Lorena Louasisy Bueri, a miss do Mato Grosso do Sul, disse que, se eleita, gostaria de mudar o mundo. Quer dizer que, se não for eleita, essa droga pode continuar assim mesmo? Ou se trata de um recado aos jurados? Torço para que eles a elejam por unanimidade. Estamos nas mãos da moça. Ela vai dar um jeito nisso que derrotou tantos líderes políticos e religiosos, tantos filósofos e cientistas. É isso aí, Lorena! Manda ver!
Visibilidade Meu entusiasmo diminuiu no segundo parágrafo da entrevista. Lorena, no caso de ser eleita, pretende usar ?essa visibilidade? para conscientizar as pessoas da importância da ecologia. Não é pouco, claro, mas gente mais visível não conseguiu grande coisa. De qualquer forma, estou com Lorena e não abro, porque em geral as misses usam essa visibilidade apenas para se tornarem mais visíveis ainda em revistas masculinas.
Ladrões automáticos Sempre penso em escrever um texto e seguir todas as sugestões do corretor do Word. Acho que ia ficar engraçado. Mas talvez tivesse que forçar a barra com frases equívocas em busca de boas piadas. Melhor então catar exemplos. Esses dias escrevi: ?Era hora de acertar as contas com o ladrão ou ladra do manto?. O corretor me sugeriu duas opções fascinantes. Primeira: ?Era hora de acertar as contas com
o ladrão ou ladrão do manto?. Segunda: ?Era hora de acertar as contas com
o ladra ou ladra do manto?. Na segunda opção, depois ele me mandava corrigir o artigo que errara. Tudo isso porque foi incapaz de me sugerir: ?Era hora de acertar as contas com
o ladrão ou a ladra do manto?. Se a gente compra uma galinha congelada, sabe que vem junto um xis de água junto. Mas há leis que limitam a quantidade de água por quilo de galinha. Talvez devesse haver leis que limitem a quantidade aceitável de erros num programa informático, porque, cá pra nós, me parece que é bem maior que a quantidade de acertos, sem falar que muitos dos erros são cabeludos como os do meu exemplo e os acertos são geralmente de uma obviedade constrangedora. Moral da história: ainda continuamos reféns da gramática.
Guerra e paz Guardei o romanção do Tolstoi por mais de vinte anos para o caso de ir em cana. Mas um dia se tornou claro que minha prisão era meio improvável, mesmo eu não tendo imunidade parlamentar. Não teve jeito, encarei o homem. Confesso que achei meio chatinho. Tolstoi não tem medida nenhuma e improvisa conforme a inspiração ou falta de inspiração do dia, que vai da religião a instruções agrícolas. Chutando assim até eu escrevo um romance de mais de mil páginas. Prefiro
Ana Karenina.
Livros e casamentos longos Leva jeito de mentira, mas uma amiga minha jura que se divorciou por causa de
Os miseráveis, do Vitor Hugo. Ela começou a ler o romance, numa famigerada tradução lusitana em seis volumes. Aí ou a contar a história pro marido. Ele fez as malas pelo terceiro volume.
Peixe pequeno Esses dias meu amigo Horst falou da pesca de lambari, tema que já devia ter sido analisado pelos filósofos de soleira, os soleiristas. A pesca de lambari é a mais emocionante de todas. Não me venham com essa conversa sobre truta, peixe-espada ou baleia branca. Pensei por muito tempo escrever um romance sobre isso:
O sol também se deita ou
O menino e o arroio. Mas qual a graça de botar o escoteiro velho no chinelo? Desisti e comecei a planejar
Lambari, um épico sobre um menino que tenta pescar o menor lambari de todo o arroio, um lambari branco extremamente versado na arte de comer a isca sem tocar o anzol. Me aguardem com a frigideira no fogo.
Coração Imagina se fosse proibido o uso da palavra coração nas letras de música? Não haveria uma crise de criatividade monstruosa? Vai ver, não haveria, não. Sendo obrigados a evitar as banalidades mais galopantes, os letristas teriam de arriscar algo razoável.
Regras & exceções Toda regra tem exceção. A exceção desta é não ter exceção.
Todo poder à miss 536l4r
Lorena Louasisy Bueri, a miss do Mato Grosso do Sul, disse que, se eleita, gostaria de mudar o mundo. Quer dizer que, se não … 2z6h57
13/07/2009 00:00