Crowd o quê??? 6q45

Quanto vale um trabalho voluntário? Ele pode ser avaliado em valores monetários? E quando este trabalho voluntário serve para aumentar os ganhos de quem … 6l3ro

13/07/2007 00:00

Quanto vale um trabalho voluntário? Ele pode ser avaliado em valores monetários? E quando este trabalho voluntário serve para aumentar os ganhos de quem dele se vale sem qualquer proposta reconhecidamente social? 6i1k48

Claro. Quem não quer uma vitrina para mostrar seu potencial? A partir de uma exposição bem feita, quem sabe o que pode vir, em contratos, contatos, etc?

Estas perguntas venho me fazendo há tempos, quando vejo, por exemplo, no Portal Terra, aquela chamada Você Repórter do Terra. Funciona assim: você se inscreve, aceita as condições do contrato (que prevê apropriação e uso totais e irs do material) e, em troca, ganha seu nome na calçada da fama do mundo virtual. Em nenhum momento se fala em pagar pelo serviço.

Esta semana, Francis Pisani, do blog Transnets, publicado no Le Monde,  dedicou dois posts ao tema crowdsourcing, o maior sucesso da web 2.0 hoje e que, traduzindo para o português mais chão, seria o nosso conhecido mutirão.

Através desta, digamos, ferramenta esperta, blogs e sites convocam gente com tempo e vontade de usufruir de seus minutos de fama para realizar tarefas gratuitas que, se fossem confiadas a profissionais, teriam os devidos custos.

A promessa de um mundo aberto citada por Pisani, que repousaria sobre a divisão e a colaboração e "uma bela oportunidade de fazer voluntários trabalhar sem precisar pagá-los ou gratificando-os com uma miséria" integra uma realidade que ainda não pode ser bem compreendida e, digo eu, gerida.

A exploração do trabalho, pra mim, está implícita neste uso de força-tarefa que vem servindo a diferentes fins: quem pode, explora, e quem acredita talvez por precisar de uma janela para expor seus conhecimentos e idéias ou por pura ingenuidade, se deixa explorar.

André Fugita, no site Techbits, no artigo Esqueça o outsourcing. O negócio agora é crowdsoursing, relaciona endereços que usam e abusam do recurso, como a  locadora on-line norte-americana de DVDs Netfix, que promete 1 milhão de dólares a quem desenvolver um algoritmo 10% melhor no quesito sugestão de filmes do que o sistema atual deles. Claro. Eles pagam. Mas se premiar custa 1 milhão de verdinhas, quanto não custaria pagar pesquisadores para fazer o serviço?

Andando pela rede, há exemplos por todos os lados. No próprio Terra, as traduções para o banco de letras de músicas são feitas pelos usuários, que enviam suas colaborações e também as correções. As ferramentas automáticas de tradução, em especial do Google, também adotaram a tática: para melhorar o produto, pedem que o usuário corrija o que estiver ruim e encaminhe para eles.

Mas, para mim, o exemplo mais escancarado de uso de trabalho gratuito a partir deste desejo de bom-mocismo humano (que falta, por exemplo, nas visitas a hospitalizados e em asilos de crianças e velhos) é a Wikipedia. Sucesso absoluto, a maior enciclopédia de todos os tempos é feita por nós, ó suprema graça! Mesmo que coberta de falhas e erros. Agora, o rico dinheirinho dos anúncios vai mesmo é para as empresas que colocam estes pega-ratão pós-modernos no ar. E la nave va.