Propagandaia política 195e3m

1. Os candidatos não poderão mais usar a cara-de-pau que vinham usando até agora. Máscaras também estão proibidas. 5s582z

2. A nenhum candidato será permitido o uso de palavras ocas nos seus discursos, tais como honestidade, seriedade, responsabilidade etc.

3. Daqui por diante, todos os sorrisos de candidato deverão ser exclusivamente sinceros, sendo que o amarelo será severamente punido.

4. Também os apertos de mão e os tapinhas nas costas estarão condicionados à autenticidade do candidato, sem falar na lavagem prévia das manoplas.

5. Cada candidato poderá prometer o que bem entender, mas somente a si próprio, bem entendido. Apenas aos santos de sua devoção elas estarão liberadas.

6. A partir de agora, a fidelidade partidária dos candidatos terá que ser fiel. Sai a lenda, entra a legenda.

7. Todos os candidatos deverão exibir a sua verdade pessoal, que será o elemento principal em suas atuações ao vivo ou em vídeo. Toda falsidade será castigada.

8. Quanto às atuais plataformas dos candidatos, feitas de saliva, terão que ser substituídas por outras que apresentem propostas reais.

9. Para poder concorrer, os candidatos terão que mostrar um novo perfil, construído de acordo com os seus aspectos mais legítimos, caso existam e por mínimos quem sejam.

10. Os candidatos deverão conquistar a confiança dos eleitores com a cara que nasceram, sem nenhuma maquiagem. E terão que moderar nos órios -gravatas, rolexes, perucas e pochetes.

11. A compra de votos não será mais itida como peça integrante das campanhas de quaisquer candidatos. Estará suspensa enquanto persistirem as novas determinações.

12. Por fim, por causa da contradição em termos, os candidatos terão que definir o seu marketing político: ou será marketing ou será política.

Etc.

o a o, o maior triângulo escaleno verde da cidade está virando um saara urbano. Para perceber o que se a, só cabisbaixando a visão. o a o, a a população por cima de cada último centímetro quadrado de cada derradeiro trecho gramado.

o a o, as mínimas áreas verdejantes, que deveriam ser espaços preservados com o mais simples paisagismo, vão ganhando perimetrais feitas por átilas calçados.

o a o, aquele preguiçoso cacoete de pedestre, o de cortar caminho para não ter que controlar a ansiedade, está recortando o que resta das gramíneas. o a o, ando por lá e faço o cálculo desanimador: os pés que aparam não vão parar enquanto houver a menor chance de abreviar caminhadas, corridas, eios, perambulações.

o a o, o que era para ser intransitável recebe o trânsito incessante de sapatos, tênis, botas, coturnos, sandálias, chinelos, pés descalços.

o a o, sob árvores frondosas e arbustos baixos e galhos que tentam impedir a abertura de novas trilhas, avança a desertificação daquele solo que na minha infância, logo ali nos anos 50, era um mar vegetal.

o a o, numa pressa mal pressentida pelos antes, diminuem as folhas da relva, e ninguém avalia a sua própria participação no pisoteamento desse patrimônio. o a o, as sobras do tapete do Parque Farroupilha agonizam sob solas, sem folga para a fotossíntese, sem intervalos do massacre esmagador. o a o, se torna impossível a tarefa da imível istração municipal, de devolver à paisagem a imagem do ado.

o a o, multidões avulsas rasgam rotas arenosas sobre os restantes nacos verdes, e enquanto circulam, aos pares ou em grupos, deixam no ar conceitos ecológicos e de cidadania, em contraste com o rastro insensível no chão. o a o, desvio da hipocrisia. Aqui e ali, tufos ainda não amassados se encolhem. Temem os domingos no parque.