Tem saída?

Com pouco destaque, saiu na imprensa nos últimos dias o fenômeno que está ocorrendo com os bóias-frias que trabalham em atividades de plantio e …

Com pouco destaque, saiu na imprensa nos últimos dias o fenômeno que está ocorrendo com os bóias-frias que trabalham em atividades de plantio e colheita dos mais variados produtos agrícolas.



A partir da implantação do bolsa-família, os trabalhadores deixaram de ter interesse pelo trabalho, principalmente se ele significar registro na carteira do trabalho. Este ato implica perda do o aos caraminguás do Desgoverno Lula I. O programa do "Noço" Timoneiro acabou com a idéia de que o trabalho enobrece o homem.



Não se está aqui a negar a existência da miséria no Brasil. É claro que necessitamos medidas que diminuam as radicais diferenças na distribuição de renda no Brasil. O que é inaceitável é a solução adotada que, na ânsia de resolver o problema, age para perpetuá-lo. Sem um sistema claro de contrapartidas não vamos a lugar algum com mais esta distribuição de dinheiro público.



Vejamos agora uma outra historinha, que também ganhou pouco destaque nos últimos dias.



Em uma das poucas medidas voltadas a estimular a competitividade, o Desgoverno pretende permitir a qualquer pessoa que receba sua remuneração através de um determinado banco, possa solicitar a transferência desta conta-salário para outro banco sem ônus. Ou seja, banco que não prestar bom serviço perde o cliente.



Imediatamente, José Serra correu para solicitar que, visando a assegurar benesses à Nossa Caixa, os bancos públicos ficassem fora da medida. Em outras palavras, para o futuro governador de São Paulo, competição é boa só para os outros.



O trágico destas duas historietas é que elas revelam a forma de pensar das duas alternativas de poder no Brasil. Serra e Lula representam as forças políticas que se têm mantido hegemônicas no país há doze anos e que, no mínimo, devem permanecer liderando processo decisório por mais oito.



Ora, num mundo globalizado, onde a informação flui com alta velocidade, países têm perspectivas de virada com maior facilidade e num prazo mais curto. Veja-se, por exemplo, o que vem ocorrendo na Índia, na China ou no Chile; fizeram a lição de casa, atraíram capitais, investiram em educação e, em menos de duas décadas, alteraram, dramaticamente, as perspectivas de seus povos.



Como, no Brasil, luz no fim do túnel é trem no sentido contrário, nossos próximos dez anos devem ser de avanço pequeno e demagogia grande. Continuaremos, enquanto país, obcecados pelo fracasso.



Saída? Só pelos aeroportos?



Se a corporação dos controladores de vôo deixar.


Autor
André Arnt, diretor da Coletiva EAC, é de empresas, consultor e professor universitário. Coordenou cursos de pós-graduação nas áreas de negócios e marketing. Atua como consultor em estratégia empresarial. É colaborador da Coletiva.net.

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