Reflexões ligeiras sobre a eleição

Por Flávio Dutra

- A disputa presidencial foi entre duas seitas: o Bolsonarismo com "Deus acima de tudo" e o Lulismo com "ele voltará";

- Constatação: os resultados foram vitória da política e não do Marketing político;

- Louve-se o esforço dos lulistas para não parecerem surpresos com  os resultados; registre-se o sorriso, como se fossem vencedores, dos bolsonaristas;

- Reversão de expectativas: vitória de Bolsonaro no Sudeste e de Lula no Norte. No caso, vantagem para Bolsonaro;

- Lula vitorioso no exterior; na Venezuela deu Bolsonaro;

- Bolsonaro fez bancada no Senado, centro de importantes decisões, inclusive no enfrentamento do STF;

- Os grandes derrotados foram - de novo - os principais Institutos de pesquisa;

- A explicação para a distorção dos dados das pesquisas em relação à realidade pode ser o voto constrangido à direita e à esquerda, que as pesquisas não captam;

- Mas como explicar o tal Intervalo de Confiança das pesquisas eleitorais. As pesquisas que erram e as que acertam têm os mesmos 95% de confiança; 

- Que Intervalo de Confiança mais inconfiável !

- Já os analistas televisivos fazem um esforço danado para explicar as distorções das pesquisas;

- As votações da Simone Tebet e do Ciro Gomes mostram que estava certo quem afirmou que a terceira via era mais anseio da mídia e não do eleitorado;

- Não adianta brigar com os números: o  bolsonarismo elegeu ex-ministros e deputados em todos os estados e todos com grandes votações;

- E brigar com Bolsonaro também não ajuda: que o digam ex-aliados como Mandetta e outros bem menos votados;

- As urnas resgataram a Lava Jato com a eleição de Sérgio Moro e Dallagnol no Paraná;

- O voto também pune: velhas lideranças como Requião, Álvaro Dias e Romero Jucá foram sepultadas;

- O voto pune também os partidos. O que é o encolhimento do PSDB!;

-  Toda a campanha tem seu candidato folclórico, como Eneás e Cabo Daciolo. Desta vez foi o Padre Kelmon, figura tão bizarra e fake que vai virar cult;

- Já pela persistência, Eymael merecia um mandato; e Ciro a aposentadoria;

- O custo do voto: cada voto de Lula custou R$ 1,59 (gasto de campanha de R$ 91.210.452,00 /57.210.752 votos); Bolsonaro ficou em 0,82 (R$ 42.347.391,39/51.060.265 votos);

- O voto mais caro foi o dos eleitores da SoraIa: R$ 57,06 (R$ 34.273.440,72/ 600.637 votos);

- Que susto, pra não usar uma palavra mais chula, do Edegar Pretto no Eduardo Leite: a diferença entre eles foi de apenas 2.491 votos;

- A votação do centrista Leite indica que ele foi vítima da polarização esquerda x direita que tomou conta do país;

- Quem os petistas vão apoiar aqui no segundo turno?;

- Mas não adianta acordo entre caciques se o eleitor decidir o contrário;

- O Pretto eleito foi o Adão, que herdou o nome do pai e concorreu a deputado estadual;

- Gestos símbolos de campanha: arminha de Bolsonaro, o 'L' de Lula e os dedos nodosos do Olívio;

- Mas, como os jingles, só funcionam para a própria militância;

- O carismático Olívio já perdeu para o Lasier e agora para o Mourão em disputas para o Senado;

- O voto útil para o Senado funcionou no RS e elegeu Mourão;

- Agora vem a campanha para valer. Primeiro turno foi aquecimento.  Fortes emoções pela frente.

Autor
Flávio Dutra, porto-alegrense desde 1950, é formado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), com especialização em Jornalismo Empresarial e Comunicação Digital. Em mais de 40 anos de carreira, atuou nos principais jornais e veículos eletrônicos do Rio Grande do Sul e em campanhas políticas. Coordenou coberturas jornalísticas nacionais e internacionais, especialmente na área esportiva, da qual participou por mais de 25 anos. Presidiu a Fundação Cultural Piratini (TVE e FM Cultura), foi secretário de Comunicação do Governo do Estado e da Prefeitura de Porto Alegre, superintendente de Comunicação e Cultura da Assembleia Legislativa do RS e assessor no Senado. Autor dos livros 'Crônicas da Mesa ao Lado', 'A Maldição de Eros e outras histórias', 'Quando eu Fiz 69' e 'Agora Já Posso Revelar', integrou a coletânea 'DezMiolados' e 'Todos Por Um' e foi coautor com Indaiá Dillenburg de 'Dueto - a dois é sempre melhor', de 'Confraria 1523 - uma história de parceria e bom humor' e de 'G.E.Tupi - sonhos de guri e outras histórias de Petrópolis'. E-mail para contato: [email protected]

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