O dia de glória chegou 31046

“Slogan de Segolène Royal na véspera do debate : não sejam sarko-maso.” Esta é a manchete do autodenominado “modeste Cyber-Canard”, a visivelmente pobre versão … 682k6r

04/05/2007 00:00

?Slogan de Segolène Royal na véspera do debate : não sejam sarko-maso.? Esta é a manchete do autodenominado ?modeste Cyber-Canard?, a visivelmente pobre versão virtual do eternamente contestador-adolescente jornal francês Le Canard Enchaine. t5g19

Humor bem francês, como se vê. E que não está, obviamente, presente em todas as mídias. O cinquentão Le Monde reproduz declarações de efeito de Nicola Sarkozy sobre a concorrente, do tipo ?por que uma mulher desta qualidade tem sentimentos tão violentos??. Já a representante da gauche-caviar bate na tecla do perigo que ameaça a França com a possível vitória do oponente, em especial nas relações inter-raciais. E cita os grandes conglomerados, responsáveis por mídias como os grupos familiares Lagardère (que comanda TF1, LCI, TPS) e Bouygues (TF1, LCI, TPS) como autores de divulgações tendenciosas. Contra ela, é claro. Se estivessem a favor, não reclamaria.

Já o Figaro, do alto dos seus 150 anos, não hesita em apontar a vitória de Sarkô: com 54,5% das intenções de voto contra 45,5% de Segô, o político que os garotos do subúrbio chamam de ?candidato da polícia? ultraaria o escore de François Mitterrand en 1988 (54,01%) e chegaria perto do obtido por Charles de Gaulle em 1965 (55,20%).

Pelas contas do Figaro, Mme. Royal só leva vantagem na faixa dos eleitores de 18 a 24 anos e entre operários e entre o que os ses chamam de ?profissionais intermediários?.

A garotada de alguns subúrbios mais sensíveis (leia-se cheios de imigrantes e filhos de), que aposta em Segolène, entrevistada pelo Monde já avisou: se Sarkozy realmente vencer, que a França se prepare para viver ?un bordel?, ou seja, uma bagunça. Aliás, esta é a gíria da hora não só dos jovens ses: 100 entre 100 ses usam esta expressão a toda hora, para qualquer situação que fuja ao normal.

De todo modo, há um medo real de que o resultado favorável a Sarkozy detone manifestações bem ao gosto local, com muita gritaria e certa fúria típica de quem derrubou a Bastilha e jogou paralelepípedos nos flics em maio de 68.

Prevenido, o governo anuncia um dispositivo que anuncia como ?típico de um 14 de julho ou de uma São Silvestre? para o grande dia do segundo turno. Ao todo, 79 unidades de forças especiais serão mobilizadas, 43 delas só na Grande Paris, reunindo cerca de 8 mil homens. Outros 12 mil policiais estão convocados.

Quem governará, daqui para frente, todo aquele patrimônio histórico-cultural que leva o dinheiro de milhões de turistas todos os anos? Segô, filha de militar, nascida em Dakar, socialista desde 1978, magra, charmosa e respeitada por peleias difíceis contra, por exemplo, a pedofilia, mas, por incrível que pareça, capaz de lançar uma cruzada contra os desenhos animados japoneses, a que classificou de medíocres e nulos e incitadores à violência? Zarkô, o bicho-papão da esquerda, parisiense da gema, origem judaica mas criado no catolicismo, que, em seu blog, com um relógio digital que faz contagem regressiva para a vitória, e a bordo de uma arte que reproduz a tela de uma televisão com as iniciais NS TV, agradece a todos e diz: ?sozinho, não se pode nada, juntos se pode tudo?? Seja como for, para um povo que curte uma eleição como poucos no mundo, le jour de gloire est arrivé.