Perguntando ao público o cardápio de café da manhã, pedindo gritos da plateia presente e oferecendo conselhos (que ele odeia). Foi assim que Jack Conte, diretor executivo do Patreon - plataforma que permite que as pessoas paguem seus criadores favoritos diretamente na forma de s mensais - começou sua sessão destaque, chamada 'Creating in a Shit Storm' (criando em uma tempestade de merda, em tradução livre ao português). "Eu realmente odeio conselhos. E quero que vocês odeiem também", afirmou, causando gargalhadas no público.

Twitter, YouTube, Instagram, TikTok, Facebook, entre outras. Existem mais plataformas do que é possível acompanhar e cada uma delas tem um formato diferente. Para os criadores, não há braço que crie conteúdo o suficiente para cada recomendação. Algumas delas sugerem o de três vídeos por dia, por exemplo. Produzir conteúdo, nesse sentido, nunca foi tão desafiador, com a conectividade substituindo a conexão, e o público sentindo a ausência de significado e verdade.

Como consequência disso, os criadores estão esgotados e se questionando se vale a pena lutar pela presença online. Para Jack, que também é cocriador das bandas Pomplamoose e Scary Pockets, fazer uma pausa, seja ela de seis meses, não resolverá os problemas. Em meio a essa tempestade, Jack questiona quais são as possibilidades para alcançar as pessoas, criar no mundo moderno e se inspirar no fim dos tempos. "Quais são as minhas opções? Eu tenho que começar a olhar para dentro, buscando o esclarecimento. Você é a única pessoa que sabe o que é certo para você agora", explica.

Mas afinal, como encontrar uma máquina de inspiração, quando você está de cara de um documento branco por horas e horas? Para Jack, quando se via nessa situação, ele não estava perdendo as ideias em si, mas o "feeling" de criar. Nessa busca, o diretor executivo do Patreon questiona, talvez com uma das perguntas mais difíceis para serem respondidas, segundo ele, o que os criadores estão dispostos a fazer para chegar onde desejam. 

Além disso, Jack também disponibiliza outras perguntas que podem auxiliar os criadores:

O que estamos fazendo que não está nos ajudando a atingir essas metas?

O que poderia ser mais simples?

O que poderia nos poupar tempo?

O que parece nos drenar?

Para onde está indo o tempo? Como podemos categorizar nossas horas?

Quais categorias de atividades e tempo estão nos aproximando desses objetivos? Quais estão nos segurando?

Por último, Jack abordou que ninguém está sozinho, apesar da sociedade estar no meio de uma epidemia de solidão. "Eu acho que é pior do que pensamos. Quando amos cada vez mais tempo na internet, não somos nós mesmos. É isso que me faz sentir sozinho, como se eu fosse o único humano por aí. Mas nós estamos sozinhos. Os outros humanos estão do outro lado da tela", explicou. Aos criadores presentes no evento, que levantaram as mãos se identificando, ele comentou que eles têm o poder de não deixarem as pessoas se sentirem sozinhos.

Com o apoio da ADS, empresa de monetização de portais e e ao publisher, Coletiva.net cobre pela quarta vez o South by Southwest (SXSW). Neste ano, o evento é realizado de forma híbrida, presencialmente, em Austin, no Texas (Estados Unidos), bem como por transmissão on-line. De 11 a 14 de março a jornalista Eduarda Endler escreve para o portal sobre as principais atrações e bastidores do festival, além de abastecer as redes sociais com conteúdos exclusivos.