A conferência de abertura do Fronteiras do Pensamento em Porto Alegre vai falar sobre a história das religiões. Agraciada com o Freedom of Worship Award, do Instituto Roosevelt, a escritora britânica Karen Armstrong será a responsável pela primeira palestra do evento, quando apresentará experiências de vida, relatadas em alguns de seus livros, os quais têm como foco a crescente dicotomia entre religião e filosofia. Segundo ela, as obras são uma tentativa de reconstituir historicamente os fragmentos dispersos dos diversos "nomes" de Deus. A obra autobiográfica 'Through the Narrow Gate', por exemplo, a levou para a televisão nos anos 1980 e lhe concedeu reconhecimento internacional.
Armstrong considera que o próprio ateísmo pode apresentar ideias fundamentalistas e que todas as religiões monoteístas desenvolveram uma forma agressiva de fé contra a cultura secular moderna. Ela acredita também que uma religião que declara guerra à razão não poderá ser vitoriosa: esse é o caminho que leva à perda da fé. "Ao tentar transformar-se em ciência, a teologia só conseguiu produzir uma caricatura do discurso racional, porque essas verdades não se prestam à demonstração científica", argumenta. A religião, defende, é uma "disciplina prática", que depende de exercícios espirituais e uma vida de dedicação. Vencedora do TED Prize em 2008, Armstrong fundou a Charter for Comion, iniciativa focada em promover a compreensão e a paz.