Virgindade, ainda um tabu 5v4i5w

Impressionante o que está mexendo com os ses o caso da anulação de um casamento porque a esposa, assumida como muçulmana, teria itido ao … 461p52

30/05/2008 00:00

Impressionante o que está mexendo com os ses o caso da anulação de um casamento porque a esposa, assumida como muçulmana, teria itido ao marido (obviamente muçulmano) que lhe havia mentido que ainda era virgem. Tudo aconteceu em abril mas ainda pipoca, diariamente, nos principais veículos de comunicação da França, endereço certo para as manifestações de organizações e personalidades que protestam mais contra a decisão da Justiça em anular a união do que propriamente contra o preconceito do marido e, em última instância, de sua religião. 1ty30

O tribunal de Lilli agiu alegando que "houve erro sobre as qualidades essenciais do cônjuge", uma disposição do artigo 180 do código civil. Pelo aspecto legal, portanto, tudo estaria? legal.

Mas incomoda muito a gente saber que, ainda hoje, um homem vai se queixar publicamente de algo privado. Segundo o advogado do tal esposo que se considerou traído por, digamos, antecipação, o moçoilo se sentiu enganado e que não poderia confiar em alguém que lhe mentiu desde o começo da vida em comum. O nobre causídico ainda menosprezou o fato: "Não é preciso fazer desse caso uma ressurreição de uma volta à religião e ao obscurantismo. É simplesmente uma aplicação das regras de anulação de casamento".

Claro que os intelectuais estão dando piteco a torto e a direito. Até Elisabeth Badinter (lembram, aquela que negou o instinto materno?) ficou tão, mas tão chocada, que se declarou "ulcerée" pela decisão, alertando que o fato vai detonar uma corrida de jovens muçulmanas aos hospitais em busca da cirurgia de reposição do hímen.

Por sua vez, a presidente da Ni Putes ni Soumises (Nem Putas nem Submissas) se disse "catastrophée".: "Fomos traídas por nossa própria justiça", dramatizou, apontando uma ação em direção ao que chamou de "institucionalização do relativismo cultural e ainda uma condenação sem precedentes das mulheres". Sihem Habchi falou até em uma "fatwa" contra a liberdade das mulheres.

Ah, sim. O Partido Comunista também estrilou, mas usou adjetivos menos teatrais: "É uma decisão escandalosa que vai contra o direito das mulheres à sua intimidade e à livre disposição de seu corpo".

Mas, como sempre, mais divertido que as matérias é ler os comentários dos leitores dos sites. "Estes protestos não têm nada a ver: vocês queriam que ela continuasse com esse merda?", diz um. "Triste país que não evolui, mas regride e considera a mulher como um objeto que deve ser novo para um homem", diz outro. Um provocador já pergunta: "não entendo a reação destas ?feministas? se o sujeito se sentiu traído por que não teria ele o direito de se divorciar? Direitos iguais, não?".

"Os juízes deixaram que a lei sa fosse usada a favor de um costume que nosso direito não pode tolerar", chiou outro que se nomeia "defensor da laicidade".

O marido, antes que eu esqueça de contar, não é um operário ou um inculto moço muçulmano: é engenheiro, tem 30 anos e afirmou que descobriu que a esposa não era mais virgem na noite de núpcias, em oito de julho de 2006. Não só "descobriu" como correu a contar para a parentalha. O que se seguiu foi triste, como ainda ocorre neste tipo de sociedade desigual regida por sombrias leis religiosas: a mulher foi devolvida à família, que também ou a ser considerada desonrada. Vinte dias depois, o ofendido rapaz dava entrada no pedido de separação judicial.

A lei aplicada no caso prevê que entre os erros íveis de anulação está a descoberta de que um dos cônjuges mentiu sobre a nacionalidade ou incapaz de manter relações sexuais normais. Vejam bem: normais. Ah, a lei?

Viramos o século, o mulherio jura que conquistou sua "emancipação" a partir de maio de 68, lá mesmo, na França, mas a verdade, verdadeira, é que contra a ignorância, o radicalismo e a fé cega em nome de uma divindade que é a favor apenas do homem, não tem lei nem protesto que chegue a tempo. Infelizmente.