Rotina ou arrojo?

Será que chega um dia na vida em que cansamos e achamos tudo igual? Este dia seria o da síndrome do DNA (Data de …

Será que chega um dia na vida em que cansamos e achamos tudo igual? Este dia seria o da síndrome do DNA (Data de Nascimento Antiga)? Ou seja, estamos inevitavelmente ficando velhos? Porque não sei, estou me sentindo um pouco assim. Parece que está cada vez mais difícil ver coisas realmente diferentes.


Me pus a pensar se, de tanto inventar, criar e imaginar, não chegaríamos a um dia em que tudo já tivesse sido inventado. Que tudo já tivesse sido criado. Seria o dia da chatice final. Mas acho que não. Confio demais na criatividade, na imaginação, em especial quando falamos de povos como o brasileiro.


Às vezes bate aquela sensação de que tudo já está visto, que era isto. Mas aí surge algo novo. Surge um walkman. Surge uma máquina digital. Surge um livro novo do Domenico de Masi, sobre criatividade. Surge uma Bienal do Mercosul. E surge uma velha e sempre nova Feira do Livro.


A vida não tem muito ritmo, não. Ela alterna períodos e períodos. Períodos de intensidade e conquistas. E períodos de marasmo e derrotas. A frase "Nada como um dia depois do outro" é muito correta justamente pelo fato de resumir a vida. Muitas, aliás, são as frases neste sentido. "Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima".


A vida está mais para uma sinfonia de Beethoven, que alterna momentos de grande vibração e intensidade com outros de calmaria, talvez melancolia e beleza. Assim é que vivemos. Claro, tem a rotina. "Todo dia ela faz tudo sempre igual". Mas a rotina serve muitas vezes para mascarar emoções e fatos mais fortes. Ou talvez até a rotina exista para nos dar segurança. Para que saibamos que as coisas podem ocorrer para lá e para cá, mas que temos a rotina, assim como temos nosso endereço, nossa casa.


Uma partida de futebol atrai tanto exatamente porque ela pode levar da glória ao fracasso em 90 minutos. Um erro fatal, como o de um goleiro ou zagueiro, é o caos. Já uma jogada brilhante e um gol, é a glória. Tudo pode acontecer.  É um resumo da vida. Mas mesmo em um jogo, onde tudo pode acontecer, tem regras. E muitas. Para que, como na vida em sociedade, saibamos que caminho seguir, quais limites a obedecer.


A vida é meio como o coração da gente, que bate uma vez forte, outra vez fraca. Talvez se ouvíssemos, como diz a música, a "voz que vem do coração", entenderíamos que assim deve ser a vida. Ora intensa, vibrante, forte, ora mais fraca, branda e amena. O difícil mesmo é dosar cada batida.

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