeitada em votação na Câmara de Vereadores de Rio Grande no dia 19 de abril de 2023, por 7 votos a 6, alguns vereadores, referiram-se a reportagem do portal de notícias Rio Grande Tem, que repercutiu o resultado, como "Fake News" .

Destacamos que o Rio Grande Tem cumpriu com zelo e responsabilidade todos os requisitos éticos, no dever de informar sobre uma indicação que foi votada e rejeitada dentro da Câmara de Vereadores do Rio Grande.

Repudiamos as falas que tentam desfazer da matéria jornalística que foi elaborada com apuração e conduta responsável de profissional jornalista.

Honramos o exercício da profissão de jornalista e ressaltamos o nosso compromisso com o público e para o público. Alegações que tentam menosprezar o trabalho profissional do jornalista, não condizem com a postura ética e responsável que, há mais de cinco anos, é desenvolvida no jornalismo do Rio Grande Tem.

Reiteramos a nossa profunda indignação com representantes, ao que se esperaria, o respeito do trabalho profissional e competente que desenvolvemos, à luz da informação da sociedade e das pautas pertinentes à comunidade rio-grandina e que a cerca.

Nosso direito de informar deve ser respeitado, atendendo a liberdade de imprensa, direito fundamental de todos os cidadãos. Lembramos aqui, o que prevê o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, e que conduz as ações e todo profissionalismo desempenhado no Rio Grande Tem.

De acordo com o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros:

Capítulo I - Do direito à informação

Art. 1º O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros tem como base o direito fundamental do cidadão à informação, que abrange seu o direito de informar, de ser informado e de ter o à informação.

Art. 2º Como o o à informação de relevante interesse público é um direito fundamental, os jornalistas não podem itir que ele seja impedido por nenhum tipo de interesse, razão por que:

I - a divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independentemente de sua natureza jurídica - se pública, estatal ou privada - e da linha política de seus proprietários e/ou diretores.

II - a produção e a divulgação da informação devem se pautar pela veracidade dos fatos e ter por finalidade o interesse público;

III - a liberdade de imprensa, direito e pressuposto do exercício do jornalismo, implica compromisso com a responsabilidade social inerente à profissão;

IV - a prestação de informações pelas organizações públicas e privadas, incluindo as não governamentais, é uma obrigação social.

V - a obstrução direta ou indireta à livre divulgação da informação, a aplicação de censura e a indução à autocensura são delitos contra a sociedade, devendo ser denunciadas à comissão de ética competente, garantido o sigilo do denunciante.

Equipe Rio Grande Tem

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