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19/12/2006 00:00
Festejemos, irmãos. Em Cachoeira do Sul acabam de descobrir um fóssil de 228 milhões de anos, o que, segundo a imprensa noticiou, pode mudar a história dos dinossauros na face da Terra.

Pranteemos, irmãos. O Congresso brasileiro acaba de sacramentar mais uma indecência, dobrando sua remuneração. Daqui a 228 milhões de anos, os arqueólogos, ao remexerem em ossadas, dirão que jamais houve na história do mundo políticos tão imorais quanto os do Brasil, e por isso jamais mudou o destino deste país. 5t3q4a

Festejemos, irmãos. Os arqueólogos só precisaram de meia dúzia de fragmentos de ossos para concluir que o dinossauro descoberto era um dos elos perdidos entre formas mais primitivas e formas mais evoluídas da espécie.

Pranteemos, irmãos. A absolvição de praticamente todos os mensaleiros e sanguessugas é prova demasiada de que qualquer elo que acaso houvesse entre o "politicus brasiliensis" e o mínimo de decência que se exige de qualquer ser vivo, perdeu-se irrecuperavelmente, se é que existiu algum dia.

Festejemos, irmãos. Se a importância desta descoberta em Cachoeira do Sul for confirmada, o Brasil vai para o Livro dos Recordes do Guiness como detentor do fóssil mais antigo de toda a história da humanidade.

Pranteemos, irmãos. Não se precisa de mais comprovação. Os números são eloqüentes: ando a ganhar quase 30 vezes o que percebe um congressista norte-americano e mais de 30 vezes o que ganha um parlamentar inglês, em um país onde a renda média da população é 15 vezes menor que a dos habitantes dos Estádios Unidos ou da Inglaterra, já estamos no Guinness. Trata-se do Congresso mais abjeto da história do planeta.

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Nada de novo sob o Sol, diz o Eclesiastes. A imprensa deu destaque à espirituosa declaração do presidente Lula Inácio Lula da Silva, renegando sua militância à esquerda.

É plágio mal-feito de um chiste de Bismarck, o chanceler alemão do século 19, que dizia com menos palavras e mais contundência: quem não foi socialista aos 18 anos ou continua sendo aos 60, é um tolo.

Mas comparar Lula a Bismarck é uma demasia. Mais apropriado seria falar-se em Orestes Quércia, que confessadamente faliu o Banespa para reeleger seu sucessor, Luiz Fleury, no governo de São Paulo. Naquele tempo não havia reeleição, caso contrário os paulistas teriam Quércia em dose dupla.

Se Lula bagunçou a economia para se reeleger é uma interrogação ainda sem resposta. Quebrar o Brasil ele não quebrou porque é tarefa impossível, por mais que o roubem tão desbragadamente os seus políticos. Mas os primeiros sinais de alarma, que algo começa a se deteriorar, estão em pesquisa da Federação do Comércio de São Paulo, mostrando elevada taxa 76% de endividamento entre trabalhadores que percebem de um e três salários mínimos. Sessenta por cento deles estão com as contas em atraso. Nas faixas salariais superiores, o endividamento cai, mas a média geral é de 43%. Ou seja, quase a metade da população assalariada enfrenta dívidas, como o resultado do crédito fácil, com fins nitidamente eleitoreiros, propagado quase como aumento de salário, pois não vinha acompanhado da advertência que o dinheiro teria de ser devolvido mais adiante.

A frase espirituosa pode ser de Bismarck. O espírito da coisa, entretanto, é de Quércia.