Durante entrevista coletiva, realizada após o jogo entre Cruzeiro e Grêmio, que aconteceu na última quarta-feira, 27, em Minas Gerais, o técnico Renato Portaluppi fez duras críticas à imprensa. Além disso, o comandante da equipe gremista disse que citaria nomes dos jornalistas que reprovam a situação do clube. Ainda disse: "Se continuar mentindo, vou dar nome aos bois, vou atacar também, chamarei de mentirosos e covardes. Vocês também têm família e filhos no colégio. O torcedor conhece alguns de vocês." 

Profissionais da crítica esportiva

O discurso do treinador não caiu bem na imprensa. Isso porque alguns acreditam que a declaração tem a entoação de ameaça aos profissionais da crítica esportiva. Durante a edição de hoje, 28, do 'Futebol Alegria do Grêmio', o âncora Alex Bagé citou o caso. "Isso é muito grave, porque o Renato trocar farpas com a imprensa é mais antigo do que andar para frente, mas agora, o que ele quis dizer com 'vocês andam por aí, têm filhos nas escolas'?. O que a família dos jornalistas tem a ver com isso?' (...) Um dia foi o presidente atacando a mãe de um jornalista, agora vem o funcionário e faz pior, porque pode tudo."

Outras personalidades da imprensa também deram a sua visão do ocorrido. Pela conta do X, o repórter da rádio Gaúcha André Silva registrou: "Em um dia, o presidente ataca a mãe de uma pessoa. No outro, o treinador faz ameaças às famílias de jornalistas. Esse é o Grêmio, com 121 anos sendo gerido como um clube de bairro."

Na mesma linha de pensamento, o jornalista Nando Gross escreveu nas redes sociais: "Inacreditável o nível em que chegou o clube. Primeiro, o presidente do Grêmio chamou um jornalista de 'filho de chocadeira', agora o técnico Renato ameaça a família e filhos de jornalistas. Qual será o próximo o?", escreveu.

Em vídeo, Leonardo Meneghetti alertou que Renato Gaúcho usou a torcida do Grêmio para fazer ameaças, como se fossem seguidores. "A partir destas ameaças, o treinador se coloca, assim como o também o Grêmio, como corresponsável de qualquer ato de violência que aconteça com jornalistas e seus familiares. O episódio é gravíssimo e merece posicionamento das entidades responsáveis."

O comunicador do Grupo RBS Pedro Ernesto Denardin também se manifestou nas redes sociais, por meio de vídeo. Para ele, o comportamento de Renato nas entrevistas é deplorável. "Esses ataques a jornalistas? Eu sei que têm profissionais ruins, mas o que o Renato está fazendo é uma coisa deplorável. Jornalista ganha dinheiro do Grêmio? Não, quem ganha é o Renato, R$ 1,5 milhão por mês para fazer toda essa bobagem que vem fazendo, treinando um time com alguns jogadores com muita qualidade, mas que não joga absolutamente nada", disse. 

Posicionamentos: 

A Assessoria de Imprensa de Renato, por meio do jornalista Diogo Aída, enviou uma nota para a imprensa. No texto, o treinador registra que não quis fazer ameaças: "Tentarei explicar o que eu disse ontem: será que é fácil para os jogadores ouvir críticas pesadas todos os dias? Como que a sua família se sentiria? Foi isso que eu quis dizer. Eu jamais faria ameaças para profissionais. Sou contra a qualquer tipo de violência. É preciso ter respeito." 

Em pronunciamento publicado nas redes sociais, o Sindicato de Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) registrou que a atitude "flerta com a censura". "Futebol deixa de ser entretenimento e flerta com a censura. O Sindjors, com apoio da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), vem a público afirmar que não aceita, em hipótese alguma, ameaças à integridade de jornalistas e suas famílias. Episódios recentes, envolvendo o Grêmio Football Porto-Alegrense, nos direcionam a memórias nefastas de uma época que repudiamos."

Ao Coletiva.net, José Nunes, presidente da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), disse que se reunirá com Associação dos Cronistas Esportivos Gaúchos (Aceg) para notificar um pronunciamento oficial das duas entidades. Até o fechamento desta matéria, o documento ainda não foi divulgado.

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