Já tenho meu tipo inesquecível no jornalismo eletrônico mundial: ela é Mika Brzezinski, apresentadora do programa Morning Joe, da MSNBC, que botou no picador de papel da redação do jornal, ao vivo, a notícia que deveria comentar sobre a libertação da abominável Paris Hilton. O vídeo, um dos sucessos do Youtube, mostra a elegante indignação da nobre colega com o destaque dado à notícia sobre a saída do xilindró da garota ricaça que a mídia tornou celebridade por ser uma rica boba-alegre e contraventora, muito mais que por ser herdeira milionária de uma cadeia de hotéis. Tenho ouvido e lido, especialmente nos comentários dos blogues, muita reclamação sobre o papel das mídias na construção e na destruição de personagens. Estamos perdidos na poeira, vamos reconhecer, mesmo que esta seja uma afirmação genérica. 5r504k
Faz muito tempo que esquecemos as regras do bom jornalismo para sair à cata de coisas que rendam manchetes bombásticas capazes de atrair o distinto público leitor, ouvinte, telespectador ou internauta, deixando de lado noções básicas como seriedade, ética e comprometimento.
Não vou consertar este mundo nem é minha pretensão ser a sua palmatória. Mas, como consumidora de produto jornalístico, a cada dia me irrito mais com o que vejo, ouço e leio. Há um visível desrespeito pela inteligência de quem busca se informar.
Textos mal escritos, agredindo o português com a maior desfaçatez que um simples "erramos" acha que conserta. Notícias com ausência de elementos fundamentais para seu entendimento exibindo pressa e falta de conhecimento de quem as fez. Má-intenção sustentada por empresários que usam jornalistas despreparados e/ou burros/mal-intencionados para plantar verdades que uma investigação rasa já bota por terra. Esse é o jornalismo que se tem, hoje, num número muito acima do permitido pelo razoável.
Isso cansa. Para quem quer exercer seu direito de ser bem informado, cada porcaria veiculada é uma paulada direto no cérebro.
Tenho lido coisas que dão vontade de fazer o mesmo que Dona Mika. Antes, eu até dedicava meu sorriso de canto de boca para toda uma deitação de falta de sapiência presente em noticiários, artigos e comentários. Agora, confesso que minha paciência se esgotou. Não o mais ver, por exemplo, recém-saídos dos cursos de jornalismo analisando, do alto dos seus 20 e poucos anos, autores como um Somerset Maugham como se dele fosse profundo conhecedor. Ou frases espirituosas em meio a denúncias que arrepiam os cabelos. Afinal, que tipo de jornalismo estamos fazendo hoje? Para que serve? Para quem serve? Onde isso vai parar!?