Entidades de Comunicação desenvolvem guia para cobertura de eventos extremos

Material tem objetivo de contribuir com profissionais da imprensa que atuarão com eventos de grande impacto coletivo

Grande parte das publicações que orienta profissionais do Jornalismo a lidar com possíveis sintomas de estresse intenso - Crédito: Reprodução

O Observatório de Comunicação, Liberdade de Expressão e Censura (OBCOM), grupo de pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), a agência de Comunicação DIX Conteúdo e Relacionamento, com apoio da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), desenvolveram o 'Guia Básico para Jornalistas em Cobertura de Eventos Extremos - Preservando a Saúde Física e Mental em Situações de Intenso Estresse'. O material tem o objetivo de contribuir com profissionais e empresas de Jornalismo que atuarão com eventos de grande impacto coletivo. 

O guia explica, de forma resumida, como ocorrem as coberturas de situações extremas, com dicas de como repórteres podem se preservar e como as lideranças podem proteger suas equipes. O material foi desenvolvido a partir da análise de artigos, vídeos e literatura sobre trauma, Comunicação de risco e de estudos do OBCOM, em uma parceria do grupo de pesquisa com a Dix em uma iniciativa pro bono.

Conforme Daniela Osvald Ramos, professora doutora da Escola de Comunicações e Artes da USP, coordenadora do OBCOM, profissionais que atuam em eventos extremos ficam expostos a situações altamente estressoras, e essa exposição pode levar a sintomas de estresse intenso e mesmo à síndrome do estresse pós-traumático, entre outros quadros psíquicos. "Se o jornalista for morador do local onde os eventos acontecem, pode ser impactado duplamente: pelo desafio da cobertura e por poder ser atingido pessoalmente pelo evento", afirma.

Publicações e orientações

A grande parte das publicações que orientam profissionais do Jornalismo a lidar com possíveis sintomas de estresse intenso e as consequências na sua saúde física e mental foca em situações de conflito e guerras e, em geral, estão disponíveis apenas em inglês. Diante dessa realidade, o guia nasceu com a missão de levar informação e promover o debate de um tema ainda em construção no Brasil: a atenção à saúde mental e o trabalho potencialmente traumatizante de jornalistas.

Elen Petterson, diretora da DIX, destaca que mais de dois mil jornalistas perderam a vida em decorrência da pandemia, em um ranking de 94 países encabeçado pelo Brasil. Desastres ambientais no país com cada vez mais frequência e com a cobertura da mesma geração de profissionais, que vêm lidando repetidamente com a dor de quem perde tudo e vivenciando situações de dimensões inéditas, como a que aconteceu no Rio Grande do Sul. "É fundamental nos voltarmos para os cuidados com a saúde física e mental desses profissionais e das novas gerações", afirma.

Para a presidente da Fenaj, Samira de Castro, o apoio institucional ao guia é mais um o no fortalecimento da política da entidade sobre a saúde mental da categoria. "Temos a responsabilidade de lidar com a cobertura de eventos extremos, seja na área do meio ambiente, da saúde ou da segurança pública. E precisamos de material rápido de apoio, como as dicas apresentadas nessa publicação", disse.

O guia completo pode ser ado por meio deste link.

Comments