Teimar vivendo
Leu García Marquez até o fim. Pegou Jorge Luis Borges. Entrou na internet em busca do blog do Saramago. Dali foi para os poemas …
Leu García Marquez até o fim. Pegou Jorge Luis Borges. Entrou na internet em busca do blog do Saramago. Dali foi para os poemas de Mario Benedetti. ou para o Mundo Livro de Carlos André Moreira e dali para o Rascunho. Como poderia escrever uma linha depois disso?
Fu Lana embatucou. As palavras em seu tempo nem garranchos são, mas um esforçar de quatro ou dois dedos sobre um teclado sujo. Carpinejar considera-se a drag queen da Literatura. Diz que é fake e que é um babaca. Nem se autoimolar em público é novidade. Isso de ser rejeitada, looser, já tá muito velho, batido. Desde Charles Bukowski. E novas ideias estão
Então, galera, a dica fulaniana da vez é O visitante. Se você chegou, como Fu Lana, a essa altura da vida e perdeu o élan, faz a mesma coisa há no mínimo 20 anos, não chega a se apaixonar por nada ou não se conhece direito, tem relações medianas com tudo e ainda perdeu o que de mais talentoso tinha na vida, um ente querido, você é o alvo certo de O visitante.
Engraçado quando você se relaciona com uma pessoa talentosa e só ela a a existir. Você, em função dela, esquece de si. Fica feliz com o sucesso da companheira ou do companheiro e vai se escondendo da pressão e da necessidade de ser alguém. Quando essa pessoa some, morre ou desaparece, você encontra o vazio do reflexo no espelho. Encontra um rosto envelhecido e, apesar de procurar desesperadamente um brilho perdido, tudo é escuro e fosco. Assim, qualquer coisa poderá ser a sua centelha. Você poderá sair do buraco ao conhecer um tocador de tambor, de rua, e fará aquele vínculo inesperado. A energia retornará. Então, você ará a se importar.
Tudo que antes não lhe causava espanto ará a ser fundamental. Você se dará conta de como a sociedade é injusta, de como você poderia ocupar o seu tempo criativamente, de como a vida, no fundo, faz sentido. Este é o mote do filme O visitante. Não desista. E se desistir, dê uma chance ao acaso.
Fu Lana pergunta-se: deveria fugir de casa para se encontrar? Matar a família e ir ao cinema? Fazer as pazes com uma amiga de infância? Sente palpitações no peito e falta de ar. Estaria à procura de um médico ou de uma agem para lugar nenhum? Na verdade, chegara aos 50 e não sabia que essa agem seria vertiginosa. Em queda livre. É uma sensação física. Em O visitante, a vertigem chega a ser tediosa de tão lenta. Porém, quando o cara enconta o fim do pavio, surge uma reação
Se o cinema é seu caminho, não pule as quintas-feiras. Encare o espelho e a telinha. Sempre que der, viva o drama e o sucesso dos outros, mas procure construir o seu. Assim, viverá sempre mais um pouquinho.