Vigários e vigaristas

As expressões "vigarista" e "conto-do-vigário" nasceram na França, no século 19, quando um sujeito chamado Antônio Nicolet, que aplicava seus golpes vestindo-se de padre, …

As expressões "vigarista" e "conto-do-vigário" nasceram na França, no século 19, quando um sujeito chamado Antônio Nicolet, que aplicava seus golpes vestindo-se de padre, enganou o próprio bispo da diocese da cidade de Nice.


"Seu" Antônio, quando vestia batina, transformava-se em Monsenhor Pasqualini. Revelou-se notável orador sacro, empolgando os fiéis com seus sermões. Sua ousadia chegou a tal ponto que, assim disfarçado, abençoou o próprio vigário-geral de Nice e ordenou 60 seminaristas.


As aventuras de Antônio Nicolet acabaram sendo desmascaradas. Foi condenado a cinco anos de trabalhos forçados, que cumpriu na penitenciária de Toulon.


Outro espertalhão que ganhou fama mundial foi o alemão Eric Von Daniken, condenado na Suíça por vender ações de uma cadeia de hotéis que não existia. Dotado de extraordinária imaginação, sem ter o que fazer no presídio, Däniken aproveitou o tempo para escrever livros.


Um deles tinha o título de "Eram os deuses astronautas". Sucesso mundial, traduzido para inúmeros idiomas, rendeu tanto dinheiro a Däniken que ele pôde indenizar todas as suas vítimas, livrar-se da cadeia e ainda guardar uma grande fortuna.


Um conto-de-vigário moderno está sendo aplicado por um norte-americano, cujo sobrenome Hope pode ser traduzido por "Esperança", o que é muito apropriado. Declarou-se dono de um latifúndio na Lua e ali fez um loteamento. Vende lotes de 18 hectares pela bagatela de 20 dólares, já incluído o fictício imposto lunar de 2 dólares.


Por enquanto, ninguém se queixou à Polícia. Para quem reclamar, "seu" Esperança tem resposta pronta: "O terreno está na Lua, é só ocupar".

Autor

Jayme Copstein é jornalista, com atividade em jornal e rádio desde 1943,com agens pelos principais veículos de Porto Alegre. Trabalhou 22 anos no Grupo RBS como apresentador de programas e comentarista de opinião da Rádio Gaúcha, e atualmente é colunista do jornal O Sul e apresentador do programa 'Paredão', na Rádio Pampa. Detentor de vários prêmios, entre eles, Medalha de Prata (2º lugar) no Festival Internacional do Rádio de Nova York (1995), em 1997 publicou "Notas Curiosas da Espécie Humana" (AGE). Seu livro mais recente é "A Ópera dos vivos", editado em janeiro de 2008.

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