Projeto literário resgata histórias de jornalistas vítimas da ditadura

Série de 38 livros biográficos, escrita por Nelson Rolim de Moura, contextualiza repressão e luta por liberdade no Brasil

Com rotina intensa de escrita, o autor busca eternizar vozes de jornalistas silenciadas pela ditadura. - Crédito: Banco de Imagens/Canva

Nelson Rolim de Moura, editor e escritor gaúcho, nascido em Bagé e radicado há mais de cinco décadas em Florianópolis, dedica seus esforços à produção de uma série de 38 livros que narram as trajetórias de jornalistas mortos ou desaparecidos durante a ditadura militar (1964-85). Intitulada 'Coleção Ponto Final', a iniciativa conta com quatro volumes publicados e prevê o lançamento do quinto, sobre Carlos Marighella, em 2025.

O projeto, segundo o autor, surgiu durante a pandemia, inspirado por um dos seus netos, que o incentivou a dividir a vasta pesquisa acumulada sobre o regime em obras individuais. Além disso, a série busca preservar memórias de caráter histórico essenciais para compreender o período. "A imprensa sempre foi a alma dos partidos e das organizações de esquerda", escreveu na biografia de Alberto Aleixo, responsável pelo jornal 'Voz Operária' do PCB, destacando o papel central da mídia no enfrentamento ao regime militar.

Um projeto de vida

Para dar conta da tarefa de lançar dois livros por ano, Nelson mantém uma rotina disciplinada de produção, escrevendo durante a madrugada. Desde que iniciou a coleção, ele acorda às 4h da manhã e dedica as primeiras horas do dia à escrita. "O tempo está ando rápido", afirmou em seu livro de memórias 'Não Esquecemos a DITADURA - Memórias de Violência", salientando a urgência de registar esse relatos.

O autor estima concluir os 38 volumes nos próximos anos, trazendo à luz histórias que servem tanto para rememorar o ado quanto para lançar reflexões sobre o futuro. A coleção está sendo publicada pela sua própria editora, 'Insular', cujo acervo possui mais de 1.500 títulos diversos. No início do horário comercial matutino, empresa familiar onde se ocupa sobretudo de pesquisas para sua obra histórico-literária, a rotina da editora está aos cuidados de dois funcionários.

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