Será que a culpa é só da natureza?

Por Renato Dornelles

Moradores de boa parte do Estado reviveram, nesta semana, as dificuldades provocadas por temporais. Cada vez mais constantes, os eventos com chuvas e ventos fortes têm castigados os gaúchos. E, desde maio do ano ado, com o agravante do trauma deixado pela enchente que assolou várias cidades.

Ainda que a força da natureza esteja por trás, é inegável que os municípios, incluindo Porto Alegra, estão longe de um preparo para situações como essas e, o que é pior, não há perspectivas de que venham a ser preparados. E as tempestades estão se tornando cada vez mais comuns.

As ruas em poucos minutos ficam alagadas e intransitáveis. Sinaleiras deixam de funcionar. E a energia elétrica não resiste a qualquer ventania. E como sabemos, em reações em cadeia, falta luz, água, internet, telefonia (o que, assim como a energia elétrica, mostra que o problema não é apenas do poder público, mas também da iniciativa privada).

E quando andamos pelas ruas, vemos com facilidade o motivo da falta de energia, de sinal de internet e de serviço de telefonia a cada ventania. A maior porcentagem da rede de cabeamento elétrico e telefônico é aéreo. Além das questões estéticas, esse tipo de sistema deixa as redes muito vulneráveis a ações do vento e de queda de árvores.

Pelo visto, seguiremos ainda durante muito tempo sofrendo com as consequências de temporais e ouvindo autoridades culparem exclusivamente a força da natureza sem, por exemplo, se quer citarem algum projeto de efetivo progresso, como o de migração do cabeamento elétrico do aéreo para o subterrâneo.

Autor
Jornalista, escritor, roteirista, produtor, sócio-diretor da editora/produtora Falange Produções, é formado em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) (1986), com especialização em Cinema e Linguagem Audiovisual pela Universidade Estácio de Sá (2021). No Jornalismo, durante 33 anos atuou como repórter, editor e colunista, tendo recebido cerca de 40 prêmios. No Audiovisual, nos últimos 10 anos atuou em funções de codireção, roteiro e produção. Codirigiu e roteirizou os premiados documentários em longa-metragem 'Central - O Poder das Facções no Maior Presídio do Brasil' e 'Olha Pra Elas', e as séries de TV documentais 'Retratos do Cárcere' e 'Violadas e Segregadas'. Na Literatura, é autor dos livros 'Falange Gaúcha', 'A Cor da Esperança' e, em parceria com Tatiana Sager, 'Paz nas Prisões, Guerra nas Ruas'. E-mail para contato: [email protected]

Comments