A antiga Babilônia, hoje com o nome de Iraque, já custou diretamente US$ 1 trilhão para os Estados Unidos, segundo os cálculos de Joseph Stiglitz, 63, Prêmio Nobel de Economia em 2001, ex-presidente do Banco Mundial e atualmente professor da Universidade de Columbia. Em entrevista para a Der Spiegel, ele teme que novas aventuras, a do Irã, por exemplo, num momento em que os EUA estão envolvidos com o Afeganistão e Iraque, tragam desgastes internos e externos muito maiores. 69442z
E o US$ 1 trilhão atuais? "Os números oficiais são apenas a ponta do iceberg. Por exemplo, um dos custos da guerra é que os soldados voltam gravemente feridos. Mas permanecem vivos, e somos capazes de mantê-los vivos a custos enormes. O governo Bush tem feito tudo para ocultar o número dos soldados gravemente feridos. Até o momento são 17 mil, dos quais 20% com lesões graves no cérebro. Até mesmo a estimativa de US$ 500 bilhões ignora a incapacitação para o resto da vida. Tudo isto são custos não-incluídos". E existem muitos outros custos. Somente em relação a este grupo, temos ainda as viúvas e os órfãos. A istração dos Veteranos teve que apelar para o Congresso para liberação de verbas de emergência no valor de US$ 1,5 bilhão no ano ado.
COMPRAR DEMOCRACIAS
Stiglitz calcula que, com o valor desta guerra, seria possível "comprar" todas as "democracias" do Oriente Médio. "Mas a custo de muitos Iraques, talvez. Cada muçulmano quer ser um Saladino (sultão árabe que, na época das Cruzadas, expulsou os invasores cristãos). E existem as huris no paraíso. Por paradoxal, temos hoje uma versão da espada ou a cruz, sem tempo para a escolha".
OS LIMITES DO PETRÓLEO
Quando a guerra contra o Iraque foi iniciada, o custo do barril de petróleo era de US$ 25. Hoje ultraou a barreira dos US$ 70 devido à tensão com o Irã. O Oriente Médio é o produtor de petróleo a custo mais baixo do mundo. Os países da região são capazes de produzir petróleo a um custo de US$ 10, ou US$ 15 o barril. A tecnologia atual para produzir petróleo em outras regiões varia entre US$ 35 e US$ 45.
"O Irã parece intocável, já que o preço do barril de petróleo poderia ultraar os US$ 100. É possível aumentar o preço de US$ 25 para US$ 40. As pessoas absorvem tal aumento. Se os preços ultraam US$ 60, os indivíduos começam a ficar insatisfeitos. Eles começam a se ajustar, comprar carros menores, a dirigir um pouco menos. Mas quando o barril de petróleo chega a US$ 100 ou US$ 120, ocorrem grandes mudanças no estilo de vida, as vendas de carros despencam. Os pobres enfrentarão o problema de aquecimento ou comida".O Conselho de Segurança da ONU deu o prazo até dia 28 de abril para que o Irã desative seus equipamentos nucleares, para então estudar sanções.
Mais tarde o grupo será ampliado para a Alemanha, Canadá, Itália e Japão, além de todos os membros do G8. Dependendo das soluções, o petróleo poderá ultraar os US$ 100. Nota-se que os EUA estão fazendo tudo o que sabem para que outros países o acompanhem no processo contra o Irã. Lição do Iraque. É bom lembrar que a Petrobrás segue os preços internacionais, salvo por intervenção governamental.
VISITA MISTERIOSA
O Departamento de Estado americano confirmou nesta segunda-feira que um alto funcionário iraniano está em Washington, sem precisar o motivo da visita. O porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack, confirmou que Moammad Nahanvandias é o conselheiro econômico do negociador-chefe do dossiê nuclear iraniano, Ali Lanjani.."Que eu saiba, ele não está aqui para se encontrar com responsáveis do governo americano ou do Departamento de Estado", disse Sean. Para tornar ainda mais misteriosa a visita, Moammad não pediu visto. Até agora, a única sanção contra o Irã é negar visto às autoridades iranianas.
O fato é que uma guerra contra o Irã pode colocar fogo em todo o Oriente Médio e custará mais do que US$ 1 trilhão.