Nem sempre é possível se sair inteira dos ritos de agem da vida. Dependendo da cicatrização da dor, podemos deixar o vestiário sem condições de voltar na mesma temporada. Dos obrigatórios, como a primeira menstruação ou o primeiro grande amor, ouvimos muitos conselhos e, às vezes, essas etapas não chegam a encher longas páginas nas agendas. São mais fáceis de superação. Já os ocasionais, como a perda prematura de um familiar, mudança de emprego, uma doença chata e persistente ou uma separação abrupta, conseguem aniquilar, definitivamente, os mais fortes e derrubar as personalidades mais edificadas. 2r1f5q
Terapias ortodoxas são aplicadas e despejadas imensas quantias nos sofás dos analistas e em remédios para depressão. Nem sempre funcionam. Para aqueles abertos às teorias heterodoxas, vale experimentar massagem emocional, acupuntura, florais, cromoterapia e segue a lista de alternativas. E o resultado, nas duas práticas, está relacionado, em grande parte, ao engajamento do cliente. Às vezes, sem que saibamos, o resultado pode ser acelerado com gestos simples e que não constam de nenhum tratado acadêmico. Como escrever mais e mais. Escrever colunas, poesias, pensamentos. Escrever sobre a vida de todo o dia.
Foi o melhor remédio que encontrei para informar as várias situações que não estavam marcadas na minha agenda que nada iria me derrubar. Nenhum rito ocasional seria forte o suficiente para me deixar caída e nocauteada. E olha que imprevistos invadiram a minha rotina. Do que deveria ser pó ou caco no chão, nasceu a poeta, a escritora, a colunista, aquela que mesmo no escurinho do cinema tem um bloco pequeninho à mão para rabiscar algum pensamento. E como escreveu minha amiga poeta Soninha Porto: "que estranha ironia, depois que descobri que sou nada, virei poeta".
Seja aqui semanalmente no Coletiva com as colunas (aff, só falta o V. cobrar pela terapia!), no meu blog (marcinhaprodigio.blogspot.com), que não tem nada de jornalismo e só divagações minhas, ou nos poemas que deixo aonde vou, encontrei a cura para superar o que julgava insuperável. Neste novo ofício, de poetar, recebi abrigo na comunidade do Orkut "Poemas à Flor da Pele", istrada pela Soninha Porto. E lá encontro respeito pelo que escrevo como iniciante, carinho pelo que rabisco como solidão não resolvida, apoio quando vejo alguma incorreção da Língua Portuguesa e espaço para sonhar.
Embarquei de carona no sonho da Soninha Porto e já tenho algumas poesias publicadas na 1ª Antologia da Poemas, em E-Books ou premiadas em concursos. E , na comemoração dos três anos da "Poemas à Flor da Pele", que ocorre no dia 29, foram confeccionados três E-Books que já começaram a circular pela Internet, com mais de 70 poetas falando sobre emoções. Aquelas que arrebatam, que produzem êxtase e resultam de um impulso. Exatamente como convém a uma geminiana da gema, como eu, digna de comportamentos precipitados. Mas terapêuticos.
Com o título "Arrebatamentos", o E-Book comemorativo, separado em três volumes, é uma obra-prima, principalmente nos quesitos artes plásticas, digitais, formatações, capas e poemas. Há páginas em que um poema, num furor incontrolável, solta o tesão. Em outras, numa sensação de exaltação, celebra o instante. Ou embalado pelo rumor de brisa, faz um convite ao jogo insano ou instiga a brincar de viver. Vale a pena conhecer os "Arrebatamentos" dos poetas do Orkut. Nem que seja como terapia. Em breve, nos melhores blogs e sites do ramo. Mas o leitor já encontra os links no meu blog.