Um Louvre no deserto

"Abu Dhabi ganhará seu próprio Louvre", anunciaram os jornais de todo o mundo, o que levou a revista Der Spiegel perguntar-se: "Projeto de museu …

"Abu Dhabi ganhará seu próprio Louvre", anunciaram os jornais de todo o mundo, o que levou a revista Der Spiegel perguntar-se: "Projeto de museu em Abu Dhabi. Um Louvre no deserto?" Arquitetos famosos foram comissionados para construir os museus mais espetaculares em uma ilha próxima à cidade, que faz parte dos sete Emirados Árabes Unidos.O Louvre poderá exigir UU$ 1 bilhão para que suas obras (não foram definidas quais) sejam expostas durante um período de vinte anos.


Em 1791, ocorreram dois eventos que não pareciam ter nada a ver um com o outro. Os revolucionários de Paris abriram o Louvre à visitação  pública. E a tribo beduína de Bani Yas descobriu uma fonte de água doce perto do Golfo Pérsico, a 100 quilômetros do  Mediterrâneo, e fundou um pequeno assentamento que tornou-se o Emirado de Abu Dhabi, hoje capital dos Emirados.


"BEM CULTURAL PARA O MUNDO"


Talvez seja chamado de "Louvre de Abu Dhabi" ou algo igualmente intrigante, mas o que será construído no deserto não será apenas um museu de arte clássica. A Companhia de Desenvolvimento e Investimento de Turismo nacional de Abu Dhabi promete "um bem cultural para o mundo" e um  "centro para o intercâmbio e  experiência cultural", nas palavras do xeique califa Bin Zayed al Nayan, presidente dos Emirados Árabes Unidos. As primeiras atrações turísticas estarão disponíveis em 2 012 e o término projeto do  total em 2 018.


Quatro dos mais famosos arquitetos do mundo foram comissionados para a obra: Frank O, Gehry, Jean Nouvel, Tadao Ando e Zaha Hadid. Gehry terá a Ilha da Felicidade (tradução de Saadiyet Island), onde em 27 quilômetros quadrados criará mais um museu Guggenheim com seus formatos abstratos gerados por computador. Seu projeto para Nova Iorque foi abandonado com o 11 de setembro. "Existe justiça no mundo", afirmou Der Spiegel. "Agora os formatos abstratos de sua imaginação arquitetônica chegaram ao Golfo Pérsico".


HISPANO-AMERICANOS


Se o deserto parece infinito, o mesmo não ocorre com o National Mall, na capital americana, onde o deputado Xavier Becerra (democrata, Califórnia) pretende construir um museu dedicado à cultura e à história latinas. Os hispânicos estão se tornando uma grande força política, sendo 14,5% da população americana, e constituem  3,7% do eleitorado. No Mall estão o monumento a Washington, o Memorial a Lincoln, o Instituto Smithonian, o Memorial dos Veteranos do Vietnã, o Memorial da II Guerra Mundial, o Museu Nacional Indígena Americano,  o Monumento à História e Cultura Afro-Americanas e outros.


Os críticos alegam que a área de museus e monumentos, com cerca de três quilômetros de comprimento, está lotada e desvia o objetivo principal do Mall, de oferecer um espaço aberto no centro da cidade. Por isto, Judy Scott Feldman, presidente da Comissão Para Salvar Nosso Mall, é contrária à construção do museu naquele local. Becerra já apresentou um projeto de lei que cria um grupo de especialistas para avaliar se um museu latino, construído com verbas federais, deve ser construído no National Mall. Feldman acredita que está ocorrendo apenas um "futebol político" no Congresso.

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