Jornalistas e críticos de Cinema analisam cenário local e nacional em 2025

Reportagem do Coletiva.net conversou com especialistas para entender suas visões sobre o atual momento do segmento

Entrevista foi realizada com Daniel Rodrigues, Matheus Pannebecker e Roger Lerina - Crédito: Arquivo Pessoal

O Cinema nacional ganhou forte repercussão nos últimos dias, sobretudo com a indicação de Fernanda Torres ao Oscar para 'Melhor Atriz', com o filme 'Ainda Estou Aqui'. A produção também concorre em duas categorias da premiação, sendo elas a de 'Melhor Filme' e 'Melhor Filme Internacional'. Ainda, a atriz brasileira, filha de Fernanda Montenegro, recentemente conquistou os prêmios 'Globo de Ouro' e 'Satellite Awards', na posição de 'Melhor Atriz em Filme de Drama'. E para saber sobre o cenário, bem como o segmento do Rio Grande do Sul, a reportagem do Coletiva.net conversou com alguns jornalistas e críticos de Cinema gaúcho para entender e ouvir suas visões sobre o atual momento. 

Para Daniel Rodrigues, presidente da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (Accirs), a indicação de Fernanda é importante e histórica, pois por meio de seu sucesso internacional, as pessoas têm olhado mais para o cinema brasileiro, o qual ele diz ser bastante apartado de certos mercados. "Isso tem o poder de atrair investimentos para o Audiovisual conforme haja mais penetração em outros países produtores", disse. 

O jornalista mencionou, também, sobre a sensação de orgulho da população, que iniciou com o Globo de Ouro e permaneceu durante a indicação ao Oscar. Na sua visão, percebe-se um sentimento de Copa do Mundo ou de 'Fórmula 1'. "Agora, o fenômeno que vemos é de uma torcida para um produto cultural qualificado, que mostra que o Brasil é, sim, capaz de competir com o que vem de fora em pé de igualdade", afirmou Daniel.

Outro ponto dito foi em relação as redes sociais, que não existiam na última indicação do Brasil a premiação, com Fernanda Montenegro em 'Central do Brasil'. O jornalista, crítico de cinema e membro da Accirs Matheus Pannebecker disse que o momento é histórico. "Além dos motivos mercadológicos, pois a atriz tem sido o carro-chefe de 'Ainda Estou Aqui' na campanha de divulgação do filme nos Estados Unidos". 

Confiança para Oscar 2025

Matheus ressaltou sobre as chances de conquista, bem como o sentimento de comemorar o acontecimento. "Fernandinha tem a oportunidade de trazer a estatueta para casa, especialmente porque a indicação de 'Ainda Estou Aqui' na categoria principal de melhor filme capturou a atenção dos votantes que ainda não tinham visto o longa", complementou. 

Em conversa com Roger Lerina, o jornalista e membro da Accirs destacou a qualidade na atuação da atriz na produção brasileira. Além disso, frisou  a interpretação comovente, porém contida e que comunica as emoções da personagem com expressões. Mesmo reconhecendo que as demais interpretações que concorrem ao prêmio são boas, Roger acredita que Fernanda tem chances de ganhar. "Artista versátil que transita com o mesmo talento pela comédia e o drama, Fernanda tem plenas chances de levar a estatueta negada injustamente a sua mãe Fernanda Montenegro", crê.

Cinema gaúcho 

Daniel comentou que o cinema gaúcho está em uma fase pujante, com realizadores experientes. Para ele, as leis de incentivo advindas com o Ministério da Cultura têm impulsionado o mercado em nível estadual e municipal. Agora, a sua expectativa para o atual ano é o lançamento de filmes no Estado, onde possam abordar diversidade de temas, propostas e conceitos. "É positivo ver cineastas consagrados como Jorge Furtado, Carlos Gerbase e Tabajara Ruas, dividindo a agenda de lançamentos com realizadores em seus primeiros projetos", afirmou. 

Ainda, o presidente da Accirs disse que a multiplicidade e diversidade fortalecem o Cinema local. Assim como em outros estados do país, ressente-se quando políticas públicas não favorecem ou desmerecem a cultura e o setor audiovisual como um todo. "Dificuldades existem, mas não é o caso de agora", mencionou. 

Matheus celebra que o público gaúcho segue frequentando as salas de cinema, mesmo frente às dificuldades que foram enfrentadas no Estado. "Cerca de 5,3 milhões de pessoas foram às salas no ano ado, apresentando um aumento de 4% em relação a 2023". Ele também destacou que o Rio Grande do Sul permanece com suas produções a pleno vapor, com pluralidade, ilustrado por títulos de veteranos e pessoas que se firmaram como expoentes da produção. "É uma evolução que os números por si só sinalizam como positiva, mas que é sublinhada pela diversidade de propostas, olhares e descentralizações", concluiu. 

Roger Lerina indica que o Cinema gaúcho terá um ano excepcional, mesmo após enfrentar adversidades. "A previsão é de que cerca de 25 longas-metragens rodados no Estado entrem em cartaz em 2025, além de mais de uma dezena de filmes cuja produção ou rodagem está prevista para se iniciar neste ano", completou. Ele afirmou que a expectativa é que o Sul se consolide como o local com um polo de produção cinematográfica.

A reportagem também entrou em contato com outras referências da crítica, a exemplo de Mônica Kanitz. No entanto, até o fechamento desta matéria, não obteve retorno. 

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