Especialistas debatem destino dos resíduos sólidos
Com plateia lotada no Teatro Bourbon Country, começou na noite desta segunda-feira, 18, o Seminário Cidade Bem Tratada: gestão sustentável dos resíduos sólidos. A …
Com plateia lotada no Teatro Bourbon Country, começou na noite desta segunda-feira, 18, o Seminário Cidade Bem Tratada: gestão sustentável dos resíduos sólidos. A abertura foi feita pelo organizador e coordenador do evento, o advogado e professor de Direito Ambiental Beto Moesch, que alertou para a necessidade de toda a sociedade compreender a importância da gestão dos resíduos para a sustentabilidade e para a qualidade de vida da totalidade da população. "O problema da sociedade não é o crescimento populacional", disse, "mas sim os padrões de consumo acima da capacidade dos recursos naturais. Os resíduos que cada um de nós geram não desaparece quando o caminhão do lixo os leva embora".
No primeiro , sobre Perspectivas e Ações de Consolidação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, o palestrante foi o presidente da Confederação Nacional de Municípios, Paulo Roberto Ziulkoski, que enfatizou as dificuldades enfrentadas pelos es municipais, uma vez que o tema resíduos sólidos diz respeito a toda municipalidade e não somente à Prefeitura. "A lei que estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos sobrecarrega a responsabilidade dos municípios na gestão destes resíduos", disse ele. A legislação estabeleceu que os municípios deveriam elaborar e aplicar seus Planos de Resíduos até 2012, "mas essa questão é muito complexa e requer recursos e o envolvimento de outros agentes sociais. Quando se fala em município, isso é bem mais amplo do que a prefeitura. Envolve todo o conjunto da municipalidade, como a população, os comerciantes, os empresários. Porque só as prefeituras são cobradas e penalizadas pelo não cumprimento da lei?", perguntou o líder político.
Ziulkoski ainda argumentou que a dificuldade para os municípios criarem e aplicarem seus Planos Municipais é tão grande que ele não conhece, no Brasil, nenhum município que esteja cumprindo a legislação na sua totalidade. "Para que a cidade seja bem tratada, todo o poluidor tem que ser chamado à responsabilidade, e não somente a Prefeitura. Precisamos prorrogar os prazos da Lei para que as prefeituras consigam cumpri-la", defendeu o presidente da CNM.
O segundo palestrante da noite foi o médico e ex-eecretário de Meio Ambiente da cidade de São Paulo, Eduardo Jorge, que classificou a relação do governo federal com os municípios de "imperial": "A estrutura de poder e de governo que temos no Brasil coloca os municípios completamente de joelhos diante do governo federal. É um imperialismo absurdo", afirmou, referindo-se aos rees de verbas para as prefeituras, o que dificulta as istrações locais eficientes. Com relação aos resíduos sólidos, Eduardo Jorge defendeu a boa intenção da Lei 12.305: "Ela prega a redução da produção de lixo, a reutilização, a reciclagem e finalmente a destinação final adequada. Mas no Brasil, discutimos somente o recolhimento, ou seja, a destinação final. É como na saúde pública: temos que tratar preventivamente, o que, no caso dos resíduos, é a diminuição da sua produção, a sua reutilização e a sua reciclagem".
Eduardo Jorge também enfatizou a importância da contribuição dos resíduos sólidos no problema que ele considera o mais grave e urgente para a humanidade: o aquecimento global. "Este é o problema ambiental, social e econômico mais grave da humanidade. Somente em São Paulo, 25% da produção dos gases que provocam o efeito estufa derivam dos resíduos sólidos. Este é um problema da dona de casa, dos prefeitos, do Ministério do Meio Ambiente, da humanidade".
O último palestrante foi a integrante do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), Lisiane Becker, que qualificou o gerenciamento dos resíduos como uma questão muito complexa: "Temos que buscar meios de qualificar e instrumentalizar os municípios para a gestão dos resíduos, chamando os empresários e a população para responsabilização dos produtos e embalagens produzidos e consumidos. A visão compartimentada da responsabilidade sobre os resíduos é equivocada. Esta é uma questão que diz respeito ao meio ambiente, às mudanças climáticas, à qualidade de vida. Não temos mais muito tempo para tomar atitudes", alertou Lisiane.
Os trabalhos continuam nesta terça-feira. Confira a programação do dia.
SEMINÁRIO CIDADE BEM TRATADA
PROGRAMAÇÃO
09h00 | | | 2 - Instrumentos da PNRS: licenças ambientais, licitações e planos de resíduos sólidos | ||
Palestra 1 | Ana Maria Pellini, Secretária Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do RS | |||
Palestra 2 | Annelise Monteiro Steigleder, Promotora de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Porto Alegre | |||
Palestra 3 | Andrea Mallmann Couto e Fernanda Nunes, auditoras públicas externas no Tribunal de Contas do Estado do RS - TCE-RS | |||
Coordenador | Luiz Henrique Horn Hartmann, vice-presidente do Sindiatacadistas | |||
? Debate com o público | ||||
10h30 | | | Intervalo | ||
10h45 | | | Estudos de Caso 1 | ||
Case 1 | Programa coleta solidária da Itaipu | Marlene Osowski Curtis, gerente da Divisão de Ação Ambiental da Itaipu Binacional e gestora do Programa de Sustentabilidade de Segmentos Vulneráveis | |||
Case 2 | Reciclagem e beneficiamento do Lodo decorrente do processo da fabricação de celulose | Fernando Noal Bergamin, gerente operacional da empresa Vida, representando a Celulose Riograndense | |||
Case 3 | Disposição de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) no Rio Grande do Sul - cenário e perspectivas | Leomyr de Castro Girondi, coordenador comercial e de novos negócios da CRVR | |||
Coordenador | Melvis Barrios Junior, presidente do Crea-RS | |||
? Debate com o público | ||||
12h15 | | | Intervalo Almoço | ||
14h00 | | | Estudos de Caso 2 | ||
Case 1 | Mercado de Aparas de Papel do RS - Cenário Atual e Projeções | Carlos Augusto Basso, controller da CTS, e Felipe Wisnieski Basso, gerente comercial da CTS | |||
Case 2 | A viabilidade econômica e social das cooperativas de triagem (baseado nos cases de Triunfo e Dois Irmãos) | Roque Spies, consultor técnico em reciclagem de resíduos, Braskem | |||
Case 3 | Programa de reciclagem de tanques subterrâneas | Vanderlei Santetii, gerente do Departamento de Segurança e Meio Ambiente, Grupo Ipiranga | |||
Case 4 | Ana Paula Bernardes, gerente de Projetos de Embalagem na Abividro | |||
Coordenador | Daniel Martini, promotor de justiça | |||
? Debate com o público | ||||
16h00 | | | Intervalo | ||
16h15 | | | 3 - A Logística Reversa e os Acordos Setoriais | ||
Palestra 1 | Zilda Veloso, diretora de Ambiente Urbano, coordenadora de programas relacionados à implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos no âmbito do Ministério do Meio do Ambiente | |||
Palestra 2 | Ademir Brescansin, gerente do Departamento de Sustentabilidade da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica - ABINEE | |||
Palestra 3 | César Faccio, gerente geral na Associação Nacional da Indústria dos Pneumáticos - ANIP | |||
Palestra 4 | Georges Blum, presidente-executivo da Associação Brasileira de Importadores de Produtos de Iluminação - Abilumi | |||
Coordenadora | Carmem Lúcia Vicente Níquel, engenheira química, especialista em Saneamento Básico | |||
? Debate com o público | ||||
18h30 | | | Encerramento |