Viva o Gordo!

      Vivemos a ditadura da estética, da aparência, onde aparentar é muito mais importante do que ser. Forma mais importante que conteúdo. Não é de …

      Vivemos a ditadura da estética, da aparência, onde aparentar é muito mais importante do que ser. Forma mais importante que conteúdo. Não é de se estranhar, portanto, que aqueles que não preencham os requisitos do que se convencionou chamar de belos sejam discriminados ou maltratados. Hoje em dia, para se ser belo, a receita é simples: magro, loiro e malhado. A receita é simples. O difícil é colocá-la em prática. Somos um país de morenos, negros, mestiços. Nossa colonização portuguesa nos empurra para os olhos e cabelos castanhos. Os escravos e os índios nos deixaram um legado genético que nos faz ter determinadas características físicas muito distantes do padrão "belo". Neste aspecto, aliás, é incrível observar como mulheres que querem se tornar flashion (para pegar emprestado o neologismo do Roger Lerina, que acho ótimo), tornam-se loiras, siliconadas, magras e am a dar opinião sobre tudo, mesmo que nada entendam do assunto em questão.
      Mas voltemos aos gordos. Em função da ditadura da estética física, am a ser discriminados. Quantas lojas de roupas há em Porto Alegre especializadas neste segmento de mercado, por exemplo? Conheço somente duas: a Varca, na Benjamin Constant, e outra loja, da qual não recordo o nome, na galeria Chaves. E por que tamanha falta de preocupação com este público, quase uma discriminação, por parte das empresas? Não entendo. Até por que, vamos aos números. Nos EUA, por exemplo, aproximadamente 60% da população está acima do peso e em torno de 30% são obesos. (A chamada junk food está sendo banida das escolas e arredores). Portanto, temos um enorme contingente de pessoas que está fora dos padrões estéticos da moda. Lá, por serem mais organizados na luta pelos seus direitos, os cidadãos já se organizaram e criaram associações na defesa dos direitos dos gordos.
      Alguns sites que defendem os direitos, a dignidade e a aceitação dos gordos nos EUA:
Associação Internacional para a Aceitação do Tamanho

Associação Nacional para Promover a Aceitação da Gordura

Comitê Contra a Discriminação Pelo Peso e Tamanho
      Mas, e o Brasil? Estima-se que aqui, mais da metade da população esteja acima do peso. E o que vemos? Vestuário: calças para pessoas acima do peso. A numeração da cintura vai aumentando e o comprimento das pernas também. Isto chega a ser engraçado. Então, quer dizer que o sujeito para ter 90 quilos deve ter 1m90? Camisas masculinas. Vai aumentando a numeração e o comprimento das mangas também. Igualmente, o raciocínio parece ser o mesmo. Só um sujeito de 2 metros de altura pode ter a cintura mais comprida.
      Companhias aéreas, empresas de ônibus: não está na hora de itir que estas pessoas existem, que pagam o mesmo valor pelas suas agens e contribuem para o funcionamento destas empresas? Ou será que pensam que só viajam os magros nos seus aviões e ônibus?
      Basicamente, o que quis destacar é que também aqueles que têm alguns quilos a mais fazem parte do público das empresas. Eles são um público específico e qualificado, que merece ser tratado como tal. Desenvolver produtos e serviços para atender a este público que vem crescendo fortemente no Brasil e no mundo parece ser a lição de casa para muitas empresas. É preciso que releiam os clássicos do marketing, que dizem que o objetivo de toda empresa é obter lucro através da satisfação dos desejos e necessidades de diferentes públicos. Assim, como dizia o Jô Soares, Viva o Gordo!
      Alguns sites sobre os direitos e dignidade dos gordos no Brasil:
Gordo Absolvido

Criatura Básica
( [email protected])

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