Saiu em notícia no site da BBC: os funcionários públicos da provínica de Hubei, no centro da China, são obrigados a fumar uma cota determinada de cigarros. Aqueles que se recusarem serão multados. Estranha matéria, estranha determinação, mundo mais louco.

Tal maluca determinação atenta naturalmente contra a liberdade individual dos cidadãos chineses. Além de terem que fumar, são obrigados a consumir determinadas marcas específicas. Ou seja, além de não poderem deixar de fumar, ainda têm que consumir produtos determinados.

Sei que vou ser xingado pelos médicos até a minha última geração, mas há um lado nesta lei que eu acho bom. Quer dizer, não é nem na lei, mas na ruptura. O fato de ir totalmente contra o que está acontecendo. Isto é necessário. E sabe por quê? Porque nos faz pensar. Faz a gente parar e se perguntar: "Será que eu estou indo realmente na direção correta?" Porque há várias situações ao longo da vida em que agimos no que se chama de automático e deixamos de fazer aquilo que de melhor o ser humano tem: refletir, questionar, inquirir, duvidar. Porque é daí que sai a evolução.

Tem ainda um outro aspecto, muito importante. Está tão chata a patrulha?bah. Não se pode mais ser nem um pouco politicamente incorreto, em desacordo com a turma do politicamente correto. A gente tem que fazer tudo certinho, ser bonito, loiro, alto, magro, ter sucesso profissional, ser bom de cama. Tem que fazer tudo certo, ser bom cidadão e estar sempre feliz. Uma ova! Porque novamente eu digo: quando a gente começa a fazer tudo no automático, perde-se o que temos de mais humano, a dúvida. E há um aspecto importantíssimo. As pessoas se colocam por trás de alguns escudos e fazem verdadeiros horrores ali atrás. Veja a farra das agens. Veja o escândalo do Detran. Veja a putaria generalizada que cidadãos que vendem uma imagem de defensores da moral e dos bons costumes fazem quando a luz se apaga.

Não gosto de hipocrisia. E, aqui pra nós, NINGUÉM tem uma vida totalmente correta, sem pensamentos impuros e atos nada nobres. É do ser humano, faz parte da condição humana. Não foi por acaso que criaram aquela imagem dos dois bonequinhos, um anjinho e um diabinho, um em cada ombro, que vivem a nos assoprar seus conselhos. Chega de hipocrisia, gente. Vamos assumir a nossa humanidade, reconhecer nossas asneiras quando as fizermos e também assumirmos que, embora sejamos humanos, às vezes ficamos com vontade de agir como animais.