Tudo sempre é a mesma coisa numa versão nova. E é disso que eu queria falar com vocês. As condições mudam, os relacionamentos mudam, as casas, os programas, pessoas novas entram, pessoas velhas aparecem menos ou mais. Mas, vocês sempre serão humanos tentando ser a melhor versão de vocês mesmos. Sempre esses queridos e complicados humanos com um buraco a ser preenchido. 

Viver, meus queridos, é escolher a falta que vamos lidar na nossa vida. Nosso buraco nunca vai estar preenchido e aceitar isso é entender que mais importante do que se sentir pleno é se sentir vivo para buscar por isso. Desculpa ser o portador de más notícias, mas sempre vai faltar algo. As coisas sempre, em algum cenário hipotético, poderiam estar melhores. Mas sabe como a gente faz pra lidar com esse buraco eterno da alma humana? Olhando para ele. Compreendam que ele e vocês são a mesma coisa. Que ele estar ali tangibiliza a maior e mais boba e mais linda e mais inútil ação humana: procurar por algo que vocês nem sabem o que é.

E sabe por que isso é lindo? Porque a alma humana nunca para. Todos são, por dentro, bebês querendo ver todo o universo sem entender que o universo não tem fim. Por isso, se abracem com gentileza. A falta que existe é o que os motiva a serem melhores. Isso coloca vocês à procura. E a procura vai colocar vocês em movimento. 

Aproveitem perceber como a estrada deixou vocês fortes, seguros e carentes, e tristes, e vulnerável. Aceitar o buraco humano da falta é aceitar a beleza de que ninguém sabe para onde está indo. Mas seguem lindamente, né? Peito erguido e coragem nos olhos, porque humanos são assim: caminham mesmo sabendo que nunca vão chegar. Porque o destino não faz ninguém. A caminhada faz. 

É um orgulho enxergar humanos procurando pelos seus caminhos com a bravura de quem não tem certeza onde vai chegar e mesmo assim continua indo.