Somos malas?

Na semana ada, o técnico da seleção brasileira, numa conversa lateral, durante uma coletiva e após uma pergunta de um repórter gaúcho, chamou de …

Na semana ada, o técnico da seleção brasileira, numa conversa lateral, durante uma coletiva e após uma pergunta de um repórter gaúcho, chamou de malas os nascidos nestes pagos, entre os quais, acredito, o ijuiense Dunga deve ter-se incluído.


A mídia local embalou a infeliz afirmativa como fato relevante e destinou importante espaço ao tema.


Houve jornal que entrevistou algumas celebridades locais acerca do assunto, afinal, saber se somos realmente malas é um assunto que merece agendamento, não é mesmo?


Nesta mesma semana já citada, completou um mês a edição de Veja com o tema Big Bang na capa. Nesta edição, há uma matéria sobre o deputado federal gaúcho, ex-prefeito de Santa Cruz do Sul, que naquela época estava assumindo a presidência do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.


Eu sei, a Veja é na ótica de muitos formadores de opinião uma revista malévola. Dá emprego ao Diogo Mainardi; noticia a corrupção desenfreada do governo Lula e denunciou ministros do governo que violaram sigilos, traficaram influência, entre outras coisitas mais. Em suma, de acordo com estes formadores de opinião a revista tem uma caixa de maldades para atacar a impoluta figura de nosso líder maior e seus aliados.


Na matéria da Veja, o ex-prefeito gaúcho é acusado de lenocínio, receptação de jóias, agressão, tendo, segundo a revista, ameaçado jornalistas quando interpelado sobre estes assuntos. A esposa do deputado, ex-primeira-dama do Município de Santa Cruz do Sul, também é citada na reportagem como cúmplice. Ela é deputada estadual em nossa Assembléia.


As acusações feitas por Veja são gravíssimas. Se mentirosas, requerem uma retratação, processo judicial e tudo mais. Se verdadeiras, não deveriam apenas impedir o político de presidir o Conselho de Ética - pareceria piada pronta - mas, implicaria um processo de cassação.


Preocupa-me menos o aspecto político desta situação: a condescendência com a falta de ética só tem crescido no Brasil. O que apavora, no entanto, é o silêncio da imprensa local acerca do tema, a falta de vontade para tratar o assunto.


Por que não foram a Santa Cruz apurar a veracidade das informações? Os dados citados na matéria não são de difícil verificação. Que se vá ao local dos possíveis delitos e se entrevistem testemunhas dos fatos; que se vá às delegacias para identificar eventuais inquéritos; enfim, que se faça um trabalho de jornalismo.


Caso contrário, ficaremos lendo opiniões de especialistas em generalidades acerca de quão malas somos.


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A Rádio Gaúcha tem inovado em suas jornadas esportivas: trouxe um comentarista de arbitragem formado por escola oficial, convidou famosos locais para a cabine nos jogos em Porto Alegre , abriu espaço à interatividade, entre outras recentes novidades.


Aqui vai uma sugestão para mais um avanço: que se tenha um aluno ou aluna que esteja nos últimos anos do ensino fundamental na cabine para dirimir certas dúvidas.


Este participante teria sido importante na transmissão do jogo do Inter no último sábado, pois, sem grande dificuldade, poderia dirimir a dúvida da equipe acerca do cálculo das dimensões dos gramados do Ipatingão e do Beira-Rio.

Autor
André Arnt, diretor da Coletiva EAC, é de empresas, consultor e professor universitário. Coordenou cursos de pós-graduação nas áreas de negócios e marketing. Atua como consultor em estratégia empresarial. É colaborador da Coletiva.net.

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