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O Poema Para Rachel, minha filha Não avaro das palavras, como o hai-kai Mas breve, como a vida (Por mais longa…)   O calor, cujo … t585x

12/02/2007 00:00

O Poema 2co5l

Para Rachel, minha filha

Não avaro das palavras,

como o hai-kai

Mas breve,

como a vida

(Por mais longa?)

 

O calor, cujo suor rendeu aqui em Coletiva brilhantes sacadas do Fraga, ainda que menos úmido, chegou aqui no Rio, depois de um longo e saboroso atraso. Como o meu suor é menos produtivo que o do companheiro e teleamigo, andei catando por aí coisas que editores distraídos já publicaram.

Dia 23 de janeiro, por exemplo, o "Pensamento do Dia", do Jornal da Ciência, da SBPC, foi deste colunista:

A vida é um rascunho do sonho de vida.

Daí, veio o entusiasmo, censurado pela reflexão.

Quando elogiam o meu trabalho, o ego quase explode, mas lembro que "o elogio, quanto menos merecido, mais apreciado". Então, broxo. Minha oração é Livrai-me da presunção, pois do orgulho - por falta de motivos - já me livrei.

Essa Resignação começou em 1955 e terminou há poucos meses. Pensar que neste tempo todo eu só fui me acostumando à idéia de aceitar?

 

Resignação

A sombra projetada na calçada

É uma mutilação que aceitamos.

Igual à vida,

Que também aceito.

 

Paciência

Levantou-se e a calça rasgou no joelho.

Sentou-se novamente e começou a fazer a bainha no buraco.

 

A maior coincidência da minha vida aconteceu quando meu pai conheceu a minha mãe. Eu devia ser mulato, tive uma mãe branca e outra preta.

Acordo, abro o jornal e começam os pesadelos.

Há países onde a gente nasce cidadão e vira sobrevivente.

Enquanto o navio se afastava, ele pensava que jamais seria encontrado por uma bala perdida.

Deus foi brasileiro enquanto os índios eram maioria.

O verde da esperança amarelou.

Tributo a Barbalho, Cuequeiros, Jefferson, Maluf, Mensalinhos, Mensalões, Palocci, Sanguessugas, Valério et caterva: o clima de corrupção é tão grande que agora todo mundo é culpado, até prova em contrário.

Porque não me ufano do meu país (Precisa explicar?).

Se você não tem nada a fazer, não se iluda com coisa melhor.

Malandro é o cara que gosta de viver e exagera.

Qual a referência de um cego de nascença para masturbar-se?

Cheirinho de talco na bundinha de bebê é poesia pura.

Só a poesia explica o inexplicável.

 

Outro dia, o nosso Fraga lançou uma justificada catilinária contra os livros de auto-ajuda. Lembrei-me que o Paulo Coelho ajudou-me muito, através da música, quando parceiro do Raul Seixas, que, ao morrer - creio -, carregou para o túmulo a inteligência do parceiro. Lembrei-me de alguns autores dos milhares de livros que me ajudaram: Aristófanes, Camões, Antonio Machado, Dostoievsky, Erasmo de Roterdã, Lope de Vega, Molière, Pessoa, Shakespeare, Sófocles, Voltaire, Câmara Cascudo, Drummond, Erico Verissimo, Gilberto Freire, João Cabral, Machado de Assis, Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Mario Quintana, Simões Lopes Neto? Face a esses nomes, não me contive e escrevi um conselho: Se você quer mesmo se auto-ajudar, não abra um livro com esse apelido, cometa a verdadeira auto-ajuda, abra a cabeça, ajude-se sozinho.

A primeira e última vez que confessei assustei tanto o padre que achei pecado confessar de novo.

Aquele mandamento que diz para não se cobiçar a mulher do próximo remete para a mulher do distante?

Viajar é uma aventura absolutamente pessoal e intransferível.

 

Poema Plúmbeo

Nem sempre há sol no Rio

Manhã cinzenta

Plúmbea, escreveria Tom Jobim.

Chuva fina

Garoa, canta a música.

Coração e memória

Um jovem em São Paulo.

Paulicéia Desvairada

Batizou Mário de Andrade.

Tão desvairada!

Entre 1960 e 70, matou-se.

 

Um único erro na vida é irreparável: a morte.

O que mais me incomoda nessa minha absoluta não-crença é que não haverá algo ou alguém para me dizer - você morreu, cara!

Só o suicida tem a regalia de marcar data, hora e como.

Sua morte pode ser uma festa. Para os outros.

Se você achar que essas últimas frases são muito mórbidas, você tem absoluta razão.

Inté (se houver).