Driblando asteriscos 3a5n69

Por gentileza para com os jovens, para os não-residentes no Rio e em defesa da fluidez do meu texto, antecipo informações que podem ser … 484112

28/11/2005 00:00

Por gentileza para com os jovens, para os não-residentes no Rio e em defesa da fluidez do meu texto, antecipo informações que podem ser úteis. 5j1tt

Correio Braziliense - Primeiro jornal brasileiro, editado em Londres, de 1808 a 1822, por Hipólito da Costa (1774/1823), que pregava a nossa independência de Portugal. Patrono da imprensa brasileira, Hipólito é também o patrono da Cadeira nº 17, da Academia Brasileira de Letras.

O Malho - Juntamente com A Careta e Fon-Fon, foi um dos mais importantes representantes da imprensa alternativa carioca da primeira metade do século XX. Fundado em 1902, circulou por muitas décadas.

A Manha - Veículo alternativo, fundado em 1928, no Rio de Janeiro, por Apparicio Fernando de Brinkerhoff Torelly, (Rio Grande - 1895/Rio de Janeiro -1971), que se inventou como o Barão de Itararé, em homenagem à batalha que não houve. Apesar de interrupções, inclusive por prisão do Barão, A Manha circulou até 1948. O chargista Jaguar considera O Pasquim um "bisneto" de A Manha.

Ato Institucional Nº 5 - Encomendado pelo ditador Arthur da Costa e Silva, entrou em vigor em 13 de dezembro de 1968 e transformou o país num Estado homicida. Felizmente, a quase totalidade de seus signatários já morreu, exceto Antonio Delfim Neto e Jarbas G. arinho. Infelizmente, ninguém foi justiçado. 

Antonio"s - Lendário bar e restaurante no Leblon, Rio, aberto em fevereiro de1967. Durante cerca de duas décadas foi o ponto de encontro da inteligência carioca de todas as áreas de atividades. Em 1992 lancei, in loco, num tablado na rua com uma pista fechada ao trânsito, "Antonio"s, caleidoscópio de um bar", ao som de uma banda da PM que se alternava com uma ala da escola de samba Imperatriz Leopoldinense.

Plataforma - Churrascaria no Leblon que, durante os anos 70, 80 e 90 do século ado, reunia, no almoço, boa parte de conhecidos jornalistas, publicitários, artistas e executivos do Rio de Janeiro. Seu proprietário, Alberico Campana, foi, com o irmão Giovanni, proprietário de 1955 a 58 de três boates num beco em Copacabana: o Little Club, o Bottle´s Bar e o Ma Griffe. As duas primeiras abrigaram shows de música e ficaram conhecidas, principalmente, como um dos berços públicos da bossa nova. Foi lá, no então chamado Beco das Garrafas, que, em 1964, Elis Regina iniciou sua carreira nacional.   

Tarso de Castro - 75 KG DE MÚSCULOS E FÚRIA - Editora Planeta, 280 páginas, R$ 37,50

RECORDAR É VIVER

""... Detalhes tão pequenos de nós dois, são coisas muito grandes pra esquecer e a toda hora vão estar presentes, você vai ver. Se um outro cabeludo aparecer na sua rua e isto lhe trouxer saudades minhas, a culpa é sua?"

Detalhes - Roberto e Erasmo Carlos

Saiu há pouco - e já está na lista dos mais vendidos - o livro sobre o jornalista Tarso de Castro (o Fundo-1941/São Paulo-1991). Fui um dos 82 entrevistados pelo autor, o jornalista Tom Cardoso que; quando Tarso se foi, em 1991, tinha 18 anos. Entre as dezenas de meus amigos entrevistados estão os queridos Bárbara Oppenheimer, ex-esposa do Tarso, Luiz Carlos Maciel e Peréio. 

Conheço razoavelmente bem a história da Imprensa brasileira, desde o Correio Brasiliense, e não sei de nenhuma publicação alternativa, incluindo O Malho e A Manha, que tenha tido um sucesso de circulação tão grande como O Pasquim. Tarso foi o criador do Pasquim, deu-lhe o nome e juntou uma equipe de grandes jornalistas e colaboradores. Num país amordaçado pela ditadura, já durante o criminoso Ato Institucional Nº 5, O Pasquim conseguiu "inventar" uma nova proposta e fugir dos formatos tradicionais de nossa imprensa, pela linguagem solta e pelas entrevistas onde o grupo da casa e ocasionais convidados entrevistavam uma personalidade de alguma coisa, quase sempre uma personagem controvertida - Ibrahim Sued, por exemplo - e até invertida, como Roberta Close.

Tarso, Maciel, Peréio e a Bárbara, inclusive, a gente encontrava no Antonio"s. Foi até escrito que quando Bárbara e Tarso se separaram, na "divisão de bens", entre a opção de ficar com o telefone e "ficar" com o Antonio"s, Tarso, um telefomaníaco, ficou com o Antonio"s.

No início de sua doença, anos depois, boa parte da antiga clientela do Antonio"s continuou a se rever na Plataforma, na hora do almoço, onde Tom Jobim, estrategicamente, sentava-se ao lado de uma coluna onde via todo mundo chegando e sem ser visto por ninguém, além dos amigos íntimos que conheciam a malandragem do maestro. Lá, onde o José Lewgoy era sempre visto bem no centro, Tarso contou-me a "covardia" que o Roberto Carlos fizera com ele, muito tempo antes. Numa ocasião em que ele e o cantor disputavam os favores de uma dama, o Roberto Carlos chamou o Erasmo e compam Detalhes, onde o "outro cabeludo" era o Tarso. Essa, o Tarso perdeu mesmo para o Roberto, ele não me disse quem era a dama e nem eu perguntei. Dei essa dica para o Tom Cardoso, ele correu atrás e o nome dela está lá no livro. Foi também na Plataforma que certa ocasião o Tarso esqueceu o filho, João Vicente, então na faixa dos cinco anos de idade.

Quando eu escrevia o livro sobre o Antonio"s, Tarso, que é um capítulo do livro, driblou-me, por telefone, todas as inúmeras vezes em que quis visitá-lo e eu acabei escrevendo: "Tarso foi personagem e co-autor do Antonio"s. Autor no sentido de que um bar se faz de sua gente. E personagem porque protagonizou muitas de suas histórias. Antes de o Tarso tomar a saideira, tentei, diversas vezes, ir visitá-lo na General Urquiza. Pelo telefone, ele me dissuadia, protelava. E foi tomar a saideira em São Paulo, o canalha".

Tarso era, de fato, um repórter: durante a temporada de uma companhia de teatro em Porto Alegre, o Tarso, pra evitar o risco da namorada gaúcha me dar um flagra no meu apartamento, emprestou-me o dele. O canalha só sossegou quando conseguiu descobrir quem era a atriz carioca.

Inté.