Um salve ao cinema nacional

Por Renato Dornelles

Não há como não comemorar o ótimo momento vivido pelo cinema brasileiro. Aliás, sempre tivemos produções de qualidade. Só que agora estamos em um período de sucessivas e importantes conquistas internacionais, após ele, o cinema brasileiro, ter sobrevivido à pandemia e a uma política que o combatia no início desta década.

Por isso tudo, os prêmios recebidos este ano pelos filmes "O Último Azul", de Gabriel Mascaro, no Festival Internacional de Berlim, "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles (Globo de Ouro para a atriz Fernanda Torres e Oscar de Melhor Filme Internacional), e agora por O Agente Secreto, no Festival de Cannes, que premiou o diretor Kleber Mendonça Filho e o ator Wagner Moura, devem ser muito comemorados por quem apoia a cultura nacional.

São conquistas que valorizam e impulsionam a indústria cinematográfica do país que, de acordo com relatórios movimenta R$ 56 bilhões. O mercado audiovisual no Brasil concentra diretamente mais de 11 mil pequenas e médias empresas, além de movimentar diferentes mídias, plataformas digitais e redes sociais.

Além de enfrentar as dificuldades vividas por praticamente todos os setores com a pandemia de Covid 19, o cinema brasileiro teve de sobreviver ao fim da cota de tela decretado pelo governo anterior. A Cota de tela é uma garantia de percentagem mínima de filmes nacionais que devem ser exibidos nos cinemas e, sem ela, o caminho fica livre para a distribuição predatória dos filmes de Hollywood.

Outro fator importante para as produções brasileiras foi a manutenção da contribuição para o desenvolvimento da indústria cinematográfica nacional, conhecida como Condecine. Esse tributo, criado em 2001, tem como objetivo impulsionar o cinema nacional, garantindo recursos para projetos de produção, distribuição e exibição de filmes brasileiros. 

A Condecine incide sobre a exploração comercial de obras cinematográficas e videofonográficas, incluindo produção, licenciamento, distribuição e exibição. Todo o recurso arrecadado financia projetos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), essencial para o desenvolvimento do setor. Ou seja: o audiovisual, com essa contribuição, se autofinancia. Era projeto do governo anterior acabar com ela.

Autor
Jornalista, escritor, roteirista, produtor, sócio-diretor da editora/produtora Falange Produções, é formado em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) (1986), com especialização em Cinema e Linguagem Audiovisual pela Universidade Estácio de Sá (2021). No Jornalismo, durante 33 anos atuou como repórter, editor e colunista, tendo recebido cerca de 40 prêmios. No Audiovisual, nos últimos 10 anos atuou em funções de codireção, roteiro e produção. Codirigiu e roteirizou os premiados documentários em longa-metragem 'Central - O Poder das Facções no Maior Presídio do Brasil' e 'Olha Pra Elas', e as séries de TV documentais 'Retratos do Cárcere' e 'Violadas e Segregadas'. Na Literatura, é autor dos livros 'Falange Gaúcha', 'A Cor da Esperança' e, em parceria com Tatiana Sager, 'Paz nas Prisões, Guerra nas Ruas'. E-mail para contato: [email protected]

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