Talvez não dê mais tempo

Por Fernando Puhlmann

A Liberdade de escolha é um presente,

mas a responsabilidade é o preço."

Mário Simões

Este pode parecer, mas não é um texto ideológico, é um texto de um profissional da comunicação que se prepara para a maior batalha da vida em termos profissionais, e vos digo: Senhores e Senhoras, preparem-se também, porque o que veremos a partir de hoje nunca enfrentamos na vida.

Sem teoria da conspiração, sem ranço político, sem posição ideológica, sem construção de narrativa, estamos diante de um desafio que a humanidade nunca enfrentou: a união de três homens dispostos a qualquer coisa para tentar subverter a humanidade aos seus interesses pessoais. O Presidente do país mais poderoso do planeta, o homem mais rico da história, detentor do X e que está negociando o TikTok e a pessoa que controla praticamente toda a comunicação digital escrita da Terra - Facebook, Instagram e Whatsapp.

Vocês conseguem imaginar o poder que esse trio terá a partir de hoje sobre a comunicação do planeta? Podendo subverter informações, se alimentar de dados de forma infinita, criar a narrativa que quiserem, contra quem quiserem e a hora que quiserem.

Tu podes até me dizer: Mas eu não trabalho com comunicação online. OK! E como tu acha que a economia que sustenta o teu cliente e que por consequência te sustenta, vai sobreviver em um mundo totalmente inseguro em termos de comunicação?

O jogo é pesado, muito pesado, talvez a gente não tenha noção do quanto o é e será muito mais a partir de agora. E dessa vez não é uma questão de direita ou esquerda, é uma questão de transformar o mundo em refém de um trio que pode praticamente tudo se mantiver unido e com objetivos traçados pelos três.

A união dos BRICS com a União Europeia será mais do que necessária para estabelecer limites políticos nessa guerra tecnológica que se avizinha. A isenção do Google/YouTube (dentro do possível) e dos meios de comunicação tradicionais, será vital para que possamos ter um certo controle mínimo do que será espalhado pelo mundo.

Marcas anunciantes terão um papel fundamental neste controle também, associar sua história a Fake News será um tiro no pé a médio/longo prazo, lembrando que uma das funções principais para as marcas no digital é criar um marketing de relacionamento, e mentiras destroem qualquer relacionamento, seja no mundo real ou no virtual. Ninguém gosta de ser enganado, traído.

O poder judiciário será outro pilar importante nessa luta pela verdade, não permitir que as redes sobre controle deste time destruam reputações de pessoas e marcas será fundamental para segurança de todos e aí entra outro ponto, vocês já imaginaram uma marca que atua há anos no Instagram, construiu lá seu público e engajou esse, domina a plataforma, sabe como ele reage e o que deve postar, perder essa rede por ela ser suspensa a partir de Fake News reiteradas ou discurso de ódio não controlados? Isso pode acontecer no momento que a checagem cai e ficamos à mercê de notas de usuários.

Se listarmos as redes sobre controle do trio, termos o Face, o Insta, o Whats, o X e provavelmente o TikTok, todas muito utilizadas por mim, por vocês e pelas marcas. Todas imensas e que consomem boa parte da verba do digital em qualquer planejamento de comunicação, seja de mídia, seja de produção de conteúdo para relacionamento. Das gigantes do digital, fica fora dessa lista apenas o YouTube.

E se em um "canetaço ", gerado por erro e/ou imprudência das RS, tudo que se construiu até agora cair? Tu estás preparado para isso? Por enquanto o YouTube permanece fora deste raio, se colocando ainda como uma rede segura, que mantém o sistema de checagem humana e de IA, as outras correm risco iminente de serem suspensas. Olhem o peso disso.

Os desafios na produção de conteúdo digital serão imensos nos próximos meses, talvez anos, a insegurança de se a rede que tu operas estará lá amanhã ou não, também.

Surgirão outras redes? Teremos força política e econômica suficiente para frear essa avalanche que bate na nossa porta? Não sei, o que me cabe nesse momento é continuar apostando no que é real, a checagem do YouTube, a força da união dos BRICS (uma frente realmente poderosa) com a União Europeia (sempre muito vigilante com a questão digital) e um judiciário que possa, dentro da lei, limitar os discursos de ódio criados por pessoas com caráter duvidoso.

Qual a minha esperança? Tem ego demais para pouco senso comum nesse trio, e isso pode quebrar a aliança, mas até lá, teremos que ser vigilantes a cada o.

O 2025 tem tudo para ser um marco na história da liberdade da comunicação, como disse uma vez o Lelê Bortholacci: Gosto de crises nas redes sociais, elas me ajudam a entender quem deve seguir ali e quem eu devo excluir.

Não seja e nem deixe a tua marca, ou a que tu cuidas, ser quem foi " excluído", pois talvez não dê tempo mais para voltar.  A história não costuma anistiar quem escolheu o lado errado dela e muito menos quem ficou esperando "para ver no que dá".

Autor
Sócio-cofundador da Cuentos y Circo, Puhlmann é um dos principais especialistas em YouTube do país, com um olhar focado em possibilidades de faturamento na plataforma e uma larga experiência em relacionamento com grandes marcas do mercado de entretenimento. Além de diretor de Novos Negócios da CyC, tem também no seu currículo vários canais no país, entre eles o do escritor Augusto Cury, do Gov Eduardo Leite, Natália Beauty e do Grêmio FBPA, sempre atuando como responsável pela estratégia de crescimento orgânico dos canais. Já realizou palestras sobre a nova Comunicação juntamente com diretores do YouTube Brasil como a abertura do 28º SET Universitário da Famecos-PUCRS, o YouPIX/SP e o Workshop YouTube Gaming Porto Alegre. Desde 2013, Puhlmann ministra cursos, seminários e oficinas sobre YouTube, tendo mentorado mais de 30 canais nos últimos anos.

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