Será que a culpa é só da natureza?
Por Renato Dornelles

Moradores de boa parte do Estado reviveram, nesta semana, as dificuldades provocadas por temporais. Cada vez mais constantes, os eventos com chuvas e ventos fortes têm castigados os gaúchos. E, desde maio do ano ado, com o agravante do trauma deixado pela enchente que assolou várias cidades.
Ainda que a força da natureza esteja por trás, é inegável que os municípios, incluindo Porto Alegra, estão longe de um preparo para situações como essas e, o que é pior, não há perspectivas de que venham a ser preparados. E as tempestades estão se tornando cada vez mais comuns.
As ruas em poucos minutos ficam alagadas e intransitáveis. Sinaleiras deixam de funcionar. E a energia elétrica não resiste a qualquer ventania. E como sabemos, em reações em cadeia, falta luz, água, internet, telefonia (o que, assim como a energia elétrica, mostra que o problema não é apenas do poder público, mas também da iniciativa privada).
E quando andamos pelas ruas, vemos com facilidade o motivo da falta de energia, de sinal de internet e de serviço de telefonia a cada ventania. A maior porcentagem da rede de cabeamento elétrico e telefônico é aéreo. Além das questões estéticas, esse tipo de sistema deixa as redes muito vulneráveis a ações do vento e de queda de árvores.
Pelo visto, seguiremos ainda durante muito tempo sofrendo com as consequências de temporais e ouvindo autoridades culparem exclusivamente a força da natureza sem, por exemplo, se quer citarem algum projeto de efetivo progresso, como o de migração do cabeamento elétrico do aéreo para o subterrâneo.