Curador do Festival, Santuario fala sobre as mudanças do evento ao longo da última década

Há 11 anos jornalista participa da seleção dos filmes que são transmitidos nas telas

Curador do Festival Marcos Santuario - Crédito: Edison Vara/Agência Pressphoto

Jornalista e crítico, Marcos Santuario - curador do Festival de Cinema de Gramado ao lado do ator Caio Blat e da atriz Soledad Villamil, de longa-metragens brasileiros, latinos e documentais -, é o mais longevo nessa posição, ao atuar desde 2012. Em entrevista à reportagem do portal, disse que pôde perceber de perto as mudanças que ocorreram no evento nos últimos 11 anos. Segundo ele, em seu primeiro ano os idealizadores queriam inovar para o futuro. 

"Em 2012, quando fui convidado, a ideia era trazer uma temporada nova, eram os 40 anos do Festival e a próxima década tinha que ser diferente. Foi aí que nós pensamos no ineditismo dos filmes", salientou, ao complementar que a partir disso todos os longas-metragens brasileiros que entraram nesses 11 anos são inéditos e têm estreia brasileira aqui em Gramado.

 O aumento da qualidade e quantidade de produções na última década foi um dos pontos abordados por Santuario. Nesse ano, foram analisados 400 filmes e somente 11 foram selecionados para serem exibidos nas telas do Palácio dos Festivais. "A cada ano aumenta o número de filmes inscritos, e quanto mais filmes, maior a possibilidade de obras com qualidade. Temos encontrado essa qualidade cada vez mais, o que dificulta o nosso trabalho, porque temos que selecionar e muita coisa boa fica de fora."

Santuario também disse que o curador tem a obrigação de complicar a decisão do júri, com bons filmes que dificultem a definição dos principais prêmios. Outro ponto destacado pelo crítico foi a importância de apresentar filmes que mostrem a diversidade do cinema brasileiro. 

Além disso, as negociações entre cineastas são uma parte crucial do evento, de acordo com o curador. "De acordo com ele, há diretores que, aqui no Festival, estão contratando atores para os próximos filmes, produtores que estão acertando novas produções com diretores e empresas que estão negociando para distribuir filmes. "Isso também é o papel de um festival, não é só mostrar filmes na tela, os encontros paralelos a essas exibições dão força para uma continuidade."

Para reforçar a ideia, o curador falou sobre o caso do filme 'Colegas' que, depois de ganhar um prêmio no Festival de Cinema de Gramado, teve os direitos adquiridos pela Netflix. A partir disso, o diretor teve a oportunidade de realizar o primeiro longa-metragem brasileiro produzido por um streaming.

Depois da seleção dos filmes, os curadores ainda observam o funcionamento deles na grade de programação, tentando encaixar longas com curtas, bem como decidir o melhor momento para as homenagens. "Não foi por acaso que no mesmo dia em que a Ingrid Guimarães, a maior atriz de comédias do Brasil, foi homenageada enquanto apresentamos o filme da vida do Mussum." Santuario também afirmou que o fato desses filmes serem selecionados e transmitidos no Festival é a maior premiação possível que os realizadores dessas obras poderiam imaginar em suas carreiras, devido ao alcance atingido pelo evento.


A equipe de Coletiva.net acompanha  o 51º Festival de Cinema de Gramado, realizado de 11 a 19 de agosto, na Serra Gaúcha. Nessa edição, o apoio é da Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), que enviou quatro estudantes de Jornalismo e Produção Audiovisual para reforçar a cobertura. O público pode conferir matérias e entrevistas exclusivas sobre o evento no portal, repercutidas nas redes sociais - Facebook, Twitter e Instagram -, além de drops em Coletiva.rádio. Além disso, haverá conteúdos produzidos especialmente para a Coletiva.tv.

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