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Em 1957, a primeira vez que fui a Porto Alegre, dirigi três peças de teatro e fiquei no Hotel Majestic durante cinco meses. Esse … 714a3e

21/05/2007 00:00

Em 1957, a primeira vez que fui a Porto Alegre, dirigi três peças de teatro e fiquei no Hotel Majestic durante cinco meses. Esse hotel foi berço e leito de um grande amor. 2143i

Ano seguinte voltei, hospedei-me por mais alguns meses lá e, inclusive em outros endereços, fiquei gaúcho por seis anos. 

Tempos depois, o Majestic foi a residência do Mário Quintana. O edifício, hoje tombado, é a casa de Cultura Mário Quintana. Sempre brinco que - por total incompetência minha - não poderia se chamar Casa de Cultura Mários.

Anos depois, já morando no Rio, hospedava-me, a trabalho, no São Paulo Hilton. Às vezes, para "apagar incêndios" no atendimento da conta da Shell que eu comandava, saía de casa pensando em voltar à noite e, horas depois, estava na Paulicéia.  Uma dessas vezes aconteceu num dia em que São Paulo acumulava eventos e o Hilton estava lotado. Incumbi a portaria  de arranjar-me onde dormir e fui à luta. Fim de tarde, deram-me a notícia da  única vaga: o antigo Ca" D"Oro e só na suíte presidencial.

Não cometi a tolice de economizar para as rainhas da Holanda e Reino Unido, principais acionistas da multinacional, assinei a ficha, subi para a suíte  e nunca lamentei tanto estar só.

Na viagem seguinte, desgostoso que um hotel como o Hilton não tenha a reserva técnica de apartamentos para os hóspedes de sempre, como eu, resolvi experimentar o Ca" D"Oro, mas o do segundo endereço, mais novo e que eu sabia confortável e moderno.

O primeiro susto foi uma sala de leitura, com estante de livros, mesas para correspondência, sinuca e uma ótima sauna. O restaurante eu já apreciava muito, famoso na época como hors concours no ranking dos melhores restaurantes do Brasil. O segundo susto foi que deixei de ser o mr. Almeida e fui promovido a senhor Mario.

A partir daquela viagem, por anos, foi o meu hotel paulistano, sempre na coluna 08 e com colchão anatômico. 

Durante um bom tempo, incumbido  de uma desagradável intervenção no escritório local da Fundação Roberto Marinho, lá fazia minhas reuniões necessariamente sigilosas.

Na ocasião em que minha mulher foi contemplada com uma pneumonia, levei-a para lá e, durante três dias, lendo, assistindo a programas de TV,  ouvindo música e fazendo lautas refeições, voltou para casa sarada e bendizendo aquelas miniférias. 

Se um interlocutor me conhecia o suficiente para saber que eu jamais seria vítima de deslumbramento e perguntava qual o meu hotel em São Paulo, eu me permitia uma pequena esnobada:

? Eu me hospedo no melhor restaurante do Brasil que, por coincidência, tem um hotel: Ca" D"Oro.

Inté.