Vibração & tesão

Anda todo mundo tão estressado, cansado e trabalhando tanto, que faz falta nos olhos das pessoas vibração. Tirando os adolescentes e jovens, que têm …

Anda todo mundo tão estressado, cansado e trabalhando tanto, que faz falta nos olhos das pessoas vibração. Tirando os adolescentes e jovens, que têm a vibração por uma questão hormonal e de faixa etária, tenho visto e convivido com pessoas sem tesão. No sentido mais amplo da palavra.


Como recuperar a energia, a vibração, o tesão? Li uma coluna outro dia em que o autor (não vem ao caso agora) dizia que, na medida em que avançavam os anos, ele ia perdendo o vigor para a divergência, para a polêmica. De fato, isto acontece com muitas pessoas. Mas aí eu me pus a pensar: resultado da idade cronológica mesmo ou do cansaço e falta de tesão pela vida?


Aposto na segunda opção. Conheço pessoas bem mais velhas do que eu, que tenho 41 anos, repletas de energia e vitalidade. A falta de tesão pela vida tem inúmeras causas, que vão desde as neuroses que todos temos até a pressão diária para que sejamos sempre alegres, magros e loiros. Como temos que estar sempre preenchendo estes três predicados, nos falta energia para de fato ficarmos alegres com a vida.


Tenho redescoberto com meu filho, Caio, e minha namorada, Fran, os prazeres da simplicidade. Comer uma fruta, caminhar ao sol, curtir e contemplar o Guaíba. Onde é mesmo que a gente perde isto? Em que momento da vida? Sei que não sou o primeiro a fazer estas perguntas, bem longe disto. Mas sei que estas perguntas são fundamentais, porque elas fazem a gente de fato ter (ou não) sentido na vida. Alegria. Tesão. Vibração. Energia. O calor de um amor, seja do filho, da namorada, de um amigo, aquece mesmo a alma, como diz o Jota Quest. E dá viço à pele. Sentido em levantar e enfrentar uma vida tão dura, mesmo. A vida não está nada fácil. Mas se a gente enxerga o sorriso de um filho, o beijo da namorada, a "força" de um amigo, a gente vê ao menos a porta do grande mistério da vida se entreabrir. Ainda não sabemos qual é, afinal, do Grande Mistério, mas assim começamos a abrir a porta e, por uma fresta, conseguimos vislumbrá-lo.


Assim, minha amiga, meu amigo, sei que as dificuldades da vida são muitas; os problemas, infinitos. Sei da violência, da falta de grana, da árdua batalha. Não tenho a vida ganha, pode acreditar. Mas perder isto é como escolher o caroço da fruta para comer. Ter visão bovina, em preto e branco. Olhar o copo pela metade e dizer que ele está metade vazio, não metade cheio. Não quero que você faça muito: dê só uma espiadinha agora, pela janela, e veja como está a lua. Ou as nuvens, se estiver nublado. E tente ficar por 15 segundos olhando pro céu. Depois me conte.

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