Quem tem medo do Irã?..

Quinhentos incidentes envolvendo contrabando de armas atômicas já foram registrados, segundo o jornal El Pais. Fora aqueles que não constam de nenhuma lista. Sob …

Quinhentos incidentes envolvendo contrabando de armas atômicas já foram registrados, segundo o jornal El Pais. Fora aqueles que não constam de nenhuma lista. Sob esta ótica, é fácil ver como o Irã adiantou tanto seu programa nuclear, detectado em 2003.  Por que, no caso do iraniano, o Conselho de Segurança da ONU adia qualquer deliberação, sejam ameaças ou sanções?        


A primeira semente do affaire iraniano foi lançada por Washington ainda em 1971, dentro do programa "Átomos para Paz". Incluiu o então seu amigo e aliado, o Xá do Irã, Mohammad Reza Pahlevi. Três anos depois, Pahlevi considerou o petróleo como um produto nobre demais para ser utilizado para aquecer casas ou fazer funcionar fábricas: "Nós planejamos produzir, assim que possível, 23 mil mega-watts de eletricidade utilizando centrais nucleares".


Os colaboradores


A melhor cobertura foi a do Le Monde, e por ela sabemos que, em 1974, a França entra com seu programa Eurodif com o objetivo de suplantar os americanos na mesma concorrência. O Xá paga US$ 1 bilhão para a França. Em 1979, com a chegada dos aiatolás, fogem os técnicos da Sociedade Alemã Kraftwerk Union, uma filial da Siemens, que estavam trabalhando numa centrar nuclear, desde 1986, em Le Boucher, na orla do Golfo Pérsico. A firma sa Framatone também retira-se do projeto.


Após a queda da URSS, é em Le Boucher que se encontram milhares de técnicos e cientistas russos (El País não revela o número). Mas são escudos humanos para as intenções de Washington e Israel de bombardear Le Boucher, apesar da oposição de senadores americanos. Os aiatolás, seguem com o projeto. Em 1995, Boris Yeltsin, preocupado com problemas financeiros, não hesita em polpudos contratos que podem ter envolvido armas atômicas. A China, em 1978,  fornece uma centrífuga de urânio. Estes são os vendedores conhecidos.


Enquanto isto, em Washington


O Comitê Econômico Conjunto, bipartidário, e um dos quatro permanentes no Congresso, chegou à conclusão que o Irã possui extensas reservas de petróleo que tornavam dispensável a energia nuclear. Foi chamada Condoleezza Rice, Secratéria de Estado, que, interrogada sobre se o Irã representava um perigo para os Estados Unidos naquele momento, respondeu: "O Irã de fato representa um desafio e uma ameaça consideráveis nos nossos interesses naquela região". Além das ambições nucleares de Teerã, Rice citou o apoio ao grupo iraniano Hezbbollah, que os EUA consideram um grupo terrorista. E ainda de fornecer cobertura aos extremistas palestinos, e às milícias xiitas no sul do Iraque. "Se vocês forem capazes de pegar tal situação e multiplicá-la centenas de vezes, poderão imaginar um Irã com uma arma nuclear, e visualizarão o que o país representa para aquela região".


Ópera bufa


Nesta ópera bufa não poderia faltar um Arlequim, embora não tão inofensivo. É um Arlequim do mal. Trata-se de Hermann Khan, que estaria confinado pela presidência paquistanesa em uma luxuosa mansão. Se não for uma ficção, Khan é o líder da rede Khan, montada para contrabando e transmissão de tecnologia para centrais nucleares. A do Irã, por exemplo, levaria a "marca de Khan". Suas atividades incluiriam a Coréia do Norte, a Líbia e o próprio Paquistão. Por que os Estados Unidos, com sua diplomacia, não pedem a extradição deste misterioso Khan, se ele existe? Ou outra fórmula para trazê-lo ao centro dos acontecimentos? Os EUA apenas dizem que o Paquistão é seu aliado.


Esta aparência real ou fictícia de fraqueza americana, além de outros fatores desconhecidos, permite que o presidente iraniano Mamoud Ahmadineja insista em que seu país não aceitará pressões lideradas pelos EUA: "Eles sabem que não podem infligir a menor culpa sobre a nação iraniana. Eles sofrerão mais e estão vulneráveis"..Apenas as conhecidas ameaças árabes?

Autor

Comments