Réveillons 273h1

Meu coraçãoNão sei por queBate feliz, quando te vê(Pixinguinha e João de Barro) Meu nome é Antonio Blandy da Silva. Ainda bebê, me chamavam … 3d33d

07/01/2008 00:00

Meu coração Não sei por que Bate feliz, quando te vê (Pixinguinha e João de Barro) 44t3j

Meu nome é Antonio Blandy da Silva.

Ainda bebê, me chamavam de Toninho. No mesmo dia em que completei seis anos, nasceu meu irmão Pedro Paulo. Assim que começou a falar, Pepê só me chama de Ninho. A família aderiu, amigos também e, hoje, com 34 anos, ainda sou, para eles, o Ninho.

Na véspera do Ano-Novo, como acontece há anos, lembrei-me da minha cidade, São Paulo, num sábado à tarde, 29 de dezembro, quando eu tinha 18 anos, uma namorada que eu amava e pouquíssimos cruzeiros no bolso.

Naquela tarde de sábado, na escola em férias, uma partida de basquete não aconteceu por WO do adversário. Dan, o amigo, sugere que a gente arrisque nossa pouca soma de dinheiro nas corridas de cavalo, numa agência lotérica. Lá fomos os dois.

Sorte de videntes, acertamos alguns vencedores e duplas, e um bom lucro, dividido por dois, já garantia um belo réveillon com as nossas namoradas. Dan sugeriu que fôssemos para o salão de sinuca, pois eu era bom de taco. Fomos e aumentamos o lucro.

Quase 9 da noite, Dan pede que eu o acompanhe. Pega um táxi, dá um endereço e à minha pergunta para onde íamos, pediu-me que aguardasse.

Chegamos a um velho casarão, a porta foi aberta por uma irmã de caridade e percebi que estávamos num pequeno asilo de velhos.

A freira festejou Dan com carinho e ele puxou algumas notas, pediu-me outras e, com beijos, despediu-se da irmã que, na saída, explicou-me ser ela sua irmã de sangue mesmo. No táxi que nos esperava, Dan, percebendo que eu escondia minha curiosidade, foi lacônico:

- Fernanda, esse o nome dela, namorou um rapaz por dois anos que, sem maiores explicações, rompeu o namoro às vésperas do noivado. Ainda que muito religiosa, nos pegou de surpresa ao ir para o convento. Meus pais parecem conformados, mas, às vezes, pego minha mãe chorando sozinha.

O percurso até a casa de Dan, onde o deixei, aconteceu no mais absoluto silêncio e, ao chegar em casa, eu ainda ruminava como um único momento pode abalar tudo, algo assim como um raio assustador que quebra a paz da madrugada.

Um único momento pode transformar uma Fernanda em Irmã Dulce , ou não. Quem sabe dos desatinos do destino?

Era véspera do outro novo ano, eu tinha 19 anos quando minha namorada - meu primeiro amor - e eu rompemos.

Não foi uma briguinha a mais, foi rompimento mesmo e a lembrança da Irmã Dulce, além de minha ojeriza por qualquer religião, traçaram um caminho inverso. No Carnaval, eu, alegre, já iniciava um novo romance. Minha vida tem sido assim, um rodízio de afetos e eu dançando conforme a música. Ou melhor, dançava, pois preenchendo um cartão que acompanhava as flores, eu cantalorava:

Vem, vem, vem, vem Vem sentir o calor Dos lábios meus À procura dos teus Vem matar esta paixão Que me devora o coração E só assim então Serei feliz, bem feliz

Sinto que, além do ano, está vindo algo de novo por aí.

Inté.