A Revista Tição, períodico que trata sobre histórias e o movimento negro brasileiro, recebe uma edição exclusiva em tributo a quase meio século de existência. Intitulada de 'Tição Especial -  50 anos de Resistência', o material será lançado na próxima terça-feira, 28, a partir das 18h30, na Biblioteca Pública do Rio Grande do Sul (Rua Riachuelo, 1190 - Centro Histórico, em Porto Alegre). Participarão do evento alguns fundadores como: o coordenador Editorial, Emílio Chagas; a diretora-geral do Sindicato de Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors), Jeanice Ramos; e a ex-presidenta do Sindjors Vera Daisy Barcellos. 

Com entrada franca, o lançamento contará com shows de Maguerite Silva Santos e Naiara Oliveira. O jornal, que teve sua última edição impressa em 1980, já chegou a outros estados brasileiros e a países da América Latina e da Europa. Em seus exemplares, trazia anseios e reivindicações que demonstravam a insatisfação com a forma como a história da população negra era contada. O veículo surgiu como um instrumento de luta, resistência, contestação e autoafirmação de um grupo de pessoas que viam a necessidade de propor um meio de Comunicação feito por negros e para negros. 

"Éramos jovens e rebeldes. Queríamos ser a mídia negra contemporânea. Para isso nos reunimos periodicamente para tratar destes rumos. Foi muita conversa, muita reunião. Para discutir uma pauta podíamos demorar semanas", recorda Jeanice. 

O que era para ser uma revista tornou-se um movimento, com debates e discussões sobre pautas e abordagens. "Hoje, quase cinco décadas depois, percebemos que as pautas continuam válidas e atuais. Por isso, resolvemos voltar e prosseguir na luta antirracista. Ainda tem um longo caminho pela frente, pois o racismo ainda está aqui", enfatiza Emílio.

Atualmente o grupo se reestrutura e busca fazer uma releitura dos exemplares da Tição. Além disso, o objetivo é agregar jovens que também querem ver um exemplo de Comunicação negro bem-sucedida.